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Núcleo do Inpa em Rondônia participa de Rede de Monitoramento que aponta inadequação na qualidade do ar da capital do Estado
O Inpa colaborou com interpretação, análise dos dados e discussão dos itens a serem abordados na publicação do boletim da Rede apoiada pelo Ministério Público de Rondônia. Foto Acervo Napro/ Inpa
A Rede de Monitoramento da Qualidade do ar do Estado de Rondônia identificou nível de inadequação na qualidade do ar na capital, Porto Velho, no período de 14 de julho a 13 de agosto deste ano. Os dados da primeira ação do projeto apontaram que, em pelo menos sete dias desse recorte temporal, o índice da qualidade do ar chegou a atingir estado crítico, conforme classificação da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Desenvolvida pela Universidade Federal de Rondônia (Unir), a Rede de Monitoramento é um projeto realizado em parceria com diversas instituições, incluindo o Núcleo de Apoio à Pesquisa de Rondônia do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Napro), e apoiado pelo Ministério Público de Rondônia(MPRO). Os servidores Raimundo Cajueiro, doutor em Botânica, e Izabela de Lima Feitosa, mestre em Ciências Ambientais, integram a Rede.
O projeto monitora a qualidade do ar a partir de dois sensores de baixo custo do tipo PurpleAir, instalados na capital, sendo um no edifício-sede do MPRO e outro em ponto estratégico da avenida Rio Madeira.
A finalidade do projeto é aferir o nível de poluição do ar, identificando a concentração do chamado material particulado. No período analisado, os equipamentos indicaram a presença em nível inadequado de resíduos decorrentes do processo de queima e combustão de madeira, popularmente conhecidos como fuligem.
Conforme explica o professor da Unir, Artur de Souza Moret, coordenador do trabalho, a metodologia utilizada pela Rede capta dados de material particulado, no caso fuligem, em dimensões de 1.0, 2,5 e 10 ug/m3.
Moret acrescenta que, conforme critério instituído pela OMS, na dimensão em 2,5 ug/m3, o índice de até 25 ug/m3 é classificado como adequado; entre 25 e 50 ug/m3 é categorizado como alto; entre 50 e 100 ug/m3, muito alto e, a partir de 100 ug/m3, crítico. “Ocorre que, em trinta dias de análise, os dois sensores demonstraram um quadro de contaminação importante no ar da cidade. Com base nos dados colhidos no equipamento instalado no prédio do MP, a qualidade do ar na capital atingiu o nível adequado em apenas cinco dias e, na Rio Madeira, em três”, informa.
O cenário torna-se ainda mais preocupante levando-se em consideração as informações colhidas no período de 06 a 11 e 13 de agosto, quando os índices oscilaram entre 106,05 ug/m3 a 185, 425 ug/m3, isto é, nível crítico, em ambos os sensores.
“Em 2020, o equipamento da avenida Rio Madeira já estava em operação. Por isso, já é possível saber que, em 2021, a qualidade do ar está menos adequada do que em 2020 em 20 dias, com base no método de aferição pela dimensão em 2,5 ug/m3”, afirma o professor.
Para o Diretor do Grupo de Atuação Especial do Meio Ambiente (Gaema) do MPRO, Promotor de Justiça Pablo Hernandez Viscardi, o comportamento dos dados colhidos pela Rede de Monitoramento mostra que a prática de queimadas vem aumentando em Porto Velho, acionando um sinal de alerta para as organizações voltadas ao meio ambiente.
Atuação do Napro
De acordo com Cajueiro, o Napro/Inpa participou do projeto na organização da implantação e das atividades da Rede, análise de dados e imagens de satélite, comunicação de produtos de informações, além dos efeitos das contaminações atmosféricas na agricultura.
“Este projeto tem possibilidade de contribuir com informações que possam resultar na prevenção de problemas relacionados ao agravamento na qualidade do ar, auxiliando os órgãos de fiscalização e também a sociedade, de maneira a evitar o efeito da fumaça na saúde de grupos mais vulneráveis como idoso e crianças”, conta Cajueiro.
De acordo com Cajueiro, o projeto iniciado em agosto de 2021, prevê a implantação da Rede em quatro fases, com a instalação de dois sensores em cada um dos 52 municípios de Rondônia, no período de quatro anos.
Saiba Mais
A Rede de Monitoramento da qualidade do ar do Estado de Rondônia é constituída por várias instituições de pesquisa e de monitoramento de poluição ambiental, como Unir, Inpa, Instituto Federal de Rondônia e Secretaria de Desenvolvimento Ambiental. O Inpa possui histórico de colaboração com a Universidade Federal de Rondônia, onde, também, está instalada a base física do Napro.
Da Redação - Ministério Público de Rondônia*
* Colaboração do Inpa