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Estudo com coautoria de pesquisadores do INPE é publicado na capa do periódico Science
O artigo "The drivers and impacts of Amazon forest degradation" (tradução: As forçantes e os impactos da degradação florestal na Amazônia), contou com a participação de vários autores, entre estes, pesquisadores do INPE (Luiz Aragão - DIOTG, Luciana Gatti - DIIAV, Celso von Randow - DIIAV), INPA, Universidades e outras Instituições Brasileiras e Estrangeiras. O artigo também teve a autoria de egressos do Curso de Pós-graduação em Sensoriamento Remoto do INPE ( PGSER ).
Segundo o artigo, a maioria das análises de uso e cobertura da terra na floresta amazônica concentra-se nas causas e efeitos do desmatamento. No entanto, distúrbios antrópicos causam a degradação das áreas de floresta amazônica em pé, não consideradas como desmatamento, e ameaçam o futuro do bioma, de seus habitantes e de outras regiões que dependem de seus serviço ambientais. Entre esses distúrbios, os mais importantes são os efeitos de borda (devido ao desmatamento e à resultante fragmentação do habitat), extração de madeira, incêndios florestais e secas extremas que tem sido intensificadas pelas mudanças climáticas induzidas pelo homem. O artigo sintetiza o conhecimento sobre esses distúrbios que levam à degradação da floresta amazônica, incluindo suas causas e impactos, possíveis extensões futuras e algumas das intervenções necessárias para contê-los.
AVANÇOS
A análise dos dados existentes sobre a extensão do fogo, efeitos de borda e extração de madeira entre 2001 e 2018 revela que 0,36 × 106 km2 (5,5%) da floresta amazônica está sob algum tipo de degradação, o que corresponde a 112% da área total desmatado nesse período. A adição de dados sobre secas extremas aumenta a estimativa da área total degradada para 2,5 × 106 km2, ou 38% das florestas amazônicas remanescentes. A perda de carbono associada à esses distúrbios florestais varia de 0,05 a 0,20 Pg C ano -1 e é comparável à perda de carbono causada pelo desmatamento (0,06 a 0,21 Pg C ano -1 ). Os distúrbios podem causar tanta perda de biodiversidade quanto o próprio desmatamento, e florestas degradadas por incêndios e extração de madeira podem ter uma redução de 2 a 34% na evapotranspiração da estação seca. Algumas causas dos distúrbios (por exemplo, expansão agrícola ou demanda por madeira) geram benefícios materiais para um grupo restrito de atores regionais e globais, enquanto o ônus permeia uma ampla gama de escalas e grupos sociais que vão desde moradores de florestas próximas a residentes urbanos de cidades que sofrem influência dos processos que ocorrem na Amazônia. As projeções de primeira ordem para 2050 indicam que os quatro principais distúrbios continuarão sendo uma grande ameaça e fonte de fluxos de carbono para a atmosfera, independentemente das trajetórias de desmatamento.
PANORAMA
Enquanto alguns distúrbios, como os efeitos de borda, podem ser combatidos com a redução do desmatamento, outros, como restringir o aumento das secas extremas, exigem medidas adicionais, incluindo esforços globais para reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Reduzir a degradação também exigirá uma ampla discussão com um conjunto diversificado de atores, necessitará da operacionalização de ferramentas eficazes de monitoramento de diferentes distúrbios e, por fim, dependerá do aprimoramento das estruturas políticas e suas ações, como o REDD+. Tudo isso deverá ser apoiado por avanços multidisciplinares rápidos em nossa compreensão socioambiental da degradação das florestas tropicais, fornecendo subsídios técnicos robustos para construir políticas e programas apropriados para contê-la.
O artigo pode ser acessado em https://www.science.org/doi/10.1126/science.abp8622
Figura: Uma visão geral dos processos de degradação florestal na Amazônia. Os distúrbios (alguns dos quais são mostrados em cinza na parte inferior) estimulam outras conturbações, como a extração de madeira, incêndio florestal, efeitos de borda e seca extrema que causam a degradação da floresta. Um satélite ilustra as tentativas de estimar a extensão espacial da degradação e as perdas de carbono associadas. Os impactos (em vermelho e detalhes) são locais – causando perdas de biodiversidade ou afetando os meios de subsistência dos habitantes da floresta – ou remotos, por exemplo, com a fumaça afetando a saúde das pessoas nas cidades ou causando o derretimento das geleiras andinas devido à deposição de carbono negro - Crédito: Alex Argozino/Studio Argozino