A descontaminação das medidas da RCF
Um dos resultados mais importantes para a Cosmologia foi obtido recentemente com o satélite COBE (COsmic Background Explorer), que detectou anisotropias na distribuição angular da Radiação Cósmica de Fundo (RCF) sem uma correspondente distorção no seu espectro de corpo negro (Smoot et al. 1992). O significado desta descoberta favoreceu em grande parte o paradigma da formação de estruturas segundo o modelo do Big Bang, que atribui o surgimento de estruturas no universo ao crescimento de contrastes de densidade por instabilidade gravitacional. Porém, como a RCF se constitui num registro indelével da interação entre a matéria e os campos de radiação no universo primitivo, a liberação de energia associada ao processo de formação teria necessariamente que alterar o espectro de corpo negro da RCF. Assim, os limites impostos pelo COBE para as amplitudes das distorções espectrais na faixa milimétrica e submilimétrica têm aumentado a expectativa de uma detecção para a região de comprimentos de onda centimétricos, onde a contaminação pelo contínuo não-térmico da Galáxia se constitui no fator mais agravante.
Apesar dos esforços consideráveis para se conhecer a distribuição espacial da emissão Galáctica em baixas freqüências, a precisão das escalas de temperatura dos mapeamentos existentes ainda não é suficiente para se extrair informação espectral que possibilite distinguir as possíveis distorções no espectro da RCF. Por outro lado, o nítido padrão quadrupolar da emissão Galáctica com relação ao seu Plano contamina potencialmente os mapas de anisotropia da RCF. Neste caso torna-se indispensável modelar a extração conjunta dos componentes térmicos também.
Carlos Alexandre Wuensche - Criado em 2005-06-02