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Eclipse anular do Sol em 14 de outubro de 2023
Os eclipses do Sol ocorrem quando a Lua em sua fase nova se coloca entre o Sol e a Terra, projetando sua sombra e/ou penumbra na superfície terrestre.
O Sol é uma fonte luminosa extensa. Tanto a Lua como a Terra projetam no espaço uma sombra em forma de um cone ou umbra, cuja base é o próprio corpo, e também uma penumbra envolvendo a umbra. Por pura coincidência, o tamanho angular da Lua, de aproximadamente meio grau, é semelhante ao tamanho angular do Sol. Desse modo, os dois parecem iguais em tamanho, porém não o são. O Sol está aproximadamente 400 vezes mais distante da Terra do que a Lua, sendo cerca de 400 vezes maior em diâmetro físico.
Na Astronomia, “eclipsar” significa esconder, encobrir, ou interceptar a luz vinda de um astro. No Egito Antigo, os eclipses do Sol eram explicados como sendo ataques de uma serpente ao barco que transportava o Sol pelo céu. Pensavam que um imenso dragão estivesse engolindo o Sol durante um eclipse solar. Então, faziam muito barulho para assustar o dragão e o Sol sempre reaparecia. Nunca falhava!
Os eclipses do Sol são totais ou parciais. Um eclipse solar total acontece quando a umbra da Lua projeta-se sobre a superfície terrestre (junto com sua penumbra). Um eclipse solar parcial ocorre quando o Sol é parcialmente encoberto pela Lua (havendo somente a projeção da penumbra lunar sobre a Terra).
Um tipo especial de eclipse parcial do Sol é o eclipse solar anular, que acontece devido a um maior distanciamento da Lua à Terra, em função da órbita da Lua ser uma elipse e não uma circunferência. Neste tipo de eclipse, os três astros se encontram bem alinhados na ocasião da fase nova da Lua, mas o Sol não fica totalmente encoberto pela Lua, restando apenas um anel visível do disco solar. É visto com um eclipse solar anular apenas da faixa mais central da penumbra, sendo ainda observado como eclipse solar parcial de locais ao norte e ao sul desta faixa.
A duração da etapa umbral de um eclipse do Sol (totalidade ou quase totalidade num eclipse anular), a partir de um único ponto terrestre, é de poucos minutos. Já a duração completa de um eclipse solar, incluindo as etapas penumbral (parcialidade) e umbral, fica por volta de 2 horas.
Por que não há eclipses da Lua e do Sol em todos os meses, já que os eclipses lunares ocorrem na fase cheia da Lua e os solares na fase nova? Porque a trajetória da Terra ao redor do Sol que ocorre num plano (denominado de Eclíptica) não se encontra no mesmo plano orbital da Lua. Se as órbitas da Lua e da Terra ficassem num mesmo plano, todo mês haveria eclipses do Sol e da Lua. A inclinação entre os dois planos é de cerca de 5º. Os eclipses só acontecem quando a trajetória da Lua atravessa a Eclíptica na ocasião da fase nova ou fase cheia. Daí vem a denominação ‘eclipse’.
Ocorrem no mínimo 2 eclipses por ano, que são solares, e, no máximo, 7 eclipses por ano, 2 lunares e 5 solares, ou 3 lunares e 4 solares. A cada 18 anos aproximadamente, todos os eclipses acontecem com a mesma regularidade. Esse intervalo de tempo é denominado de Período de Saros, quando ocorrem 41 eclipses do Sol e 29 eclipses da Lua.
Em 14 de outubro de 2023 teremos um eclipse solar anular, quando a Lua na fase nova se apresentará bem alinhada com o Sol e Terra. No instante médio do eclipse, a Lua estará cerca de 8.360 km mais distante em relação a sua distância média à Terra, apresentando um tamanho aparente de 30,5 segundos-de-arco (menor do que o disco do Sol com 32,1 segundos-de-arco neste dia), ou seja, não sendo possível encobrir por completo o Sol. A penumbra da Lua percorrerá a América do Norte, América Central e América do Sul, nesta ordem. O máximo do eclipse será percebido a partir dos mares caribenhos da Costa Rica às 14h59min (horário de Brasília).
No Brasil, a faixa central da penumbra passará em sequência pelos estados do Amazonas (Tefé e Nova Aripuanã), Pará (São Félix do Xingu e Parauabepas), Tocantins (Araguaína), Maranhão (Lajeado Novo, Fortaleza dos Nogueiras, São Raimundo das Mangabeiras e São João dos Patos), Piauí (Oeiras, Valença do Piauí, Picos e Fronteiras), Ceará (Juazeiro do Norte, Iguatu e Bom Jesus), Pernambuco (Araripina), Paraíba (Patos, Campina Grande e João Pessoa) e Rio Grande do Norte (Pau do Ferros, Apodi, Caicó, Assu, Natal e Parnamirim). Entre as capitais destes estados, apenas Natal e João Pessoa terão visibilidade do aspecto anular do eclipse. Contudo, com o Sol bem próximo do horizonte oeste no momento do máximo do eclipse (poucos graus acima do horizonte astronômico). Algumas cidades de destaque nestes estados estão apontadas entre parênteses.
Para algumas das cidades listadas acima e outras fora do percurso da faixa central da penumbra, as tabelas adiante apresentam os instantes de início e fim da fase anular ou da parcialidade respectivamente, o instante do máximo do eclipse, a magnitude do eclipse solar e a intensidade do mesmo; como visto de cada localidade. A magnitude de um eclipse corresponde à fração do diâmetro do corpo que é eclipsado. A intensidade de um eclipse representa a porcentagem da área do corpo que é eclipsado.
Nunca é demais lembrar que não se deve olhar diretamente para o Sol sem a proteção adequada, caso contrário os danos à retina serão irreversíveis. Há duas maneiras seguras de se acompanhar um eclipse solar usando uma luneta ou telescópio óptico (ambos com um filtro solar astronômico instalado na objetiva/abertura frontal): (i) por projeção ocular num anteparo opaco, (ii) por visualização numa ocular.
Referência: Milone, A. de C. Capítulo Astronomia no dia a dia, em Introdução à Astronomia e Astrofísica, INPE-7177- PUD/38.
Créditos: Divisão de Astrofísica (DIAST), da Coordenação-Geral de Engenharia, Tecnologia e Ciência Espaciais (CGCE).
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