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SECOM APRESENTA: Projeto Nowcasting
Neste episódio, a servidora Izabelly Carvalho da Costa, Chefe da Divisão de Previsão de Tempo e Clima do INPE explicará o Projeto Nowcasting. O projeto, conhecido também como Previsão Imediata ou de Curtíssimo Prazo, tem como objetivo pesquisar e desenvolver produtos e ferramentas úteis para o envio de alertas de curtíssimo prazo. A previsão na escala de tempo de minutos a poucas horas, tem o intuito de alertar a sociedade sobre eventos meteorológicos severos, como os que acontecem em decorrência dos fortes temporais.
As informações disponibilizadas atualmente no país, por meio das previsões de tempo e dos avisos meteorológicos, indicam áreas abrangentes com condições para ocorrência de tempestades. Muitas vezes essas áreas cobrem vários estados ou uma grande quantidade de municípios, e normalmente não é informado o horário de ocorrência e nem a intensidade do evento. Desta forma o Nowcasting se apresenta como um diferencial, pois o monitoramento utilizando como ferramenta principal o radar meteorológico possibilita enviar alertas com grande precisão de horário, tipo e intensidade desse evento, e quais localidades serão atingidas por uma determinada tempestade.
Costuma-se dividir o Nowcasting em fases: pré-convectiva, iniciação convectiva, maturação e previsão (extrapolação). Na fase pré-convectiva a ideia é fazer uma previsão do ambiente, antes da formação da tempestade, para avaliar o potencial de desenvolvimento de tempestades severas, utilizando informações provenientes de modelos numéricos e dados observados. Uma vez identificada a área com maior potencial de formação de tempestades, começa o monitoramento. Nesta fase são utilizados principalmente dados dos sensores remotos, satélites e radares meteorológicos. Inicialmente as nuvens poderão ser vistas a partir dos satélites, sensores que enxergam as nuvens a partir do espaço. Atualmente o INPE utiliza os satélites da série GOES, com imagens a cada 10 minutos, e dados de como está a atmosfera naquele momento em relação às nuvens que estão cobrindo, ou se formando, em uma determinada região.
Outra forma de observação é com sensores em superfície, os radares meteorológicos, muito usados para esse tipo de monitoramento. Neste caso faz-se um escaneamento da atmosfera, em geral a cada 10 minutos, com informações sobre o conteúdo de dentro das nuvens, como hidrometeoros, se tem água e o seu estado, se é mais densa, rasa ou profunda. Com isso o grupo de Nowcasting consegue concluir se é um fenômeno mais intenso, que pode causar tempo severo, ou se é um sistema menos intenso, como uma chuva passageira que não vai causar grandes danos.
Hidrometeoros são partículas em suspensão que contém água em sua forma líquida, sólida ou mista, em algumas camadas da atmosfera. O radar transmite um pulso de onda eletromagnética que interage com esse volume e é refletido, voltando como uma informação, com a qual é possível saber quais processos estão ocorrendo no interior da nuvem. O gelo dentro da nuvem pode ter outros nomes de acordo com o seu processo de iniciação, formação e crescimento, sendo o granizo normalmente observado quando acontecem tempestades mais intensas.
Em 2021, o grupo do INPE se reuniu com especialistas e professores de universidades do país para discutir como o Nowcasting deve ser implementado, e quais as diretrizes que devem nortear o processo, dado o tamanho do Brasil e sua extensão continental com diferentes regimes de precipitação. Nowcasting não é algo novo, mas no país não há instituições públicas trabalhando efetivamente nesse processo, como acontece em outros países. No âmbito da Rede Nacional de Meteorologia (RNM), constituída pelo INPE, INMET (Instituto Nacional de Meteorologia) e CENSIPAM (Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia), coube ao INPE a responsabilidade pela pesquisa e desenvolvimento de produto, e ao CENSIPAM a implementação do Nowcasting no país.