O Programa de Clima Espacial – EMBRACE, operado pela DICEP, foi uma iniciativa nascida em 2008 no campus do INPE, com base na experiência existente e em uma ampla rede de instrumentos científicos relacionados.
Naquela época, a crescente demanda por tecnologia, como redes de energia elétrica, satélites, sistemas de navegação e comunicação no Brasil, que poderiam ser afetadas por distúrbios do clima espacial, era de grande motivação. Era essencial para o Brasil ter os melhores serviços climáticos espaciais possíveis, justificando os fortes esforços para estabelecer um sistema de monitoramento terrestre composto por radiotelescópios solares, sondas ionosféricas conjugadas, receptores GNSS, conjuntos de magnetômetros, imageadores ópticos, radares, bem como sensores de corrente induzida no solo, modelagem ionosférica e aplicações de TI na web.
O programa se concentra no monitoramento das regiões da ionosfera equatorial e da SAGA (Anomalia Geomagnética do Atlântico Sul) e visa modelar peculiaridades da ionosfera brasileira, como eletrojato equatorial, anomalia de ionização e bolhas de plasma e as consequências para a propagação do rádio. São monitorados o Sol, o meio interplanetário, a magnetosfera terrestre, as variações do campo magnético no solo e correntes induzidas.
Com o EMBRACE, o Brasil tem capacidade e autonomia nacional de monitoramento da interação Sol-Terra, frente às tempestades solares. O monitoramento do clima espacial permite que a sociedade tome ações de maneira proativa para proteger os sistemas tecnológicos sensíveis ao ambiente espacial, como, por exemplo, sistemas de agricultura de precisão, mineração de precisão, estabilização de plataformas de prospecção em mar profundo, defesa civil e comunicação de emergência em HF, aviação civil em comunicação de emergência em HF, garantia de rotas em aviação civil, dosagem de radiação em aviação civil, transações bancárias de alta monta entre bolsas de valores, transportes autônomos, e um grande número de novas tecnologias com base em IoT (internet das coisas) que utilizarão geoposicionamento e comunicação em rádio, entre outros.
O Brasil é, hoje, um dos principais atores internacionais em serviços de clima espacial, sendo uma das referências para a definição das diretrizes desses serviços, cujas normativas estão em debate nas organizações mundiais de discussão do tema, como, por exemplo, o ISES (International Space Environment Services), a UN-COPUOS (United Nations Committee on the Peaceful Uses of Outer Space) e COSPAR (Comitee on Space Research).
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