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SECOM Apresenta: Projeto Monitoramento de Infraestrutura e Obras Civis por Imagens de Satélites
Neste episódio o servidor Laércio Massaru Namikawa , da Divisão de Observação da Terra e Geoinformática, deste Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, apresentará o Projeto Monitoramento de Infraestrutura e Obras Civis por Imagens de Satélites .
Laércio conta que trabalha no desenvolvimento desse projeto que foi proposto pra fazer o monitoramento de infraestrutura e obras civis, por meio das imagens dos satélites brasileiros CBERS 4 e CBERS 04A. A ideia do projeto começou quando o INPE foi procurado pelo Tribunal de Contas do Estado do Paraná para verificar se era possível fazer um trabalho como esse, de realizar o monitoramento das obras, que é a tarefa principal do Tribunal.
Esse projeto tem o objetivo de verificar a possibilidade de utilizar as imagens dos nossos satélites para realizar o acompanhamento e verificação do andamento das obras.
Se a obra está sendo realizada, se está dentro do prazo, se ela foi finalizada, inclusive se tem capacidade também de fazer a medição da quantidade de trabalho que foi realizado para poder ser quantificado, e verificar se o valor que está sendo pago para as empreiteiras está correto ou não.
A ideia principal do projeto é uma aplicação pioneira de utilização dos dados existentes das imagens do CBERS04 e CBERS 04A, além de técnicas de processamento de imagens muito simples para fazer a verificação das obras. “O que nós fazemos no INPE é colocar uma imagem do início da obra ou de antes do início da obra, e à medida que as imagens vão sendo obtidas pelo satélite, elas vão sendo comparadas com as imagens anteriores e verificar se a obra está sendo realizada ou não. ”
As imagens de uma das áreas de teste que o Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE/PR) solicitou, é a construção do hospital na cidade de Francisco Beltrão. Para esse hospital, foi buscado um conjunto de imagens dos satélites CBERS 04 e 04A, sempre buscando a imagem de resolução espacial mais alta: no caso do CBERS 04 é de cinco metros de resolução espacial, e o do CBERS 04A é de dois metros de resolução espacial. Com dois metros de resolução espacial ou cinco metros de resolução espacial, foi possível verificar que existe uma quantidade de imagens de aproximadamente a cada trinta dias ou a cada dois meses, no pior dos casos, e depois então é possível verificar nessa imagem a construção desse hospital.
O tecnologista explica: “neste trabalho que temos feito para o TCE do Paraná, aparece uma área inicial antes da construção do hospital, onde não tem nenhuma construção, simulando então que essa obra estivesse sendo acompanhada, as imagens seguintes vão mostrando o início das obras. É possível verificar então que começam a aparecer imagens brancas, que são as construções das obras de infraestrutura do hospital, inclusive usando imagens de dois ou de cinco metros de resolução, e então é possível verificar como essas obras foram avançando ao longo dos meses. Nesse caso temos vários meses de acompanhamento, podendo verificar como foi o avanço dessa obra. Existe também a possibilidade de empregar uma técnica simples de visualização e de extração de informação, comparando a imagem do antes e do depois para poder fazer medições, por exemplo, de quanto da área está construída. Tem imagens em que as áreas alteradas aparecem em cores diferentes, podendo-se fazer a medição dessas áreas para verificar com o projeto da obra que o TCE recebeu, e verificar se está dentro do que está sendo pago pela obra ou se está dentro do tempo planejado.
“O trabalho do hospital em Francisco Beltrão no Paraná é um exemplo, mas podemos fazer o mesmo com aeroportos, com pavimentação de estradas ou abertura de novas estradas. Estamos também trabalhando em outra aplicação junto com a Defesa Civil para fazer a verificação se tem construções novas em áreas de risco”, compartilha Laércio.
O servidor do INPE cita outro exemplo, de como o projeto pode melhorar a aplicação de recursos e, consequentemente reduzir o dispêndio, visando atender outras atividades importantes: a construção do Aeroporto no Rio Grande do Sul. “O contrato para a construção do Aeroporto foi assinado em dezembro de 2018, mas a obra só começou em 2020. Então o tempo que se levou até a obra começar, com certeza acarretou em um custo maior, porque provavelmente houve um reestudo dessa obra. Os custos são diferentes do que foi proposto inicialmente, então aqui nas imagens é possível ver que a partir da data em que a obra foi iniciada, ela ficou praticamente sem alteração durante quase 12 meses. Então somente 12 meses depois que podemos verificar que houve alguma alteração na construção dessa obra, relata o tecnologista do INPE. Apenas os Tribunais de Contas têm conhecimento do motivo do atraso das obras, mas teria se economizado recurso se ela tivesse sido realizada dentro do cronograma esperado. Outra ação do Tribunal de Contas é o acompanhamento da execução da obra, a fim de efetuar o pagamento pela execução da obra à medida que ela realmente vai acontecendo, a partir das imagens de satélite. É claro que os fiscais dos Tribunais de Contas podem ir às obras e fazer essas verificações, mas se há uma quantidade de obras muito grande é muito melhor você otimizar, fazer uma verificação remota, usando as imagens de satélite e depois atuar somente quando realmente as imagens indicam que existe algum problema com aquela obra”, conclui Laércio.
Laércio Massaru Namikawa possui graduação em Engenharia Eletrônica pela Universidade do Vale do Paraíba (1988), mestrado em Computação Aplicada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (1995) e Doutorado em Geografia pela Universidade Estadual de Nova Iorque (2006). É Tecnologista do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais desde 1983. Tem experiência na área de Ciência da Computação, com ênfase em Modelagem Ambiental e Processamento Gráfico, atuando principalmente nos seguintes temas: modelos dinâmicos espaciais, modelagem numérica de terreno, grades irregulares triangulares, modelagem hidrológica, sistemas de alerta para desastres naturais, cor e fusão em Sensoriamento Remoto.