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Alternativas apropriadas para a criação de galinha caipira no Semiárido
A criação de galinha caipira, é uma ótima alternativa para o Semiárido brasileiro, pois além de ser um animal de pequeno porte, sendo possível a sua criação em pequenas áreas, a galinha caipira necessita de pouco alimento e água para viver; diferentemente de grandes animais como os bovinos.Segundo o Instituto da Pequena Agropecuária Apropriada – IRPAA (2021), enquanto um bovino adulto pode necessitar de até 53 litros de água e 10 kg de matéria seca por dia, uma galinha consome em média 200 ml de água e até 120 gramas de ração, pode ser suficiente. Por outro lado, em um curto espaço de tempo, no caso da galinha caipira com cerca de 06 meses, já se terá o retorno com a produção de ovos e carne, que poderá ser utilizado para o consumo da família, e também para a comercialização.
Apesar de ser uma atividade que demonstra bastante viabilidade para ser desenvolvida no Semiárido, a forma como as aves são criadas, principalmente no que diz respeito à alimentação é determinante, pois esse fator pode torná-la inviável. É bastante comum as pessoas verem o milho, enquanto grão, como única alternativa de alimentação para as galinhas, isso muitas vezes torna essa atividade inviável, primeiramente porque o milho não é uma cultura apropriada ao clima do Semiárido - sendo comum se ter baixa produção, levando a uma elevação do preço - e segundo, porque a galinha ao ser alimentada apenas com milho, tende a diminuir a postura de ovos, sendo este um produto fundamental tanto para a alimentação da família, como para a comercialização, e até multiplicação da criação das aves.
Neste sentido, a família de Geraldo e Vagna, residentes na Comunidade Riachão Velho, no município de Itainópolis – PI, que compõem um dos agroecossistemas incluídos na pesquisa do Programa de Capacitação Institucional (PCI) 2019-2023, através do Instituto Nacional do Semiárido (INSA), vem utilizando alternativas apropriadas de criação de galinha caipira, as quais potencializam a rentabilidade dessa atividade.
Utilizando a produção do próprio agroecossistema, Geraldo e Vagna alimentam suas galinhas com cana, capim de corte (elefante), folhas, caule e raiz de macaxeira, além da palma, sendo que a cana, o capim, as folhas e o caule da macaxeira são triturados na forrageira, utilizando tanto o capim e cana, como também capim, folhas e caules de macaxeira, sendo que segundo ambos, são consumidos 35 kg desse composto por dia, para a alimentação de 70 aves.
Através do Projeto Semiárido Produtivo, executado pelo Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (IRPAA), com o financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a família foi contemplada com uma chocadeira e um galinheiro, o que tem facilitado a reprodução e o manejo das aves, já que com esses investimentos adquiridos, as galinhas agora têm um maior tempo para postura, uma vez que não precisam chocar os ovos, e o galinheiro é utilizado para pôr os pintos nas primeiras semanas de vida, e também as aves adultas que são presas no período do plantio do roçado - que caso soltas, podem prejudicar a plantação.
Conforme estudo realizado no agroecossistema em setembro de 2020, utilizando o método LUME/Análise econômica ecológica de agroecossistemas, desenvolvido pela AS-PTA, constatou-se através da análise econômica do mesmo, que o subsistema aves, gerou um resultado de produção incluindo as vendas e consumo da família de 2292 ovos, e 20 aves, tendo rendido R$ 1.160,00 no período analisado, que corresponde de janeiro a dezembro de 2019.
Embora os números acima não pareçam tão expressivos do ponto de vista financeiro, o subsistema de criação de aves do agroecossistema de Francisco Geraldo e Vagna, tem uma importância muito grande no que se refere ao autoconsumo da família, pois somente no período analisado que corresponde de janeiro a dezembro de 2019, a família consumiu 1092 ovos, sendo assim o segundo produto mais consumido na alimentação da mesma.