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Socialização do saber tradicional na Amazônia é tema de Live do Inpa
A socialização do saber, suas técnicas e habilidades, é o princípio das tecnologias sociais apropriadas, que correspondem a todas as tecnologias concebidas, aperfeiçoadas e partilhadas por pessoas, sem que isso implique em ônus quanto ao acesso e correspondente domínio. As principais aplicações dessas tecnologias e os desafios para a sua socialização na Amazônia serão apresentadas em live do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) nesta quarta-feira (29). O evento é gratuito, com transmissão às 9h (horário de Manaus), pelo canal do Inpa no Youtube/INPAdaAmazonia.
As Tecnologias Sociais Apropriadas (TSA) podem assumir diferentes nomes, como tecnologia alternativa, tecnologia adequada, tecnologia social ou ambientalmente apropriada, tecnologia limpa, tecnologia humana, tecnologia popular, tecnologia democrática, tecnologia libertária, tecnologia de baixo custo, entre outros termos. Ao serem socializadas, essas tecnologias promovem qualidade de vida da sociedade, independentemente de suas características culturais e ambientais.
“O domínio e a apropriação dessas tecnologias, algumas delas oriundas dos povos originários, no bioma da Amazônia, é essencial para promover a sustentabilidade social e ambiental com aderência na segurança alimentar”, afirma o engenheiro agrônomo e professor da Faculdade de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Neliton Marques, palestrante convidado da Live “Tecnologias Sociais: socializando o saber tradicional na Amazônia”.
Inscrição
A inscrição pode ser feita acessando o endereço https://www.even3.com.br/tsesocializacaosaberamazonia/ ou diretamente no evento clicando aqui. Os inscritos na live receberão declaração de participação de 3 horas.
Aplicação de tecnologias sociais na Amazônia
Na Amazônia, Marques destaca a aplicação de tecnologias sociais em três grandes categorias: acesso aos recursos alimentares, processamento dos alimentos e habitação.
O uso da “peconha” para coleta de frutos do açaí; o “paneiro” e similares para transporte de armazenamento de ouriço de castanha e mandioca; o “jamanxim”, tipo de mochila usada no transporte de caça de pequeno e médio porte; além do “matapi”, que á uma armadilha confeccionada com talas de palmeiras, para captura de camarão de água doce; são exemplos de tecnologia social na categoria de acesso a recursos alimentares.
No processamento de alimentos há a fabricação tradicional da farinha de mandioca, que reúne um conjunto de tecnologias sociais com destaque para o “tipiti”, usado para espremer a massa da mandioca; a “emboladeira”, que é uma tecnologia desenvolvida para uniformizar os grãos da farinha Uarini, o “caititú” usado para ralar a mandioca e o “piracuí” que implica no processamento de farinha de peixe.
A confecção e o entrelaçamento de palhas de palmeiras para construção de habitações pelas populações ribeirinhas amazônicas é um caso exemplar de tecnologia social. Nessa categoria, o pesquisador ressalta o estudo de Gislany Sena, que desenvolveu um trabalho de campo na Comunidade Nossa Senhora das Graças, no Município de Manacapuru/Amazonas. O intuito foi evidenciar os processos e os responsáveis pela construção de casas ribeirinhas e a importância da etnoarquitetura para a sustentabilidade da comunidade, além de compreender a mobilidade sazonal por parte dos ribeirinhos.
“A habitação ribeirinha estudada por Gislany Sena é um exemplo de edificação rural que foi suspensa com o uso de ferramentas adequadas possibilitando sua adequação ao evento extremo da cheia do rio Solimões”, comenta Marques.
Outros exemplos de tecnologias sociais apropriadas e as ações relevantes para a sua socialização na região amazônica serão compartilhados por Neliton Marques na Live.
Minibiografia
É Engenheiro Agrônomo formado pela Universidade Federal do Amazonas e doutor em Entomologia Agrícola pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz - ESALQ/USP. É Professor Titular da Faculdade de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Amazonas. Foi diretor do Centro de Ciências do Ambiente da Universidade Federal do Amazonas tendo implantado o Programa de Pós-Graduação em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia. Foi Secretário Executivo de Recursos Hídricos e Secretário Executivo da Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Estado do Amazonas- SDS e Presidente do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas - IPAAM. Foi Diretor da Faculdade de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Amazonas. É Sócio Benemérito da Sociedade Entomológica do Brasil-SEB e membro da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência-SBPC. É Presidente do Conselho de Administração do Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia-IDESAM e Vice Presidente do Conselho de Administração da Fundação Amazônia Sustentável-FASl. Publicou vários artigos em revistas indexadas, capítulos e livros. Orientou vários alunos de graduação, mestrado e doutorado nas áreas de Ciências Agrárias e Ciências Ambientais, com ênfase em Entomologia Agrícola e Gestão Ambiental.