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Live do Inpa apresenta fermentações amazônicas como ferramenta para o desenvolvimento sustentável
A vida moderna está rodeada de produtos fermentados, como iogurte, vinagre, pão, cerveja e até combustível para os nossos veículos. Além dos processos industriais, as fermentações e bioprocessos na Amazônia para a criação de novos produtos orgânicos são alternativas viáveis para o desenvolvimento sustentável da região. É o que será apresentado em live do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) nesta quarta-feira (29), com transmissão às 9h, pelo canal do Inpa no YouTube/InpadaAmazonia.
A live “Fermentações e bioprocessos na Amazônia: Uma ferramenta para o desenvolvimento regional sustentável” é realizada pelo Projeto Rede Amazônica de Tecnologia Social (CNPq), desenvolvido pela Coordenação de Tecnologia Social do Inpa. O convidado é o tecnologista do Inpa, o farmacêutico amazonense João Vicente Braga de Souza, doutor em Biotecnologia industrial (Universidade de São Paulo) e pós-doutor em Biotecnologia (Cranfield University, Reino Unido). A programação será mediada pela coordenadora de Tecnologia Social do Inpa e do projeto, Denise Gutierrez, psicóloga com doutorado em saúde pública.
Souza trará informações sobre o processo de fermentação, produtos fermentados da Amazônia, além de relacionar como a tecnologia industrial e a tecnologia social da região podem colaborar para o desenvolvimento dessa rica área para a criação de novos produtos, técnicas e processos.
A fermentação é um conceito antigo, com registros arqueológicos de mais de 5 mil anos. Na Amazônia, as civilizações pré-colombianas possuíam seus produtos fermentados próprios e únicos por meio das fermentações, processo em condições sem ar (anaeróbico) no qual fungos e bactérias transformam substratos como mandioca, milho, cará, frutas e carnes em produtos como tucupi, cauim, caxiri e chicha.
Conforme Souza, o Inpa contribui há anos com a caracterização de frutos e tubérculos da Amazônia que podem ser utilizados como substratos para o desenvolvimento de produtos fermentados inéditos, trabalho iniciado com a avaliação do potencial dos substratos e dos micro-organismos regionais. No instituto também são realizadas a caracterização de produtos fermentados e a discussão de uso de fermentados como ferramenta para o desenvolvimento de tecnologias industrial e social.
“A professora Jerusa Andrade [pesquisadora do Inpa] já desenvolveu vinho de pupunha e outros vinhos de frutas, e aqui no Laboratório fizemos o vinho e vinagre de cupuaçu. Fizemos também cerveja com micro-organismos (leveduras) que isolamos de frutos da região”, contou Souza, que é responsável pelo Laboratório de Micologia do Inpa, onde são realizadas pesquisas para produção fúngica de bioativos de interesse farmacêutico (antifúngicos, biossurfactantes e colorantes).
Na live, o pesquisador do Inpa vai explicar os processos de fermentação, além de trazer exemplos de produtos fermentados convencionais e produzidos artesanalmente por indígenas e populações nativas.
Souza também discutirá a tecnologia das fermentações como parte da tecnologia industrial e da tecnologia social, entendida como mecanismos que envolvem o compartilhamento de conhecimentos pela interação da ciência e sociedade, gerando produtos, técnicas, metodologias, processos, soluções tecnológicas e empreendimentos que vão propiciar a inclusão social e melhorar a qualidade de vida das pessoas. As soluções para os problemas reais são alternativas de baixo custo e replicáveis a outras realidades.
“Entendo que a forma de desenvolvimento mais estratégico para a Amazônia é a bioindústria, bioeconomia e a biotecnologia, e são as populações tradicionais e indígenas os principais detentores do conhecimento das fermentações na região amazônica”, explica Souza.
São público-alvo da live as pessoas que se interessam por microbiologia, fermentações, fermentados regionais e, principalmente, aqueles que pretendem discutir a importância social e industrial dos fermentados da região Amazônica.
Inscrições
Os inscritos com efetiva participação receberão Declaração de Participação de 3 horas. Para se inscrever, clique aqui.
Sobre Rede Amazônica de Tecnologia Social
Promovido pelo CNPq, o Projeto Rede Amazônica de Tecnologia Social procura consolidar o sistema de inovação e desenvolvimento social na região amazônica.
Minibiografia
João Vicente Braga de Souza possui graduação em Farmácia pela Universidade do Amazonas (2000), Especialização em Biotecnologia pela Universidade Federal de Lavras (2005), Doutorado em Biotecnologia Industrial pela USP - Escola de Engenharia de Lorena (2004) e Pós-Doutorado em Biotecnologia pela Cranfield University-UK (2014). É tecnologista do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (2009-atual), atuando como biotecnólogo. Tem pesquisado a produção fúngica de bioativos de interesse farmacêutico (antifúngicos, biossurfactantes e colorantes) e também o desenvolvimento de ferramentas moleculares, aplicadas ao diagnóstico e caracterização de agentes causadores de micoses invasivas. Além disso, é responsável pelo Laboratório de Micologia (Inpa). Quanto aos prêmios e honras, destacam-se Membro Afiliado da Academia Brasileira de Ciências (2009), Menção Honrosa do Senado Brasileiro (2009), Prêmio Sebastião Ferreira Marinho do CRF-AM (2014) e Menção Honrosa da Câmara de Vereadores e Belém (PA).