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Armadilhas 'em cascata'
As armadilhas do tipo "Malaise" adaptadas exclusivamente para o projeto do INCT-BioDossel
A ideia para a montagem de armadilhas 'em cascata' (cinco armadilhas no mesmo eixo vertical, equidistantes, uma sobre a outra) surgiu de um projeto desenvolvido na torre da ZF-2, onde as armadilhas foram instaladas nas passarelas da torre. Os resultados mostraram que uma grande quantidade de espécies coletadas nos níveis mais altos da floresta (60% das espécies de dípteros) não é normalmente encontrada no nível do solo. Descobrimos que o dossel é um 'mundo' ainda desconhecido. Era preciso explorar esse 'mundo' desconhecido em outras áreas. Porém, não há torres espalhadas pela Amazônia, então, como repetir o experimento?
Não há torres, mas há árvores emergentes. Que legal! Elas podem sustentar as armadilhas. Assim, surgiu a ideia de montar as armadilhas em sistema de cascata em outros lugares, afinal, as árvores emergentes são comuns em toda a Amazônia, o que nos permitiria ampliar enormemente nosso conhecimento sobre esse 'mundo' desconhecido. Para isso, era necessário desenvolver uma armadilha que pudesse ser levada até a copa da floresta sem o auxílio de uma torre metálica.
Vários interessados começaram as discussões e sugestões, entre eles, principalmente, o Dr. José Albertino (INPA), Dr. Daniell Fernandes (INPA), Dr. Francisco Limeira (UEMA) e Ismael Oliveira (UFRR/INPA). Foram feitos projetos rabiscados em papéis, seguidos de análise de custos e, evidentemente, busca por soluções mais baratas. As armadilhas deveriam ser tão eficientes quanto as que foram montadas na torre. Então, decidiram que deveriam seguir o mesmo modelo. Adaptaram e fizeram pequenas modificações na armadilha modelo Gressit & Gressit, de 6 metros, para que pudesse ser suspensa e colocada em diferentes alturas, utilizando galhos de árvores emergentes como suporte. Essas armadilhas ficam ancoradas nos galhos das árvores mais altas, permitindo que a mais alta delas seja posicionada acima de 30 metros.
Na árvore emergente selecionada, as armadilhas são instaladas em diferentes alturas, equidistantes, para coletar a entomofauna e, a partir daí, obter informações sobre a estratificação, ou seja, qual é o estrato que determinadas espécies preferem para voar, seja para dispersar, buscar alimentos ou parceiros(as) para reprodução. Com isso, podemos comparar os dados com as informações da fauna que normalmente são coletadas ao nível do solo e analisar o quão diferente é a fauna que vive no dossel. Tudo isso para ampliar nosso conhecimento sobre os organismos com os quais convivemos e, posteriormente, entender o papel de cada um na natureza."