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V CONBRAU
Próximo passo após lançamento do e-book é o mapeamento nacional das áreas úmidas
Foto: Vicente de Souza
Após o lançamento do e-book do Inventário das Áreas Úmidas Brasileiras, o trabalho agora será realizar o mapeamento dessas áreas. Para isso, é necessária a união de esforços de pesquisadores e instituições, assim como aconteceu para a produção do Inventário, que foi lançado no V CONBRAU. O e-book "Inventário das Áreas Úmidas Brasileiras: Distribuição, ecologia, manejo, ameaças e lacunas de conhecimento" é fruto do trabalho de 95 pesquisadores, de diversas regiões do Brasil, e reúne uma ampla classificação dessas áreas, com informações sobre sua ecologia, ameaças e os desafios para seu manejo.
A Doutora em Ecologia e Conservação da Biodiversidade, Stela Amaral Gonçalves do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Áreas Úmidas (INCT - INAU), explica que a partir do lançamento do Inventário, existe, agora, uma base para seguir com o mapeamento. "Até então, tivemos iniciativas isoladas de pesquisadores e instituições de mapeamento, mas agora precisamos unificar esse trabalho. Para isso é preciso definir uma metodologia baseada em geoprocessamento, em sensoriamento remoto sólido, principalmente para o Pantanal, que tem uma particularidade muito específica. É necessário um cuidado muito maior com Pantanal, em relação aos outros biomas, por conta do nosso pulso de inundação".
Ela ressalta que, somente com a união de forças será possível a realização do mapeamento. "Precisamos unir forças. Agora, com o inventário, o INAU propõe essa integração e a definição sobre como fazer o mapeamento. Precisamos reunir todos os atores, como pesquisadores, instituições, MapBiomas, Ministério do Meio Ambiente, para fazer um grande banco de dados, e a partir desse banco de dados, definir a melhor metodologia para fazer o mapa das áreas úmidas do Brasil".
"Existem hoje muitas técnicas de sensoriamento remoto para fazer o mapeamento. Para definir uma única técnica é bem complexo, por isso é necessário reunir o número máximo de envolvidos. O importante é ter as classes bem definidas. No caso das classes é a própria classificação de áreas úmidas proposta e aceita nacionalmente que está no inventário. Porque esse é o maior gargalo. Existem muitos mapeamentos das áreas úmidas em vários locais, mas cada uma com uma classe distinta, não aquela baseada na classificação nacional. Precisamos padronizar isso, baseados nas técnicas de sensoriamento remoto e produtos cartográficos disponíveis", completa a pesquisadora.
De acordo com Stela, o próximo passo é definir a metodologia com os atores, as instituições, os pesquisadores que já foram acionados durante a elaboração do e-book. "Vamos mobilizar os mesmos autores (pesquisadores) do e-book, para juntar forças e concentrar na parte de cartografia. Para mapear é necessário essa parte de dados georreferenciados, que não temos uma base única. Além de outras pessoas que queiram participar. Estamos sempre abertos para debater o tema, para sair esse mapa nacional das áreas úmidas".
Com o mapeamento será possível traçar o plano de conservação e recuperação das áreas úmidas brasileiras. "Quando tivermos esse mapeamento em mãos, poderemos ver o que precisa ser restaurado e quais são as áreas que ainda estão íntegras, porque nós não temos esses dados hoje, não sabemos onde essas áreas estão".
Ela destaca ainda que o Pantanal necessita de uma atenção especial devido às suas características diferenciadas. Além disso, no mapeamento é necessário incluir não somente a área do bioma, para toda a Bacia do Alto Paraguai, isto é, todo o planalto que circunda o Pantanal. "Pensando não somente no recorte do Pantanal, levamos em consideração a parte do planalto, que é onde nasce a água que alimenta, é a 'caixa d'água do Pantanal. Nosso recorte especial sempre será a Bacia do Alto Paraguai e não somente o limite do bioma (Pantanal) definido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)", informou. O e-book Inventário das Áreas Úmidas Brasileiras já está disponível para consulta no site: www.inau.org.br.