PDBFF reúne amigos e familiares para homenagens após um ano de partida de Thomas Lovejoy

Amigos, familiares, alunos, mateiros, pesquisadores, funcionários e admiradores de Thomas Lovejoy se reuniram nesta quinta-feira (5/01) para prestarem homenagens, após um ano de partida do pesquisador, que faleceu em dezembro de 2021. A homenagem foi no hall do anexo do Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais (PDBFF), localizado no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), zona sul da capital.

Em meio a tantos depoimentos e manifestações de carinho, Lovejoy foi lembrado por sua simplicidade, pela amizade, humildade e, principalmente, pelo amor que tinha pela Amazônia e sua conservação. Dentre os presentes estavam as filhas e as netas do pesquisador, junto com seus maridos e alguns amigos dos Estados Unidos.

Uma das filhas de Thomas, Betsy Lovejoy, diz que ainda jovem, não tinha dimensão da contribuição que o pai tinha para a Amazônia. “Para nós ele era nosso pai, mas ao mesmo tempo ele ensinou a gente lições importantes de como proteger a natureza e a importância de ouvir todas as pessoas”, pontua.

Betsy relembra que o pai usava livros para mostrar as riquezas da Amazônia e as pesquisas que ele realizava ao redor do mundo e, principalmente, no Brasil. Com intuito de ensinar, a família sempre fazia viagens para conhecer a biodiversidade, lugares como as ilhas Galápagos, Venezuela, Costa Rica e Brasil, foram roteiros turísticos da família.

“Quando a gente encontra pessoas que fizeram parte da vida dele, a gente consegue ter uma dimensão daquilo que ele pesquisava, daquilo que estudava. Eu e minhas irmãs estamos agradecidas pela oportunidade que todos deram de retornar aqui, ao acampamento do quilômetro 41, que era onde ele queria estar”, completa.

Amigos da Ciência

Com mais de 50 anos de contribuição na Amazônia, Thomas deixou um grande legado, compartilhado por alunos e amigos da comunidade científica. Rita Mesquita, pesquisadora do Inpa, que teve a oportunidade de ser estagiária no Projeto e amiga de Thomas, diz que ele será lembrado por ser um diplomata da natureza, a serviço da Amazônia.

“Ao longo dos anos nós criamos interações e nos tornamos amigos, ele foi um modelo para mim. Eu lamento muito sua partida, pois eu acredito que tinha muito para aprender com ele, pois eu vejo a sua importância para a conservação. E nós temos a responsabilidade de continuar o trabalho de conservação, essa é a melhor maneira de homenagear e honrar o que ele nos deixou”, frisa.

Enir Salazar, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), relembra que Lovejoy sempre lutou pelas causas de preservação da biodiversidade da Amazônia. Atualmente, Salazar responde pela Área de Relevante Interesse Ecológico Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais (ARIE PDBFF), composta por 23 polígonos e fragmentos florestais, localizada no município de Rio Preto da Eva, a 79 km de Manaus, e que teve como principal criador Thomas Lovejoy.

“O que me marcou junto com ele, foi durante uma invasão que teve perto aos polígonos florestais. Eu vi aquele pesquisador, velhinho e simpático, se transformar em guerreiro e se articular entre ministros e pessoas importantes para conseguir reverter aquele problema da invasão. Hoje eu vejo o Thomas como um guerreiro que estava defendendo o lar dele, que é o PDBFF”, relembra.

A volta para casa

Como último desejo, as cinzas de Thomas foram soltas em vários lugares ao redor da Amazônia, lugares que ele passou grande parte da sua vida, fazendo e apoiando pesquisas e descobertas na Amazônia. As cinzas foram soltas no Encontro das Águas, na  Torre de Observação e Pesquisa da "ZF-2", na reserva do quilometro 41, que é parte da ARIE PDBFF, e em uma escola que recebeu o nome de Thomas Lovejoy em 2010, localizada na Comunidade do Tumbira, dentro da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Rio Negro. Em todos esses momentos estiveram presentes as filhas, netas e amigos que acompanharam a carreira de Lovejoy.