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Estudo destaca o impacto dos incêndios e a importância das áreas úmidas para os anfíbios do Pantanal
Pseudis platensis/Foto: Leonardo Moreira
A presença de anfíbios no Pantanal vem sendo afetada por uma complexa relação entre o fogo e os tipos de cobertura do solo. Esta é a conclusão do estudo realizado por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisa do Pantanal (INPP), publicado no último dia 27 de novembro, na revista científica Amphibia-Reptila.
Leonardo Moreira, Doutor em Ecologia, e Natália Smaniotto, Mestra em Ecologia e Conservação da Biodiversidade, são bolsistas do Programa de Capacitação Institucional (PCI) e trabalharam em parceria com pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG).
Em conjunto, os pesquisadores analisaram dados de estudos ecológicos de anfíbios no Pantanal, realizados entre 2000 e 2021, e investigaram a abundância de três espécies de anfíbios, a cobertura de solo e os atributos do fogo em 34 áreas. Como resultado, descobriram que a interação entre a cobertura do solo e os regimes de fogo influencia diretamente a abundância dos anfíbios na região.
A pesquisa aponta que quando mais de 20% de uma área é queimada, a quantidade de anfíbios declina drasticamente e que as áreas úmidas favorecem o aumento da abundância de espécies. O Dr. Leonardo Moreira explica que determinadas características da história natural desses animais possuem grande peso nos resultados encontrados.
“Durante a época de seca, muitas áreas úmidas do Pantanal acabam secando e os anfíbios lidam de diferentes formas com essa mudança. Enquanto algumas espécies, como Pseudis plantensis, migram para áreas que ainda mantém água, outras buscam abrigo em cupinzeiros ou mesmo tocas já escavadas, como é o caso das espécies Chiasmocleis albopunctata e Scinax acuminatus”, detalha Leonardo.
Os pesquisadores pretendem investigar como as mudanças nos tipos de cobertura do solo e na frequência do fogo impactam não só os anfíbios, mas também espécies de répteis do bioma, já que tendências regionais apontam para um Pantanal mais seco nas próximas décadas, em função da mudança climática em andamento e aumento na intensidade de conversão das áreas naturais.