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Inpa inaugura Centro de Convivência e homenageia pesquisadores com a entrega das Menções Honrosas “Rio Negro” e “Warwick Kerr”
Foto: Érico Xavier.
Foi realizada na tarde desta terça-feira (14) pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), a inauguração do Centro de Convivência e a cerimônia de entrega das Menções Honrosas “Rio Negro” e “Warwick Estevam Kerr”, premiações que homenageiam pesquisadores ou colaboradores que se destacam pelo trabalho desenvolvido pela Amazônia ou no âmbito da pós-graduação. Na ocasião, também foram apresentados o novo ambiente da Editora do Inpa, o atual espaço da livraria e obras publicadas em 2020 e 2021.
O evento contou com a presença da presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), Márcia Perales; a Coordenadora das Unidades de Pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), Vivian Pires e o Coordenador Geral de Promoção do Ensino de Ciências do MCTI, Roberto Machado Freitas.
Com áreas fechadas e abertas para pequenos eventos, encontros, atividades artísticas e culturais e estrutura para um futuro restaurante, o Centro de Convivência foi inaugurado com o objetivo de oferecer um espaço para interagir, trocar experiências e construir a cidadania. Executada pela WT Construções e Comércios Ltda, a obra teve um investimento total de R$3,8 milhões, oriundo do Projeto Grandes Vultos.
Para a diretora do Inpa, a pesquisadora Antonia Franco, o espaço é um marco para a comunidade do Inpa. "Muito orgulho estar fazendo essa grande entrega da gestão atual. Esse momento, esse mastro, não é só porque nós colocamos essas pessoas que criam aqui, que é a equipe da Editora, mas que seja como um marco de boa convivência. Você não precisa ser amigo, mas uma coisa é importante, respeitem-se, amem-se, porque dessa forma nós só temos a crescer e a nos desenvolver. Aproveitem, se juntem e troquem ideias”, salientou a atual diretora durante a inauguração do prédio.
O evento ainda realizou a entrega da mais alta honroria do Inpa, a Menção Honrosa Rio Negro, que agracia a cada dois anos brasileiros ou estrangeiros que tenham se dedicado ou prestado serviços relevantes para o desenvolvimento da ciência, da pesquisa científica e tecnológica da Amazônia. Este ano a medalha foi concedida a dois pesquisadores Victor Py-Daniel (In Memoriam), Maria Tereza Piedade e o auxiliar de campo do Inpa, Ocirio Pereira (Juruna).
O parataxonomista juruna, primeiro auxiliar de campo homenageado pela menção, afirma que a medalha foi um reconhecimento muito importante para toda a classe de auxiliares. “Pra mim o orgulho é muito grande receber essa medalha. Eu tô repassando o que aprendi aos novos alunos, eu faço isso com muito amor. ”
A medalha da Menção Honrosa Warwick Estevam Kerr, que reconhece brasileiros e estrangeiros que contribuíram para o desenvolvimento e avanço da docência, da pesquisa científica e tecnológica e da inovação no âmbito dos programas de pós-graduação do Inpa, também foi entregue durante a cerimônia. Os pesquisadores Albertina Lima, Eliana Feldberg e Richard Vogt ( In Memoriam ) do Inpa foram os escolhidos para a homenagem.
A pesquisadora do Inpa, Albertina Lima, comemora a entrega da honraria salientando a sua principal missão de vida. “Atrair vários pesquisadores para a Amazônia é uma missão para todos os pesquisadores do Inpa e ensiná-los e transmitir nosso conhecimento é a nossa missão maior”, declarou durante a entrega.
Homenageados - Menção Honrosa Rio Negro
- Victor Py-Daniel (In memoriam)
O entomólogo Victor Py-Daniel atuou no Inpa entre 1978 e 2010. Formado em Biologia pela Universidade de Brasília (UnB), com Doutorado em Entomologia no INPA (1990), o pesquisador foi um dos primeiros a estudar oncocercose, doença conhecida como cegueira dos rios, transmitida pelo pium/ borrachudo, inseto da família simuliidae, da qual era um dos maiores especialistas. O Biólogo fundou o Laboratório de Etnoecologia e Etnoentomologia (Letep) e orientou diversos alunos no Inpa e Ufam. Dedicou-se aos trabalhos com grupos indígenas, como os Yanomami, Kamayurá, Katukina e povos das áreas do Japurá e Javari. Até 2018 ministrou disciplinas e orientou novos alunos da Universidade de Brasília (UnB), no qual deixou seu legado pelo exemplo de dedicação à ciência e à valorização da vida dos povos amazônicos.
