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NOTA CONJUNTA - PROGNÓSTICO CLIMÁTICO DE INVERNO
Características do Inverno
O inverno no Hemisfério Sul começa no dia 21 de junho de 2023, às 11h58, e
termina no dia 23 de setembro, às 3h50 (horário de Brasília). Climatologicamente, a
estação é marcada por um período menos chuvoso nas regiões Sudeste, Centro-Oeste
e em parte do Norte e Nordeste do Brasil. Por outro lado, os maiores volumes de
precipitação (chuva) se concentram no noroeste da Região Norte, leste do Nordeste e
em parte do Sul do País (
Figura 1a
).
A redução da chuva em grande parte do Brasil nesta época do ano é devido à
persistência de massas de ar seco, o que provoca a diminuição da umidade relativa do
ar e, consequentemente, favorece a ocorrência de queimadas e incêndios florestais,
bem como o aumento de doenças respiratórias.
Além da menor incidência de radiação solar, a estação também se caracteriza
pelas incursões de massas de ar frio vindas do sul do continente, provocando queda na
temperatura do ar e valores médios inferiores a 22ºC na parte leste das regiões Sul e
Sudeste do Brasil (
Figura 1b
).
A diminuição da temperatura pode ocasionar: i) formação de geada nas regiões
Sul e Sudeste e no estado do Mato Grosso do Sul; ii) queda de neve nas áreas
serranas e planaltos da Região Sul e, iii) episódios de friagem em Mato Grosso,
Rondônia, Acre e no sul do Amazonas. Além disso, no inverno, em função das
inversões térmicas no período da manhã, é comum a formação de nevoeiros e/ou
névoa
úmida
no
Sul,
Sudeste
e
Centro-Oeste,
com
redução
de
visibilidade,
especialmente, em estradas e aeroportos.
Figura 1 : Climatologia de: (a) precipitação (chuva) e (b) temperatura média do ar para o trimestre julho, agosto e setembro. Período de referência: 1981 – 2010. Fonte: INMET.
No
Oceano
Pacífico
Equatorial,
as
médias
mensais
da
Temperatura
da
Superfície do Mar (TSM) da área de referência para definição do evento
El Niño-
Oscilação
Sul
(ENOS),
denominada
região
de
Niño
3.4
(entre
170°W-120°W),
registraram valores de anomalias de TSM menores que -0,5°C desde agosto de 2020
até janeiro de 2023, indicando um longo período sob atuação do fenômeno
La Niña
.
Em março deste ano, foi confirmado o fim do fenômeno La Niña após três anos
de duração, indicando o início das condições de neutralidade. Porém, entre abril e
maio, foi possível notar um rápido aquecimento das águas do Pacífico Equatorial, se
estendendo desde a costa oeste da América do Sul até a parte central da bacia do
Pacífico Equatorial. Além disso, as condições de acoplamento entre o oceano e a
atmosfera se intensificaram nas últimas semanas, confirmando o início do fenômeno El
Niño,
como
declarado
pela
Administração
Nacional
Oceânica
e
Atmosférica
dos
Estados Unidos (NOAA, na sigla em inglês) neste mês.
Diversos modelos indicam alta probabilidade de persistência do El Niño nos
próximos meses. A previsão do modelo da APEC Climate Center (APCC), centro de
pesquisa sediado na Coreia do Sul, aponta para uma probabilidade acima de 90% de
permanência das condições do El Niño no inverno/2023, com chance de se prolongar até a primavera/2023. Além disso, o modelo também indica que o fenômeno poderá
variar de intensidade, sendo de moderada a forte (
Figura 2
).
Figura 2 : Previsão probabilística de ENOS do APCC. Fonte: APEC Climate Center.
Prognóstico Climático para julho, agosto e setembro/2023
Região Norte
Na Região Norte, a previsão climática CPTEC/INMET/FUNCEME indica maior probabilidade de chuvas abaixo da média em função dos impactos do fenômeno El Niño ( Figura 3a ). Apenas no extremo norte da região, há possibilidade de chuvas acima da média em áreas pontuais.
Já a temperatura do ar nos próximos meses deve ficar acima da média em
grande parte da região (
Figura 3b
). Vale ressaltar que a falta de chuva no sul da
Amazônia é muito comum entre julho e setembro e, considerando a alta temperatura e
a baixa umidade relativa do ar, a incidência de queimadas e incêndios florestais
aumenta. Ainda assim, não é possível descartar a ocorrência de eventuais episódios de
friagem nesta região devido à incursão de massas continentais de ar frio.
Região Nordeste
A previsão indica volume de chuva perto da média no interior nordestino, área que já enfrenta o período seco. No restante da região, a tendência é de chuvas abaixo da média, provavelmente, associadas aos impactos do El Niño ( Figura 3a ).
Ainda no inverno, a previsão indica predomínio de temperaturas acima da média
em grande parte do Nordeste (
Figura 3b
).
Região Centro-Oeste
Na Região Centro-Oeste, o período seco (climatologicamente) tem início a partir de maio e junho. Entretanto, nas últimas semanas, foram registradas chuvas acima da média em algumas áreas da região, principalmente, em Mato Grosso do Sul. A previsão para o inverno indica condições de chuvas abaixo da média climatológica (média histórica) em toda a região, com tendência de diminuição da umidade relativa do ar nos próximos meses, com valores diários que podem ficar abaixo de 30% e picos mínimos abaixo de 20% ( Figura 3a ).
As temperaturas tendem a se apresentar acima da média devido à permanência
de massas de ar seco e quente, favorecendo a ocorrência de queimadas e incêndios
florestais (
Figura 3b
).
Região Sudeste
Assim como no Centro-Oeste, o mês de junho costuma ser mais seco no Sudeste, porém, nas últimas semanas, foram observadas chuvas acima da média em algumas localidades, principalmente, em São Paulo. A previsão para o inverno no Sudeste indica predomínio de chuvas abaixo da média, porém, não se descarta a ocorrência de chuvas intensas próximas ao litoral sul da região devido à passagem de frentes frias ( Figura 3a ).
As temperaturas tendem a permanecer acima da média em grande parte da
região, porém, não se descarta a possibilidade de queda na temperatura média do ar
devido à entrada de massas de ar frio em alguns dias, podendo ocorrer formação de
geada em pontos isolados de regiões com altitude elevada (
Figura 3b
).
Região Sul
O prognóstico do CPTEC/INMET/FUNCEME para os meses de inverno indica o predomínio de chuvas próximas ou acima da média no Rio Grande do Sul e Santa Catarina. No Paraná, a previsão indica condições de chuvas abaixo da média ( Figura 3a ).
Temperaturas acima da média são previstas para a Região Sul na maior parte do
inverno (
Figura 3b
), porém, a incursão de massas de ar de origem polar, poderá
provocar declínio nas temperaturas em alguns dias, possibilitando a ocorrência de
geada em algumas localidades, especialmente, aquelas de maior altitude.
Figura 3 : Previsão de anomalias de (a) precipitação e (b) temperatura média do ar para o trimestre julho, agosto e setembro/2023, elaborada conjuntamente pelo INMET, CPTEC/INPE e FUNCEME.
Para maiores detalhes acesse: https://www.cptec.inpe.br/
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