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XV ENAPID: bioinspiração e inovação social são caminhos para um mundo mais sustentável
As novas tecnologias não irão salvar o mundo da destruição ambiental. Apesar de parecer apocalíptica, a afirmação, na verdade, propõe uma nova perspectiva para o desenvolvimento econômico sustentável, que alia soluções tecnológicas à inovação na forma de distribuir recursos pela sociedade. A provocação foi lançada pelos professores Celso Lage e Alexandre Guimarães na palestra de abertura do XV Encontro Acadêmico de Propriedade Intelectual, Inovação e Desenvolvimento (ENAPID), em 13 de setembro, no Rio de Janeiro.
A fala acompanha o tema deste ano, que é “Propriedade Intelectual como instrumento de estímulo ao desenvolvimento sustentável”.
Lage alertou que a degradação ambiental acompanha o aumento da renda per capita. Ou seja, é o “efeito colateral” do crescimento econômico. As tecnologias têm, sim, grande contribuição para reduzir os resíduos gerados, o consumo de matérias-primas e a emissão de gases do efeito estufa. Porém, os resultados serão insuficientes sem uma inovação social. É preciso ações para elevar a distribuição de renda e a educação, assim como diminuir o consumo.
Bioinspiração
O caminho da bioinspiração é proposto por Guimarães, que está desenvolvendo esse conceito em suas pesquisas na Academia do INPI. Segundo ele, trata-se de um método de busca e aprendizado de soluções e maneiras de se viver bem em conexão amorosa com a mãe Terra. A ideia de maternidade é trazida para reforçar o vínculo dos seres humanos com a natureza, conformando um todo indissociável. O conceito reforça a necessidade de a humanidade sair do pensamento individual e utilitarista dos recursos naturais.
O professor seguiu traçando a evolução do conceito de desenvolvimento econômico, inicialmente medido pelo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). Depois, passou-se a outras referências: a distribuição do PIB pela sociedade (Índice de Gini, que mede o grau de concentração de renda em certo grupo social); a paridade do poder de compra (que mede quanto uma moeda pode comprar em termos internacionais, de forma a equalizar a comparação entre países); e o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH, que inclui renda, saúde e educação).
“O mundo avança com a ideia de desenvolvimento. Porém, ainda consumimos recursos em uma velocidade maior que o planeta tem para se regenerar”, afirmou Guimarães.
A bioinspiração seria buscar exemplos da natureza para solucionar problemas humanos de uma forma que preserve a biodiversidade e sirva para toda a sociedade. Dentro da pesquisa conduzida pelo professor, o INPI participa de expedições científicas para identificar produtos de comunidades locais que possam gerar registros de Indicação Geográfica (IG), podendo impulsionar inovações e retorno econômico.
Mesa de abertura
O presidente do INPI, Júlio César Moreira, abriu o XV ENAPID apontando que a nova política industrial do governo federal contempla a sustentabilidade em todos os seus eixos. Infraestrutura, moradia, energia e outros áreas podem dar contribuições para um crescimento comprometido com o futuro das próximas gerações. A propriedade intelectual também, na medida em que gera valor para populações, produtos e serviços. Ele mencionou o papel das IGs e das marcas coletivas para produtores locais e comunidades tradicionais.
Moreira ainda listou iniciativas do INPI: a recente Comissão de Sustentabilidade e Bioeconomia; as mentorias em IG; o Programa de Logística Sustentável; e os Radares Tecnológicos, que são estudos para embasar políticas públicas, como, por exemplo, a edição sobre hidrogênio verde.
Outro convidado foi Ricardo Boclin, conselheiro da Associação Brasileira da Propriedade Intelectual (ABPI), que ressaltou a parceria com o INPI para realizar o Prêmio Patente do Ano.
O XV ENAPID é gratuito e acontece entre 13 e 15 de setembro, no auditório da sede do INPI, na rua Mayrink Veiga 9, Centro, Rio de Janeiro. O INPI também transmitirá o ENAPID ao vivo pelo canal do YouTube.
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