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SECOM Apresenta: Projeto Banco de Testes com Simulação de Altitude (BTSA)
Neste episódio, o tecnologista Douglas Miranda Rodrigues, da Coordenação de Pesquisa Aplicada e Desenvolvimento Tecnológico, deste Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, apresentará o Banco de Testes com Simulação de Altitude (BTSA).
O objetivo do BTSA é testar e qualificar propulsores espaciais de pequeno porte, utilizados principalmente para satélites, mas também para controle de veículos lançadores.
O tecnologista explica: Nós testamos os propulsores que utilizam Hidrazina, Monometil Hidrazina e Tetróxido de Nitrogênio, ou seja, trabalhamos tanto com os combustíveis que são Hidrazina e Monometil Hidrazina, quanto também com os oxidantes, que é o caso do Tetróxido de Nitrogênio. A ideia é colocar os propulsores num ambiente de vácuo, representado nas câmaras de vácuo e simular qual será o comportamento desse propulsor, em um ambiente de vácuo de mais ou menos 10 -4 atm de pressão. Ou seja, simulando uma altitude aproximada de 130 km do solo. O propulsor é instalado e é realizada toda uma instrumentação para acompanhar o desempenho desse propulsor, de maneira que são medidos desde itens como temperatura, empuxo, pressão na câmara e outros vários dados, geralmente sempre presentes e outros às vezes adicionados, conforme o requisito do solicitante do teste.
Douglas se orgulha do BTSA ser o único laboratório desse tipo na América Latina: “hoje se alguém quiser testar um propulsor até 200 Newtons na região da América Latina, a primeira e mais razoável escolha é fazer esses testes aqui.” Ele continua: “existem outros bancos de testes? Sim, nós temos inclusive outros bancos de teste também, por exemplo, Banco de Teste em Condições Atmosféricas (BTCA), mas para o teste mais fino, o teste de qualificação, é preciso uma instalação mais robusta e construída para isso, que é o caso do BTSA, e nós atendemos não só o Brasil, mas também a região toda e nada impede que um cliente externo também queira testar aqui”.
O propulsor é basicamente o motor do satélite, existe o controle de atitude que é resumidamente tanto controlar a altitude do satélite quanto o giro do satélite, em outras palavras, no caso dos satélites de imageamento, que precisam de ajustes na posição por algum motivo, é preciso ter o propulsor iniciando o movimento e devido à falta de resistência encontrada no espaço, diferente de quando andamos de carro na Terra, é preciso fazer também uma propulsão reversa para frear, para cada acionamento existe um segundo acionamento, compartilha Douglas.
Todo esse funcionamento é realizado pelos propulsores associados aos demais sistemas do satélite, como a eletrônica embarcada, mas o propulsor é vital para executar os comandos para o satélite, e se ele não for qualificado corretamente de maneira primeiramente independente (antes de ser integrado ao satélite), ele pode afetar tanto uma fase mais avançada do teste, quanto afetar a própria missão. Lembrando que, testamos desde apenas modelos de engenharia até propulsores, que depois de qualificados são montados nos satélites (modelos de voo).
O banco de testes foi inaugurado em meados de 1999, com a presença do vice-presidente Marco Maciel. Foi inovador porque não existia outro sistema parecido no Brasil até então. “Foi um passo muito grande no sentido de desenvolvimento tecnológico, em termos de propulsores”. O BTSA conseguiu dar ao INPE a independência nos testes, e já não era mais preciso ir para fora do país para realizar os testes, e nem se gastar tanto para realizar essa qualificação.
Desde o início do BTSA, o Instituto preza pelo seu funcionamento de maneira a mantê-lo operante, atualizado ao longo do tempo, exigindo um nível de pesquisa e desenvolvimento avançado para entregar o desempenho necessário.
Douglas Miranda Rodrigues possui graduação em Engenharia de Produção Mecânica pela Universidade Federal de Itajubá, MBA em Gerência Empresarial pela Universidade de Taubaté, Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho pela Escola Politécnica da USP e Mestrado em Engenharia Mecânica pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho - UNESP. Cursando o Doutorado em Engenharia Mecânica pela UNESP. Atua como Tecnologista Pleno na Coordenação de Pesquisa Aplicada e Desenvolvimento Tecnológico (COPDT) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE. Engenheiro da Qualidade certificado pela American Society for Quality - ASQ, da qual também é Membro Sênior. Representante brasileiro no desenvolvimento de normalização na área espacial (normas ISO), especificamente no campo "Space Systems and Operations - Materials, Processes and Human Space Flight", sendo também Coordenador da Comissão de Estudos correspondente na ABNT (CB08/SC010/CE60). Tem experiência nas áreas de Engenharia de Produção, Engenharia de Segurança e Engenharia da Qualidade.