Satélite SPORT será lançado pela SpaceX

Desenvolvido em uma parceria entre Brasil e Estados Unidos, o nanossatélite SPORT (Scintilation Prediction Observations Research Task) está programado para ser lançado nesta terça-feira, 22 de novembro, por volta das 17h54 (horário de Brasília), como uma segunda janela de oportunidade de lançamento para 26 de novembro às 16h20 (horário de Brasília).

O satélite foi desenvolvido pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), pela Agência Espacial Americana NASA (do inglês, National Aeronautics and Space Administration), por universidades americanas, pelo Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais (INPE) e pela Agencia Espacial Brasileira (AEB) - os dois últimos unidades vinculadas ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI).

O lançamento será realizado pela SpaceX, , a partir do Kennedy Space Center, estado da Flórida (EUA). O planejamento das transmissões ao vivo pode ser visualizado, iniciando às 17h30 (horário de Brasília), no canal da empresa no YouTube através deste link https://www.spacex.com/launches/crs-26/.

O SPORT é um nanossatélite da categoria Cubesat 6U, classe 10kg, que tem o objetivo de gerar dados que vão auxiliar na compreensão do surgimento de bolhas ionosféricas. Os dados captados pelo satélite serão transmitidos para as estações terrenas do INPE e serão usados pelo Programa de Estudo e Monitoramento Brasileiro do Clima Espacial (EMBRACE), coordenado pelo INPE/MCTI.

Nos anos 1970, um grupo liderado pelo cientista José Humberto Andrade Sobral do INPE fez uma descoberta por meio de observações ópticas que contribuiu para o aumento do conhecimento científico sobre o clima espacial. Os pesquisadores detectaram a existência de bolhas de plasma na ionosfera, camada da atmosfera situada entre 60 quilômetros (km) e mil km de altitude. Logo foi seguido por outros colegas do INPE.

O satélite SPORT – Imagem: Sargento Roberto

Logo após o pôr do sol, volumes de gás ionizados chamados “bolhas de plasma” se formam na atmosfera superior e se estendem pelo espaço. Essas bolhas começam pequenas e crescem rapidamente em algumas horas. À medida que as bolhas crescem, elas podem impedir que os satélites se comuniquem com a Terra, bloqueando e distorcendo seus sinais em rádio. Os índices de intensidade de cintilação (amplitude e fase) das propagações de ondas em rádio são os indicadores mais eficazes para descrever o grau de perturbação ionosférica devido a irregularidades de pequena escala e bolhas de plasma. A previsão dessas bolhas é de extrema importância para todos os sistemas afetados pela propagação irregular das ondas em rádio. Os serviços de clima espacial como programa EMBRACE fazem a previsão da ionosfera para as próximas 24 horas porém, assim como outras nações, a inclusão da previsão das bolhas nos modelos é deficitária. A ciência desse processo está sendo desenvolvida no INPE e por vários grupos de especialistas no mundo. A missão do satélite SPORT foi concebida por cientistas da NASA e outras instituições americanas que visitaram o grupo de pesquisadores do INPE e reconheceram a importância que esse fenômeno tem para o Brasil e outras regiões do globo.

A missão SPORT vai medir em loco as variáveis do ambiente espacial para que as pesquisas evoluam sobre o conhecimento do estado da ionosfera antes, durante e depois das formações de bolhas. Além disso, conhecer melhor a relação das bolhas com a cintilação dos sinais em rádio. O EMBRACE já conta com um índice desenvolvido para uma previsão de curtíssimo prazo na formação das bolhas e deve evoluir muito com os resultados desta missão, para o bem do serviço brasileiro de previsão do clima espacial.

O satélite foi integrado e testado, pelas equipes do INPE e do ITA, nas instalações do Laboratório de Integração e Teste (LIT) do INPE, em São José dos Campos. No INPE, a coordenação das atividades realizadas ficou a cargo da Divisão de Pequenos Satélites.

A Coordenação de Rastreio, Controle e Recepção de Satélites do INPE também participa da Missão SPORT e será responsável pela operação do satélite. A infraestrutura terrestre desta Coordenação conta com as estações de rastreamento e controle em Natal e Cuiabá, em banda VHF/UHF e de estações em Cachoeira Paulista e Cuiabá para recebimento de dados de carga útil, em banda X.