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Estudo do INPE MCTI sobre a Floresta Amazônica é capa na revista Science
São José dos Campos-SP, 01 de outubro de 2020
Utilizando dados de escaneamento 3D a laser LIDAR aerotransportado sobre a floresta amazônica e mapas de 16 anos (2000-2015) da cobertura florestal, cientistas do Brasil, Europa e Estados Unidos da América, quantificaram, a partir de uma análise integrada, a perda dos estoques de carbono do bioma Amazônia devido ao desmatamento e ao efeito de borda e descobriram que efeitos indiretos do desmatamento podem causar perdas de carbono não contabilizadas na Amazônia. Por sua relevância, o estudo teve destaque na capa da prestigiada revista científica, veja em https://advances.sciencemag.org/content/6/40 .
O estudo intitulado "Persistent collapse of biomass in Amazonian forest edges following deforestation leads to unaccounted carbon losses" (Colapso persistente da biomassa nas bordas florestais amazônicas após o desmatamento leva a perdas de carbono não contabilizadas) por Celso Silva Jr. e outros, foi publicado na revista "Science Advances" em https://advances.sciencemag.org/content/6/40/eaaz8360 .
Segundo Silva Jr., doutorando em Sensoriamento Remoto no INPE MCTI, "entre 2001 e 2015 o desmatamento na Amazônia foi responsável por uma perda de 2,6 bilhões de toneladas de carbono, enquanto que o efeito de borda causou uma perda adicional de 947 milhões de toneladas". Enquanto o Brasil contribuía em média com 67% para as perdas por efeito de borda e 79% para as perdas por desmatamento, o Suriname contribuiu apenas com 1% e 0,5%, respectivamente. Silva complementa que essa perda adicional de carbono por efeito de borda, não é considerada nos inventários de gases do efeito estufa e balanços globais de carbono. "As emissões de carbono são, portanto, subestimadas, comprometendo a eficácia de planos para compensação da emissão desses gases", comenta.
Luiz Aragão, Chefe do Divisão de Observação da Terra e Geoinformática - DIOTG do INPE onde o estudo foi conduzido, e co-autor, conclui que este estudo construiu uma base de conhecimento importante para a gestão dos recursos naturais visando a mitigação das mudanças climáticas e o desenvolvimento sustentável dos países amazônicos. "Conhecer a real dimensão das emissões de dióxido de carbono relacionadas as ações antrópicas na Amazônia é o primeiro passo para elaborarmos estratégias específicas para tratar cada componente responsável por estas emissões, incluindo o desmatamento, o efeito de borda, os incêndios florestais e a extração seletiva de madeira" diz, e "O conhecimento da magnitude destas emissões abordadas no artigo demonstra que qualquer intervenção na floresta não pode ser desordenada, estas devem ser planejadas, dentro de um escopo de planejamento do uso da paisagem, visando minimizar a formação das bordas florestais", conclui Aragão.
Manter o carbono estocado nas florestas é crucial para evitar o agravamento da crise climática global. Na região tropical, as florestas são convertidas em áreas de agricultura e pecuária pelo processo de desmatamento. A perda da cobertura florestal afeta serviços ambientais essenciais ao bem-estar humano, tais como a manutenção da biodiversidade, a regulação do clima e o suprimento de água nas escalas locais, regionais e mesmo global. Atualmente, as políticas climáticas estão focadas na redução do desmatamento para evitar emissões de carbono para a atmosfera. O processo de desmatamento, no entanto, fragmenta a paisagem florestal, recortando as florestas contínuas e aumentando as áreas de contato com um outro tipo de uso da terra, como uma pastagem ou área agrícola. Estes trechos de florestas que ficam em contato com outros tipos de cobertura da terra sofrem alterações no seu microclima, ficando expostos a mais ventos e sofrendo aumento da incidência de radiação solar, causando aumento da temperatura e diminuição da umidade no interior da floresta. Este processo acelera a mortalidade das árvores na borda florestal, diminuindo assim a capacidade de estocar carbono destes trechos de vegetação.
Este é o primeiro estudo que integra o efeito de mortalidade das árvores, detectado por meio do escaneamento 3D da floresta, com a análise de grande-escala das bordas florestais para prover a quantificação das perdas de carbono para toda a Região Amazônica.
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