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Pesquisador do Inpa entra para a Academia Brasileira de Ciência Agronômica
José Francisco de Carvalho Gonçalves agora é membro da ABCA, ocupando a cadeira de número 50 da entidade
O pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) José Francisco de Carvalho Gonçalves tomou posse na Academia Brasileira de Ciência Agronômica (ABCA), em cerimônia virtual realizada no dia 22 de junho. A solenidade foi prestigiada por autoridades que representam a categoria, ex-ministros e o atual presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico (CNPq). Gonçalves assume a cadeira de número 50, que tem como patrono Alcebíades Guarita Cartaxo.
A ABCA tem como missão promover o uso e desenvolvimento da memória da ciência agronômica com o objetivo de fundamentar decisões técnicas, de forma transparente, participativa, efetiva, eficiente e eficaz, com valorização dos profissionais da área. A entidade criada em 2010 e instalada em 2013 atualmente é presidida pelo ex-ministro da Agricultura, Alysson Paolinelli.
Perfil Acadêmico
Formado em Agronomia pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Gonçalves tem mestrado em Solos e Nutrição de Plantas e doutorado em Fisiologia Vegetal, ambos pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), além de ter pós-doutorado em Fisiologia e Bioquímica Vegetal pela University of Florida (UF - USA). O pesquisador atua no Inpa desde o ano 2000 e desenvolve pesquisas com ecofisiologia de árvores e plantios florestais. No Instituto fundou e coordena o Laboratório de Fisiologia e Bioquímica Vegetal, da Coordenação de Dinâmica Ambiental (LFBV/Inpa - Codam). Na pós-graduação é credenciado no Programa de Ciências de Florestas Tropicais (PPG-CFT), o qual coordenou por 15 anos, e na Rede Bionorte.
“Sinto-me muito honrado por ter sido escolhido como um dos representantes da Região Norte, do Amazonas e do Inpa em uma academia de ciências que repercute exatamente a essência da pesquisa que desenvolvo, a rigor a busca por atributos fisiológicos de árvores na floresta nativa e em plantios florestais e suas interfaces com o uso adequado da terra, a produção e a sustentabilidade", destacou o pesquisador, que este ano completa a orientação de mais de 60 mestres e doutores, além da publicação de mais de uma centena de artigos científicos no intervalo de 20 anos dedicados ao Inpa.
Ainda segundo Gonçalves, os indicadores acadêmicos e científicos devem ter sinalizado, de maneira positiva, junto aos membros da Academia para a apresentação do seu nome como um dos potenciais novos acadêmicos. “Desempenho atividades bastante alinhadas com iniciativas que convergem para os ideais do setor agrário brasileiro, setor este que vive uma busca constante pelo equilíbrio entre a produção agrícola e a manutenção dos recursos ambientais, sempre apoiado na ciência”, ressaltou.
A seleção dos indicados para a ABCA considera a performance social do candidato, a atuação agronômico-científica e a distribuição geográfica por estado e região. Os novos Acadêmicos titulares da ABCA participam das reuniões, representam os interesses acadêmicos na defesa da causa agronômica no seu estado e região, e se dedicam às atividades de formação de recursos humanos, de pesquisa e desenvolvimento de tecnologias e contribuem para a formulações de políticas públicas. Na mesma cerimônia, tomou posse o professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Henrique Santos Pereira.
Por ser um fórum acadêmico que representa o pensamento científico da categoria profissional das Ciências Agronômicas, na sua atuação na Academia, Gonçalves revela que nutre expectativas em relação à formação de recursos humanos na área agrária, na defesa do meio ambiente e na produção agroflorestal. “Estas questões são recorrentes nas pautas dos governos nas diferentes esferas (Federal, Estadual e Municipal), nas instituições de ensino e pesquisa e na sociedade em geral. Portanto, vou buscar contribuir no que estiver ao meu alcance, oferecendo minha experiência na formação de recursos humanos, desenvolvimento científico e produção de tecnologias úteis para Recuperação de Áreas Degradadas - RADs”, declarou o agora acadêmico.
Introdução de espécies nativas em áreas degradadas
À frente do LFBV desde a fundação, Gonçalves destaca que a fisiologia de árvores tropicais tem sido um enorme desafio para todos que participaram da equipe durante as duas décadas de pesquisa no Inpa. Mas os resultados se traduzem em contribuições para a ciência e para a sociedade.
Segundo o pesquisador, hoje, ele pode afirmar que conhecemos um pouco da fisiologia das árvores da Amazônia, especificamente, de certos mecanismos de respostas fisiológicas, da tolerância a estresses e da performance de crescimento de algumas espécies arbóreas importantes da maior floresta tropical do planeta, com destaque para a castanheira, a seringueira, algumas Lauraceae e Fabaceae.
“Neste esforço, estamos sempre buscando selecionar árvores a partir de atributos fisiológicos que possam viabilizar plantios de baixo custo. Nós entendemos que os resultados, sobre fisiologia de árvores, obtidos até então na nossa pesquisa, quando aplicados de forma adequada, certamente, contribuirão para selecionar, introduzir e estabelecer espécies nativas em áreas degradadas e reinserir estas áreas nos processos produtivos”, destacou.