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INPE/MCTI anuncia 2° ano de operação do satélite CBERS 04A
Hoje, 20 de dezembro de 2021, o Satélite CBERS 04A completa 2 anos de operação em órbita. O CBERS 04A é o sexto satélite de sensoriamento remoto desenvolvido no âmbito da cooperação técnico-científico firmada em 1988 entre o Brasil e a China. No Brasil, o desenvolvimento e operação dos satélites do Programa CBERS (China-Brazil Earth Resources Satellite, sigla em inglês) estão a cargo do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), unidade do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI).
Ao longo desses dois anos de operação em órbita, com vida útil projetada para, no mínimo, 5 anos o satélite vem fornecendo diariamente imagens de sensoriamento remoto do território nacional e de outras áreas do globo (com o uso do gravador a bordo) para monitorar o meio ambiente, recursos hidrológicos e oceânicos, desastres naturais e tecnológicos, acompanhar a expansão agricultura, florestas, geologia e desmatamentos, entre outras aplicações.
Nestes dois anos de operação o satélite já distribuiu a órgãos governamentais, instituições de ensino e iniciativa privada mais de 100.000 imagens. As imagens estão disponíveis para o público no catálogo do INPE e podem ser acessadas por meio de http://www2.dgi.inpe.br/catalogo/explore .
O CBERS 04A é um satélite de classe mundial, que leva a bordo três câmeras, sendo duas brasileiras (MUX e WFI) e uma chinesa (WPM). A multiplicidade de sensores permite ao CBERS 04A produzir imagens capazes de atender a diversas aplicações, como monitorar desmatamentos, queimadas, o nível de reservatórios, desastres naturais e tecnológicos, a expansão agrícola e o desenvolvimento das cidades entre outras. Cada câmera possui um nível de resolução capaz de gerar imagens no detalhamento necessário conforme a aplicação.
A câmera WPM, com resolução espacial de 2m na banda pancromática e 8m nas bandas multiespectrais, com revisita de 31 dias e faixa de imageamento de 92km, é ótima para estudos urbanos que requerem informações bastante detalhadas.
A câmera MUX possui resolução espacial de 20m, revisita de 26 dias, faixa de imageamento de 95km, quatro bandas no visível e infravermelho próximo, e produz imagens de alta qualidade, comparáveis às produzidas pelos melhores satélites de sua classe em todo o mundo, sendo indicadas para estudos hídricos, de vegetação e de agricultura.
A câmera WFI, de campo largo de 684km, possui resolução espacial de 63m, revisita de 5 dias, tem boa qualidade radiométrica e geométrica, e é utilizada em aplicações como o Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (DETER) e o Monitoramento do Desmatamento dos Biomas Brasileiros por Satélite (PRODES), que fornecem apoio à fiscalização e ao controle do desmatamento nos biomas Amazônia e Cerrado.
De forma análoga ao que já vem acontecendo com as imagens do CBERS 4, lançado em 2014, muitas imagens do CBERS 04A estão sendo usadas por empresas dos setores agrícola, florestal e de mineração. Para o INPE, responsável pela execução no Brasil pelo Programa CBERS, a forte demanda do setor privado demonstra que as imagens do satélite agregam valor aos negócios, como fonte de informações estratégicas. Destaca-se que em 2004 o INPE adotou a política de dados livres por meio do programa CBERS, tendo influenciado decisões semelhantes tomadas pelo USGS (United States Geological Survey) e pela ESA (European Space Agency), em 2007 e em 2009, para os programas Landsat e Sentinel, respectivamente.
Membro do International Charter Space and Major Disasters , um consórcio de agências espaciais de vários países, o INPE fornece, sem custos, imagens dos satélites CBERS para o monitoramento de situações de emergência causadas por desastres naturais que ocorrem em todo o mundo, como inundações, terremotos, deslizamentos de terra, incêndios florestais e desastres tecnológicos como derramamentos de petróleo em oceanos.
O Programa CBERS nasceu de uma parceria inédita entre Brasil e China no setor técnico-científico espacial firmado em 1988 e que completou 33 anos em julho deste ano. Com ela, o Brasil ingressou no seleto grupo de países detentores da tecnologia de geração de dados de sensoriamento remoto, tão importante em um país com as dimensões do Brasil.
Os satélites com as características da série CBERS inseriram Brasil e China na categoria dos países detentores dos satélites mais utilizados em todo o mundo, como Estados Unidos (Programa Landsat da NASA/USGS), Índia (Resourcesat) e União Europeia (satélites SENTINEL 2A e 2B do programa europeu Copernicus). Suas especificações refletem o compromisso técnico entre resolução espacial, espectral e ciclo de revisita que atende à maioria das aplicações de satélites em todo o mundo.
O programa é gerenciado pela AEB (Agência Espacial Brasileira) e pela CNSA (Administração Nacional Espacial da China), tendo como executores técnicos o INPE e a CAST (Academia Chinesa de Tecnologia Espacial).