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INSA/MCTI desenvolve projeto relacionado a obtenção de variedades de maniçoba para alimentação animal
Difusão técnica e científica sobre maniçoba
O Instituto Nacional do Semiárido (INSA), Unidade de Pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), por meio da área de Produção Animal, vem desenvolvendo desde 2019, o projeto “Obtenção de acessos de maniçoba para alimentação animal”.
O projeto é fruto de uma necessidade do uso de forrageiras nativas ou adaptadas no período de escassez de alimento na região semiárida, e tem como objetivo estudar a obtenção de acessos de maniçoba com menores teores de ácido cianídrico (HCN). Esse trabalho vem sendo desenvolvido junto aos agricultores da região através dos pesquisadores do INSA/MCTI.
Cada vez mais as plantas da Caatinga têm despertado a curiosidade dos pesquisadores, a respeito da sua utilização como fonte de alimento para os animais durante o ano, em especial, no período de escassez de alimentos, principalmente aquelas com potencial forrageiro, uma vez que, pela sua extensão e sua diversidade de espécies vegetais, o bioma torna-se a principal fonte de recursos alimentar para a maioria dos rebanhos da região semiárida nordestina.
No caso da maniçoba, que é uma espécie nativa da família Euphorbiaceae, bastante difundida no Nordeste, a planta é considerada muito adaptável, devido a crescer em áreas abertas e desenvolver-se em diferentes tipos de solos: tanto nos calcários, como também naqueles com pouca profundidade e pedregosos.
Por outro lado, apesar da potencialidade forrageira da maniçoba, é comum o receio dos agricultores pelo uso dessa planta para a alimentação animal, devido sua toxicidade quando fornecida in natura. A planta contém glicosídeos cianogênicos que, ao se hidrolisarem, mediante a ação da enzima linamarase, dão origem ao ácido cianídrico (HCN), que pode causar a intoxicação e morte dos animais. Porém, quando fenada ou ensilada, a maniçoba perde sua toxicidade e não apresenta riscos aos animais que a consomem.
Para melhor entendimento de seu potencial forrageiro, podemos observar na tabela abaixo alguns resultados das composições químico-bromatológica da maniçoba obtida em quatro municípios do estado da Paraíba.
Como mostrado na tabela, os teores de matéria seca (MS) da maniçoba foram baixos, levando em consideração que existem plantas com percentuais mais elevados, como é o caso do Feijão bravo que possui 55% de MS. Esse teor de matéria seca é resultado da desidratação do alimento ao ponto de perder toda água presente em sua composição, fazendo com que os seus nutrientes fiquem mais concentrados, favorecendo desta forma as análises bromatológica e o balanceamento da ração.
Em relação aos teores de proteína bruta (PB) da Maniçoba, observa-se um elevado percentual deste nutriente obtido nas plantas de diferentes municípios. Mesmo se tratando de diferentes lugares as plantas se mostraram bem próximas em relação aos teores de PB, sendo considerada uma excelente forragem. Porém, seu uso exige um certo cuidado devido sua composição possuir compostos Cianogênicos.
Para tanto é importante a adoção de técnicas no preparo de conservação desta forragem para alimentação dos animais. A proteína por exemplo, é um dos nutrientes de maior importância na alimentação dos seres vivos sendo indispensável para o crescimento, reprodução e a produção animal.
Para execução do projeto Obtenção de acessos de maniçoba para alimentação animal, estão sendo realizados ensaios e experimentos na casa de vegetação, no campo e no laboratório de cultivo in vitro do INSA/MCTI.
Atualmente, o projeto já passou pelas seguintes etapas:
- Avaliação de crescimento de maniçoba e pornunça sobre diferentes tipos de diâmetro de estacas;
- Avaliação de crescimento e desenvolvimento de raiz de maniçoba sobre diferentes tipos de substratos (aves, bovinos e caprinos);
- Avaliação de crescimento e produção de maniçoba em ambiente de ocorrência natural;
- Instalação de um banco de acesso de maniçoba na Estação Experimental do INSA/MCTI;
- Métodos de germinação em câmara de BOD no laboratório de cultivo in vitro.
Estes estudos têm a participação de agricultores da região, com doação de material vegetativo e disponibilidade de locais para montagem de experimento em suas propriedades rurais. Além das etapas citadas anteriormente, o projeto também realizará eventos para a difusão tecnológica junto aos produtores/as, como oficinas, dias de campo, seminário para divulgar os resultados e minicursos.
Os resultados esperados com a realização do projeto, incluem:
- Capacitação de produtores, técnicos e estudantes, com técnicas de implantação e manejo de bancos forrageiros e conservação de forragens;
- Realização de eventos sobre a melhoria dos sistemas de produção e utilização da maniçoba na alimentação animal;
- Difusão e construção do conhecimento por meio de artigos científicos, documentos técnicos e vídeos publicados em páginas institucionais e nas redes sociais, com acessos gratuitos para o público-alvo do projeto e para toda a sociedade do Semiárido brasileiro;
- Seleção de acessos de maniçoba com menores teores de ácido cianídrico (HCN).
Os interessados em participar do estudo, podem enviar e-mail para jose.costa@insa.gov.br ou entrar em contato pelo telefone (83) 9 9607-0706 (whatsapp)/ (83) 3315-6464. O pesquisador responsável pela coleta dos dados é o bolsista/PCI José Henrique Costa.
Pesquisador responsável: Geovergue Medeiros