Estações do Ano
O movimento anual aparente do Sol na esfera celeste pode ser entendido através da translação da Terra em torno do Sol (visão heliocêntrica em conjunto com a visão geocêntrica), ou da observação do pôr do Sol (visão topocêntrica).
A Figura 1 mostra a Terra em quatro ocasiões especiais de sua órbita ao redor do Sol. São os dias em que ocorrem os solstícios e equinócios. Tomemos como referência o hemisfério sul da Terra. Na posição 1, fixando nossa visão a partir da Terra, o Sol está na distância angular máxima ao norte do plano do equador celeste, parecendo parar na esfera celeste para depois retroceder, para o sul, em seu movimento anual aparente. Os raios solares, nessa época do ano, incidem mais obliquamente sobre a superfície do hemisfério sul da Terra, de forma que a incidência de calor é menor. Esse dia é denominado solstício do inverno austral (solstício significa Sol parado; em latim: solstitium), o qual ocorre por volta de 22 de junho. A noite do solstício de inverno é a mais longa do ano. A partir do solstício de inverno, tanto os "dias claros" como os dias civis e astronômicos voltam a aumentar de duração, lentamente.
De modo análogo, na posição 3 da Figura 1, quando ocorre o "dia claro" mais longo do ano para o hemisfério sul, o Sol atinge a posição angular mais ao sul do equador celeste. É o dia do solstício do verão austral, que ocorre por volta de 21 de dezembro. No verão, a incidência dos raios solares acontece de forma menos oblíqua à superfície. Em lugares próximos ao Trópico de Capricórnio, a incidência é quase perpendicular. Portanto, a insolação é maior. Após o solstício de verão, os "dias claros" se tornam cada vez mais curtos novamente.
Em duas ocasiões especiais intermediárias (posições 2 e 4 da Figura 1), o "dia claro" e a noite têm a mesma duração (isso ocorre para todo o globo terrestre). São os dias dos equinócios de primavera e outono, que ocorrem, respectivamente, em torno de 22 de setembro e 21 de março no hemisfério sul. A palavra equinócio, de origem latina, significa noites de iguais duração. Os equinócios ocorrem quando o Sol está sobre o círculo do equador celeste, caminhando do hemisfério celeste norte para o sul, no caso do equinócio da primavera austral, e fazendo o caminho inverso, no equinócio do outono austral. Nesses dias, ambos os hemisférios terrestres recebem a mesma quantidade de insolação. Entre o início do outono austral e o fim do inverno, os "dias claros" são mais curtos do que as noites (a noite mais longa ocorre no início do inverno), e entre o início da primavera e o fim do verão, a situação se inverte (o dia mais longo ocorre no início do verão).
Seqüencialmente, para o hemisfério sul da Terra, tem-se: o equinócio de outono em 20 ou 21 de março, o solstício de inverno entre 21 e 23 de junho, o equinócio de primavera em 22 ou 23 de setembro e o solstício de verão entre 21 e 23 de dezembro. As estações do ano acontecem de forma inversa em cada um dos hemisférios terrestres. Enquanto é verão no hemisfério sul, é inverno no hemisfério norte.
Referência:
Milone, A. de C. Astronomia no dia-a-dia. In: Introdução à Astronomia e Astrofísica, INPE-7177-PUD/38, Divisão de Astrofísica, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, MCT. São José dos Campos, 1999. (Biblioteca da unidade do INPE em São José dos Campos/SP: tel. 12-3945-6918).