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V CONBRAU
Áreas Úmidas e o Aquecimento Global: Pesquisador aponta que muitos organismos estão desenvolvendo estratégias para se adaptarem às mudanças climáticas
Foto: Vicente de Souza
Áreas Úmidas e o Aquecimento Global: Perspectivas Científicas foi o tema central de uma das mesas redondas que integraram a programação do V Congresso Brasileiro de Áreas Úmidas (V CONBRAU), realizado no período de 16 a 18 de outubro, em Cuiabá, no Instituto Nacional de Pesquisa do Pantanal (INPP). Durante a mesa redonda, os cientistas apresentaram trabalhos que mostraram os impactos do aquecimento global e das mudanças climáticas em seus campos de atuação.
Com o tema "Áreas Úmidas e extremos climáticos - O papel da dispersão em organismos aquáticos", o Prof. Dr. Leonardo Maltchik, da Universidade Federal do Rio Grande (FURG), mostrou como organismos aquáticos estão se adaptando aos chamados extremos climáticos, como períodos de intensas chuvas ou extrema estiagem.
"As mudanças climáticas estão afetando dois grandes modelos climáticos: a temperatura e também a questão da precipitação e nós estamos trabalhando nas estratégias dos organismos para ver como eles se desenvolvem nesse cenário, para ver quem vai ficar e quem não vai ficar. Tem áreas que irá chover menos e tem áreas que vai chover mais. Por exemplo, no campo que eu estudo, isso vai fazer com que os modelos hidrológicos, pelo menos das poças temporárias, elas vão ficar com mais tempo de água ou com menos água. Isso pode afetar os organismos. Então, as lagoas que são secas ficarão mais úmidas, isso vai fazer com que muitos organismos que têm estratégias muito fortes para enfrentar a seca deixem de existir, porque eles precisam desse momento da seca", explica Maltchik.
O pesquisador completa: "O aquecimento global também já afeta o comportamento dos organismos e dos animais. Por exemplo, eu estou no Rio Grande do Sul, e lá a temperatura está aumentando. Os animais da Mata Atlântica estão começando a descer mais para o sul do estado e estão invadindo o Pampa. Estamos estudando esse aumento espacial. Como essa migração dos organismos dos locais mais quentes começa a avançar, principalmente porque a temperatura no Sul do Brasil começa a esquentar. Então, esse é um modelo importante para entender essa migração espacial".
Leonardo Maltchik lembra das enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul no mês de maio, quando dezenas de municípios, incluindo a capital Porto Alegre, ficaram inundados por quase um mês, como um exemplo de extremo climático, destacando que o ser humano não está preparado para enfrentar esses eventos.
Ele conclui: "Temos muito que aprender com esses organismos que estão se adaptando, para que a gente possa se adaptar para o futuro, mas estamos muito despreparados neste momento para enfrentar essas crises".