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INPI concede IG para café das montanhas do Espírito Santo
O INPI publicou, na Revista da Propriedade Industrial (RPI) de 4 de maio, a concessão da Indicação Geográfica (IG), na espécie Denominação de Origem (DO), para os cafés produzidos nas Montanhas do Espírito Santo. A região é formada por 16 municípios capixabas (Afonso Claudio, Alfredo Chaves, Brejetuba, Castelo, Conceição do Castelo, Domingos Martins, Iconha, Itaguaçu, Itarana, Marechal Floriano, Rio Novo do Sul, Santa Maria de Jetibá, Santa Teresa, Santa Leopoldina, Vargem Alta e Venda Nova do Imigrante).
Com a concessão, o Brasil passa a contar com 11 IGs para o café de diferentes regiões do País, sendo quatro DOs e sete Indicações de Procedência (IPs). Incluindo todos os produtos e serviços, já foram concedidas pelo INPI 87 IGs, sendo 25 DOs (16 nacionais e nove estrangeiras) e 62 IPs (todas nacionais).
Na documentação enviada ao INPI pela Associação de Produtores de Cafés Especiais das Montanhas do Espírito Santo, foram apresentados os fatores naturais e humanos do meio geográfico que influenciam as características do café da região. Como fatores naturais, destacam-se altitudes que variam de 500 a 1.400m, temperatura média anual de 18 a 22ºC e pluviosidade média anual entre 1.000 e 1.600mm. Os fatores humanos incluem plantio e colheita do café com método predominantemente artesanal, além de herança familiar e cultural da região.
Ainda com base na documentação, a altitude dos solos é o atributo natural de maior influência sobre as características do café das Montanhas do Espírito Santo. Enquanto regiões mais elevadas apresentam notas mais exóticas, em regiões de menor altitude foram perceptíveis notas mais amadeiradas, de cereais e adstringentes ao paladar.
Por sua vez, as temperaturas amenas da região permitem que o amadurecimento dos frutos seja mais gradativo, o que gera melhores condições para que a planta possa sintetizar substâncias que irão permitir maior expressão dos sabores dos cafés.
O tipo de processamento (via úmida ou natural) é outro fator que influencia o perfil sensorial dos cafés. Estudos conduzidos na região demonstraram que os cafés processados por via úmida, principal método empregado, apresentaram notas de melado de cana, frutas vermelhas e caramelo, entre outras, além de sabor suave e finalização média. Já os cafés processados de forma natural apresentaram notas de vinhoso, frutas amarelas e chocolate, entre outros, além de sabor intenso e finalização prolongada.
Também cabe ressaltar que a produção de café na região mantém, em grande parte, a herança local, com predomínio da pequena propriedade, agricultura familiar e trabalho realizado de forma majoritariamente artesanal. A miscigenação cultural das unidades familiares produtoras de café, formadas principalmente por descendentes de portugueses, alemães e italianos, com seus respectivos saberes, contribui como mais um elemento de diferenciação da região.