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Geoparque Seridó no Rio Grande do Norte entra para Rede Global da UNESCO
As Marmitas do Rio Carnaúba em Acari (RN) são formadas pela erosão fluvial e abrigam inscrições rupestres de grande valor arqueológico - Foto: Getson Luís / Seridó UNESCO Global Geopark
O Dia do Geólogo, comemorado em 30 de Maio no Brasil, celebra a aprovação do PL nº 2028/1960, origem da Lei nº 4076 de 1962, que regulamenta a carreira dos profissionais que atuam nos diversos ramos da Geologia, área das Ciências Naturais e das Ciências da Terra que compreende atividades como a pesquisa mineral, petrologia, hidrogeologia, geologia ambiental, ecoturismo, entre outras.
No último dia 13 de Abril dois projetos de preservação geológica e desenvolvimento sustentável brasileiros, a área dos Caminhos dos Cânions do Sul , localizada entre os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul e do Geoparque Seridó , situada no centro-sul do estado do Rio Grande do Norte, passaram a integrar oficialmente o Programa Internacional de Geociências e Geoparques , durante a assembleia da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).
Com a oficialização o Geoparque Seridó passou a ser o segundo território localizado na região do Semiárido a compor a Rede Global de Geoparques, dezesseis anos após o Geoparque Araripe (CE) ter se tornado o primeiro representante das Américas na lista mundial. Atualmente existem 177 sítios reconhecidos pela UNESCO, espalhados por 46 países, que somados abrangem uma área de 370.662 km², o que equivale ao espaço territorial do Japão.
O QUE É UM GEOPARQUE?
O título de Geoparque é concedido às regiões que concentram características particulares e de grande destaque para o patrimônio geológico, que compreende o conjunto de paisagens, rochas, fósseis, relevos, solos e corpos d’água de uma região. Contribui para a escolha das candidaturas a implementação de estratégias para a conservação da diversidade cultural e biológica das localidades, buscando o envolvimento das comunidades em ações educativas e de divulgação científica, assim como iniciativas de desenvolvimento sustentável e de turismo ecológico.
GEOPARQUE SERIDÓ
Com sede na cidade de Currais Novos, o Geoparque Seridó possui uma área total de aproximadamente 2,8 mil km² e é administrado por um consórcio intermunicipal de 6 cidades potiguares: Acari, Carnaúba dos Dantas, Cerro Corá, Currais Novos, Lagoa Nova e Parelhas. Inserido nas microrregiões Serra de Santana, Seridó Oriental e Seridó Ocidental estima-se que cerca de 120 mil pessoas vivam atualmente na região, que também abriga populações quilombolas, como a Comunidade Boa Vista dos Negros, na região de Parelhas, responsáveis pela preservação das memórias e práticas culturais de seus antepassados.
Em dezembro a Festa de Nossa Senhora do Rosário reúne comunidades de Jardim do Seridó e Boa Vista dos Negros. Foto: Isabela Barbosa / Grupo CIRS UFRN
A área do Geoparque encontra-se atualmente dividida em 21 Geossítios, locais que guardam marcas das mudanças geológicas e geomorfológicas pelas quais o planeta Terra passou e que, atualmente, prestam serviços ecossistêmicos, ou seja, contribuem para o bem-estar humano em várias frentes, entre elas a formação e retenção de solos, ciclagem da água, bem como outros fatores essenciais para a manutenção da biodiversidade no Semiárido.
Alguns dos Geossítios combinam elementos de interesse arqueológico e paleontológico, tais como as pinturas rupestres e fósseis de megafauna de tatus e preguiças gigantes, que datam de 10 mil anos, encontrados em Serra Verde no município de Cerro Corá. Há também atrativos de interesse mineralógico e cultural, como na mina de Brejuí em Currais Novos, responsável pela maior produção de scheelita (tungstato de cálcio) da América do Sul, sendo esse um minério muito utilizado na produção de motores, turbinas e aparelhos de raio-x .
Registros em paredes de quartzito no Geossítio Xiquexique em Carnaúba dos Dantas. Foto: Marcos Nascimento / Seridó UNESCO Global Geopark
No parque há também locais com atributos geomorfológicos (referente às características das formas do relevo) e hidrológicos importantes, como a Nascente do Rio Potengi, origem do nome da capitania hereditária “Rio Grande” ou de interesse geomorfológico e petrológico, como é o caso do Vale Vulcânico, que abriga vestígios do desmembramento das placas tectônicas da América do Sul e da África no período Cretáceo (há 145 milhões e 66 milhões de anos).
Disjunção colunar resultado do processo de arrefecimento do magma presente no Vale Vulcânico em Cerro Corá (RN). Foto: Marcos Nascimento / Seridó UNESCO Global Geopark
As primeiras iniciativas para a implementação de um Geoparque no estado do Rio Grande do Norte começaram em 2010, com ações de mapeamento do patrimônio geológico coordenado pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM), o Ministério de Minas e Energia (MME) e a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Já o processo de candidatura ao status de Geoparque Mundial começou em 2019, tendo sido temporariamente interrompido em função da pandemia, com a última etapa de vistorias e elaboração de laudos técnicos concluída em novembro de 2021. Os sítios membros da Rede Mundial de Geoparques passam por um processo de revalidação a cada quatro anos e são estimulados a estabelecer relações de colaboração e troca de experiências com seus pares transnacionais.
Com informações de Ministério de Minas e Energia , Geoparque Seridó , UNESCO , Portal UFRN e Projeto Troncos, Ramos e Raízes (UFRN) .
Pesquisador responsável: Ricardo Lima