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AmazonFACE - Maior experimento sobre mudanças climáticas em floresta tropical finaliza teste de montagem da primeira torre
Projeto AmazonFACE, liderado pela Unicamp e Inpa/MCTI, está na vanguarda da ciência e recebeu financiamento do governo britânico e FNDCT. Foto: Antoninho Perri/SEC Unicamp
A montagem da primeira torre do AmazonFACE foi concluída nesta sexta-feira (26), em Campinas (SP). A etapa é fundamental para avaliação do projeto de engenharia do experimento. O AmazonFACE é um programa de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) com cooperação internacional que tem o ambicioso objetivo de investigar como o aumento de gás carbônico atmosférico afetará a Amazônia, a maior floresta tropical do mundo, sua biodiversidade e os serviços ecossistêmicos que fornece à humanidade.
De acordo com os pesquisadores que lideram o projeto, o AmazonFACE é um experimento de fertilização (enriquecimento) por gás carbônico (CO 2 ) ao ar livre na Amazônia e o primeiro desse tipo em qualquer floresta tropical. O projeto é liderado pelo cientista David Lapola, pesquisador do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e pelo pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), Carlos Alberto Quesada.
A torre de alumínio de 35 metros de altura e 2m x 2m de base tem peso estimado em 1,6 tonelada. Quando instalada no meio da floresta amazônica, ultrapassará a copa das árvores.
Esta etapa do projeto prevê a construção de 32 torres que serão utilizadas para a construção, na primeira fase, de dois anéis. Cada anel de enriquecimento por CO 2 terá 30 metros de diâmetro e contará com 16 torres, que serão conectadas a dois tanques de 25 toneladas de CO 2 que farão a injeção do gás carbônico ao ar livre.
Com a aprovação da engenharia realizada nesta semana, serão fabricadas as demais 31 torres. A previsão é que a instalação das torres na floresta se inicie antes do final deste ano.
O experimento completo prevê a construção de seis anéis, que em seu pleno funcionamento irão medir o impacto da emissão de CO 2 sobre a floresta. Em três destes anéis haverá o enriquecimento de CO 2 , e os resultados destes serão comparados com os de outros três anéis que não terão injeção extra de CO 2 .
Além das 16 torres do anel, haverá uma torre de instrumentação (já instalada para os dois primeiros anéis) em uma posição central para fazer o monitoramento de medidas científicas, como a concentração de CO 2 , no interior da parcela.
A instalação do experimento será em uma das áreas de reserva do Inpa, distante cerca de 70 km (em linha reta) de Manaus (AM), e deve ser concluída entre fevereiro e março de 2023.
Em 2021, o programa recebeu o financiamento de 2,25 milhões de libras (cerca de R$17 milhões) do governo britânico. O Foreign, Commonwealth & Development Office (FCDO/UK) elegeu o MetOffice, o Serviço Nacional de Meteorologia do Reino Unido, para ser o interveniente pelo lado britânico. O valor é repassado para execução da Unicamp e do Inpa.
O AmazonFACE também conta com o investimento de R$32 milhões de Ação Transversal do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT). Os recursos serão liberados por meio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), empresa pública do MCTI. A assinatura do acordo para o financiamento desta etapa do projeto deve ocorrer ainda em agosto. O valor será aplicado na implementação de infraestrutura da pesquisa. As obras para a construção da infraestrutura tiveram início em junho deste ano.
O CO 2 liberado para a execução da pesquisa no meio da floresta, bem como em todas as etapas de produção das torres será compensado na forma de reflorestamento.
Acompanharam a montagem de testes da primeira torre a equipe técnica e coordenadores do projeto AmazonFACE, e especialistas em tecnologia FACE, como o pesquisador aposentado do Brookhaven National Laboratory , dos Estados Unidos, Keith Lewin, e o técnico do experimento FACE em operação em Birmingham, no Reino Unido, Nicholas Hart.
Também estiveram no local o secretário de Pesquisa e Formação Científica do MCTI, Marcelo Morales, e a representante da Embaixada Britânica no Brasil, Adriana Alcântara.