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Bragança (PA) conquista Indicação Geográfica para farinha de mandioca
O INPI publicou, no dia 18 de maio, a concessão da Indicação Geográfica, na espécie Indicação de Procedência, para a farinha de mandioca da região de Bragança, que engloba os municípios paraenses de Augusto Corrêa, Bragança, Santa Luzia do Pará, Tracuateua e Viseu.
Com esse registro, chega a 89 o número de Indicações Geográficas protegidas no Brasil. Entre elas, são 64 Indicações de Procedência (todas nacionais) e 25 Denominações de Origem (16 nacionais e nove estrangeiras).
A farinha de Bragança
Segundo a documentação apresentada ao INPI no processo de IG, a relação entre Bragança e a produção de farinha de mandioca é tão antiga quanto a origem do município, uma vez que o produto já fazia parte do cotidiano dos índios que viviam na região. A partir do final do século XIX, o produto ganha mais espaço e vai se ampliando para os municípios vizinhos que também compõem a área delimitada da IG.
Ainda de acordo com a documentação, existe um método específico para o preparo da farinha de mandioca de Bragança, que é uma farinha d’água. O nome se justifica porque a mandioca precisa passar por um período de fermentação de quatro a cinco dias de molho em reservatórios, antes de ser descascada e colocada novamente de molho por mais 24h em água limpa. Em seguida, o produto é triturado e colocado no tipiti (utensílio indígena que funciona como uma prensa) ou em prensa comum, quando são separados o líquido (tucupi) e a massa da mandioca, que será escaldada e torrada em forno pré-aquecido.
A farinha de mandioca de Bragança é bem granulada e possui um sabor específico devido à fermentação e ao uso mais corrente da mandioca brava, que contém maior concentração de ácido cianídrico em sua composição e passa por um processo de redução desse teor para se tornar apta ao consumo humano. Além disso, a farinha possui uma textura crocante característica, que se deve ao processo de torra.
Segundo a documentação apresentada ao INPI, Bragança produz entre 800 e 850 toneladas de farinha de mandioca por mês e possui cerca de nove mil produtores locais. A produção da farinha se baseia na manutenção da produção tradicional, desenvolvida por mestres farinheiros nativos da região, o que fez com que o produto alcançasse reconhecimento nacional e internacional. Dessa forma, a farinha de mandioca é um patrimônio imaterial, símbolo da história e parte da cultura popular dessa região do Pará.