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O real e o imaginário da Era Espacial pela ótica de inpeanos
O 54º Aniversário da chegada do homem à Lua é uma data especial para quem trabalha com o espaço, como é o caso do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Desde que foi criado em 1961 sua principal missão é a fabricação de satélites, desde sua concepção, construção, lançamento, rastreio e monitoramento, além de suas aplicações.
Como é trabalhar em um Instituto que constrói satélites? O que pensam os inpeanos sobre a era espacial e os desafios trazidos para a indústria nacional e para o INPE? Como estar em um ambiente altamente tecnológico e científico afeta o imaginário dos que aqui trabalham? O que significou a chegada do homem à Lua para cada colaborador que trabalha no INPE?
Para trazer luz a estas questões, vamos viajar pelo real e o imaginário na ótica de três inpeanos: Antonio Lopes Filho, um dos seis candidatos inpeanos a vaga de primeiro astronauta brasileiro; Cláudia Medeiros, a Claúdia Raios no Instagram, que em maio de 2023 escreveu uma matéria em quatro episódios sobre “O homem na Lua: passado, presente e futuro”, publicados no Jornal OVale; e Luiz Felipe Rezende, que além de pesquisador também escreve crônicas, e aquela intitulada “Minha nave amarrada numa goiabeira” fala sobre como a corrida espacial impactou suas brincadeiras de criança.
Boa leitura!
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No ano de 1982, em visita a Brasília, o Presidente americano Ronald Reagan ofereceu a oportunidade de um brasileiro participar de missão a bordo do ônibus espacial norte-americano Challenger em 1987, batizada de missão ostal-7. Como experimento a ser operado pelo astronauta brasileiro (a ser selecionado), foi identificado uma câmara multiespectral de observação da terra, que na época estava sendo desenvolvida pelo INPE dentro da Missão Espacial Completa Brasileira (MECB). Este experimento seria denominado Brazilian Remote Sensing Experiment - BRESEX. O acordo entre o INPE e a Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço dos Estados Unidos (NASA) foi formalizado em 6 de janeiro de 1984, e ainda deveria ter a aprovação da Comissão Brasileira de Atividades Espaciais (COBAE), entidade subordinada ao Conselho de Segurança Nacional.
Como consequência natural desta oportunidade para o INPE, engenheiros e físicos do Grupo de Sensores do INPE (atualmente, Grupo de Eletro-óptica), envolvidos no desenvolvimento da câmara multiespectral e especialistas em carga “útil” para manejá-la, passaram a ser considerados como potenciais candidatos ao posto de astronauta, fato que teve bastante repercussão dentro e fora do Instituto. Um exemplo é a reportagem publicada na Revista ISTOÉ de 29/2/1984. Os candidatos foram: José Dias de Matos, 26 anos na época, Antonio Lopes Filho, 28 anos, Mário Selingardi, 29 anos, Amauri Silva Montes e Marcus Antonius Andrade Siqueira, ambos com 30 anos. O sexto inpeano candidato a um voo no Space Shuttle era Paulo Pio Gabrielle Camilli, de 27 anos, que foi transferido do Departamento de Meteorologia para o de Aplicações Tecnológicas, tanto era o seu entusiasmo em ser o primeiro astronauta brasileiro. Infelizmente, com o acidente da Challenger em janeiro de 1986, esta negociação foi interrompida sem previsão de continuidade.
A maioria dos candidatos do INPE a astronauta viam esta possibilidade como remota, pois tinham consciência dos rigorosos exames físicos e psicológicos aos quais seriam submetidos; do exaustivo treinamento nos laboratórios da NASA, na Flórida, que também é um empecilho para ser considerado apto para voar; o aspecto político, pois, quando esta oportunidade se tornasse concreta, outras instituições reivindicariam o direito de indicar candidatos; entre outros.
