Notícias
Servidor do INPE/MCTI, chefe da missão satélite AMAZONIA 1 recebe homenagem da Agência Espacial Brasileira
No dia 11 de fevereiro, o servidor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), unidade do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) , Adenilson Roberto da Silva, foi homenageado pela Agência Espacial Brasileira (AEB) nas comemorações de seus 28 anos de atividades.
Entendendo a importância desse reconhecimento, a direção viu a necessidade de esclarecer detalhes relevantes a menção honrosa com uma breve entrevista.
SECOM: ‘’Gostaríamos de saber se o Sr. ficou surpreso e o que achou de ser chamado para receber essa homenagem, principalmente por ter sido uma comemoração dos 28 anos da AEB. Como você se sentiu ao ser homenageado por conta do projeto do AMAZONIA-1?’’
Adenilson : ‘ ’Cl aro que foi uma surpresa, uma surpresa bastante agradável e que de certa forma representa não só o reconhecimento a uma pessoa, mas eu acho que representa a dedicação de centenas de pessoas. Um projeto desse tamanho, dessa magnitude, não é feito com uma única cabeça, com uma única especialidade, representa um projeto multidisciplinar. Representa um projeto de trabalho multi-institucional, que a gente dependeu em diversos momentos de Instituições do Ministério (MCTI), da própria AEB (Agência Espacial Brasileira), da indústria nacional. Então, de fato uma homenagem como essa, associada ao AMAZONIA 1, não é uma homenagem a uma pessoa, mas sim a um grande feito que como brasileiros, na minha opinião, deveríamos nos orgulhar do que nós conquistamos!’’
SECOM: ‘ ’Quais foram os principais desafios, ganhos e principais superações que toda a esquipe e você, como chefe da missão, precisou passar para que o projeto do AMAZONIA 1 tivesse todo esse sucesso que estamos vendo, principalmente ao receber essa homenagem?’’
Adenilson : ‘ ’ Olha , o projeto do AMAZONIA 1 é um projeto altamente complexo, como já comentei, ele envolve diferentes tecnologias, diferentes desafios e existe uma lógica muito simples: -Tudo aquilo que é novo para gente, se torna difícil e bastante complicado. Agora, considere algo novo no contexto de um projeto de satélite que tem que enfrentar temperaturas extremas em órbita de -100°C até +100°C, ou seja, um delta de mais ou menos 200°C, ainda suportando radiação espacial e um computador de bordo que em teoria, depois do lançamento ele tem que funcionar por quatro (4) anos sem nunca ser desligado. É esse o desafio que a gente teve que superar envolvendo todas as tecnologias. Então, o AMAZONIA 1 não é um milagre que ocorreu, ele é uma conquista incremental de ganhos e contribuições que cada um já deu em projetos anteriores. Nós fizemos, o INPE fez, o SCD 1 que é um satélite muito simples, mas nós fizemos por completo. Mas simples , se comparado com o AMAZONIA 1, mas teve e sempre terá os méritos e os ganhos que nós tivemos. Trabalhamos bastante na cooperação com a China, satélites CBERS, que é um Satélite muito complexo, mas algumas tecnologias eram fornecidas por chineses, não eram feitas por nós. No desenvolvimento da missão AMAZONIA 1 e do projeto Plataforma Multimissão passamos por todo o ciclo de desenvolvimento. Fazendo tudo aquilo que sabíamos e tudo aquilo que não sabíamos. Os desafios foram enormes, mas as pessoas tiveram vontade, dedicação e resiliência sabendo que nós poderíamos, e, nós conseguimos. Esse é um dos nossos grandes ganhos que tivemos, saber superar dificuldades em diferentes áreas e trabalhar em conjunto. Estou falando de muita gente, de gerações, mas tivemos também casos que , infelizmente, alguns colegas não tiveram a oportunidade de ver o sucesso que conquistamos.
SECOM: ‘ ’Qual a expectativa em relação ao futuro do projeto AMAZONIA 1, já que ele representa sucesso, em seu desenvolvimento, seu lançamento e em órbita? Qual é o futuro dele e quais são as expectativas?’’
Adenilson : ‘’ O AMAZONIA 1 nos trouxe ganhos em diferentes áreas, por exemplo não somente o satélite em órbita funcionando, mas nós ganhamos conhecimento nas áreas de integração, testes, controle, operação e aplicação. Enfim, ganhamos maturidade. Atualmente, estamos trabalhando em uma plataforma de menor porte, para atender demandas que não requeiram satélites do porte da PMM. A PMM está validada em voo e apresentou excelente desempenho, continua tendo as aplicações e aplicações para as quais ela foi projetada. Nós temos também alguns equipamentos reservas que foram comprados para compor a missão AMAZONIA 1, que esperamos que sejam utilizados em uma próxima missão que utilize a PMM como base então, em resumo, o AMAZONIA 1 foi um instrumento que nos colocou em outro patamar no desenvolvimento da engenharia espacial. Os desafios continuarão a existir, sempre vão existir, mas seguramente, do ponto de vista da engenharia, eu posso assegurar que estamos melhor preparados. ‘’
Entrevista realizada por Serviço de Comunicação Social - SECOM