Apesar da possibilidade de voar pudesse parecer tão distante para o servidor Antonio Lopes, e que este tenha declarado, na época, que se sentiria plenamente realizado somente com a oportunidade de trabalhar com o pessoal e nas instalações da NASA, nas palavras dele em julho de 2023 “pelo sim, pelo não, eu tentava defender minha candidatura, destacando nas entrevistas minha expertise em eletrônica e minha condição física como esportista. Para quem acompanhou a corrida espacial desde a infância, e que assistiu a chegada do homem à Lua aos 13 anos; que já se interessava por ficção científica na adolescência; que sempre teve interesse por tecnologia e que conviveu com a transição das válvulas eletrônicas para os transistores e destes para os circuitos integrados, da transição da régua de cálculo para as calculadoras científicas e do impacto provocado pelos primeiros computadores pessoais; por tudo isso, a mera indicação para candidato a astronauta foi motivo de orgulho”. Ele destaca, ainda, que “com o prestígio deste projeto, foi construído o prédio Sensores no INPE em São José dos Campos. E, nos anos 90, com o Experimento CCD Imaging Instrument Experiment - CIMEX, finalmente, tive a oportunidade de trabalhar com o pessoal da NASA e de visitar o Goddard Space Flight Center - GSFC em Greenbelt, Maryland/EUA, e o Jet Propulsion Laboratory - JPL em Passadena/EUA, e mais tarde, como todos sabem, um brasileiro teve a oportunidade de se tornar astronauta”.
A reportagem publicada na Revista ISTOÉ de 29/2/1984, está disponível na Biblioteca Digital do INPE .
A servidora da Coordenação de Rastreio, Controle e Recepção de Satélites (CORCR), Cláudia Medeiros, é engajada em atividades de ciência e tecnologia, e apaixonada pela área espacial. Sua trajetória acadêmica, científica e profissional, é singular. Licenciada em Física e mestre e doutora em Geofísica Espacial pelo INPE, também estudou relâmpagos na Pós-Graduação em Ciência do Sistema Terrestre, no INPE. Atualmente na CORCR trabalha como controladora de satélites, embora tenha passado por todas as etapas da fabricação de satélites, o que lhe confere uma vivência extraordinária na área. É autora do blog Mais que Raios, um canal de divulgação científica e tecnológica, e em março deste ano passou a assinar uma coluna no Jornal OVale ( https://sampi.net.br/ovale/claudia-medeiros ). Sua série de quatro episódios sobre “O homem na Lua: passado, presente e futuro”, publicados neste Jornal, trazem textos informativos, contando esta história com uma linguagem acessível, com conteúdo de qualidade, e destinado ao público do YouTube e Instagram.
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Luiz Felipe Rezende, da Divisão de Impactos, Adaptação e Vulnerabilidades, por trabalhar com pesquisa científica desde 2002 tem know how suficiente para falar não apenas sobre a Ciência em si, mas também sobre os bastidores e as pessoas que fazem a Ciência, e é o que faz com maestria nas crônicas que escreve em seu blog. Sua crônica “Minha nave amarrada numa goiabeira” fala sobre como a corrida espacial, que começou entre os Estados Unidos e a União Soviética na década de 60, impactou suas brincadeiras quando tinha 11 anos. Como ele fala em sua crônica, “Mas como era criança, queria transferir as viagens espaciais para as minhas brincadeiras. [...] Passei a construir naves com latas de leite ninho [...] e astronautas com papel laminado em tampinhas de garrafa”. Luiz Felipe acompanhava com interesse o mundo real e, por isso, era muito realista em suas brincadeiras. Para o lançamento do foguete “aprendeu a fazer pólvora caseira. [...] e para colocar a nave em órbita amarrava com os mesmos fios de lã da minha mãe, a minha nave no alto de uma goiabeira, de lá ela não caía, sem chance para a lei da gravidade”. E quando lia no jornal o horário da manobra de correção de órbita, seu grande momento mágico era “ir para o quintal escuro, [...] subia na goiabeira com uma lanterninha na mão e simulava com os astronautas sob o papel laminado as correções de órbita”.
Para ler a crônica de Luiz Felipe na íntegra, clique aqui .
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Voltando à 2023, ao 54º Aniversário de chegada do homem à Lua , é fato que todos nós continuamos orbitando pelo real e o imaginário que o avanço científico e tecnológico nos proporciona a cada dia, não só na área espacial, mas em todos as áreas do conhecimento. O INPE tem um papel relevante por manter acessa a paixão pela pesquisa e o desenvolvimento em todas as áreas em que atua. Isto permite que as pessoas em nosso país transformem sonhos em realidade para o benefício da sociedade como um todo.
O Serviço de Comunicação Social – SECOM agradece a estes três inpeanos, que compartilharam conosco um pouco de suas histórias e conquistas e, principalmente, por seu amor à Ciência e ao trabalho que realizam no INPE.
Serviço de Comunicação Social – SECOM
Coordenação do Gabinete – COGAB.