- Maria Teresa Piedade
Graduada em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de São Carlos (1975), fez mestrado (1985) e doutorado (1988) em Ecologia pelo Inpa, com pós-doutorado na Universidade de Cambridge (1992) e Universidade de Essex (1995-1997). Desde 1988 é pesquisadora do Inpa e referência em estudos de Ecologia de ecossistemas e de áreas úmidas da Amazônia. A ecóloga é bolsista de produtividade em Pesquisa 1A do CNPq e docente dos Programas de Pós-Graduação de Ecologia e Botânica do INPA e do Mestrado em Biodiversidade (BEES) da Ufopa. Coordena o Programa de Pesquisas Ecológicas de Longa Duração (PELD/CNPq, MAUÁ) e também é coordenadora da cooperação Brasil-Alemanha entre o MCTI-INPA e a Sociedade Max-Planck em estudos de Ecologia de Áreas Alagáveis desde 1992. Atualmente é membro e presidente do Conselho de Administração do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM) e Membro titular eleito da Academia Brasileira de Ciências (ABC).
- Ocírio Pereira (Juruna)
Mais conhecido pelos apelidos de Juruna ou Deputado, trabalha como auxiliar de pesquisa há quase 40 anos. Formou-se no berço de mateiros extraordinários do PDBFF nos anos 80 e periodicamente voltou a trabalhar lá. Filho de Itacoatiara, Juruna tem quatro filhos e tornou-se um excelente auxiliar de campo e taxidermista. Estabeleceu-se como gigante no campo, sendo requisitado por pesquisadores em diversas áreas, acumulando conhecimento digno dos melhores naturalistas. Serpentes, anuros, aves, e palmeiras figuram entre os muitos grupos biológicos com os quais ele já trabalhou e que domina. Além do conhecimento biológico, junta-se o conhecimento profundo de convivência na floresta e do ritmo de vida de acampamentos de selva, desde a construção de uma trilha ou um laboratório no mato, até a elaboração de uma refeição para todos. Das serras de Roraima até as florestas de Araucária do Rio Grande do Sul, o trabalho e o bom humor do Juruna abrilhantam as pesquisas do Inpa por décadas.
Homenageados - Menção Honrosa Warwick Kerr
- Albertina Lima
Pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Albertina esteve entre as três únicas mulheres da Amazônia com bolsa de produtividade 1A do CNPq, sendo a primeira mulher do Norte a ingressar no mestrado em Ecologia do Inpa, na qual completou em tempo recorde e com um artigo publicado em revista internacional de alto fator de impacto. De 2004 a 2007 coordenou o Programa de Pós-Graduação em Ecologia do Inpa, retornando no período de 2014 a 2017. O principal objetivo de Albertina na pós-graduação sempre foi cuidar de todos os estudantes, pois tem como filosofia de vida que um Programa só pode ser forte se todos crescerem juntos.
- Richard Vogt (In memoriam)
Richard Carl Vogt, mais conhecido como Dick, finalizou seu doutorado em Zoologia (1978) e foi um dos pioneiros em pesquisas sobre a influência da temperatura de incubação na determinação do sexo em quelônios. O pesquisador foi bolsista de produtividade 1A do CNPq e em 2000 assumiu o cargo de curador da Coleção de Répteis e Anfíbios do Inpa e um dos maiores orgulhos ocorreu em 2015 com a inauguração do Centro de Estudos dos Quelônios da Amazônia (Cequa). Dick faleceu em 17 de janeiro de 2021, em Manaus, devido a um choque séptico.
- Eliana Feldberg
Pesquisadora do Inpa e chefe do Laboratório de genética Animal da Coordenação de Pesquisas em Biodiversidade, Eliana possui Licenciatura e Bacharelado em Ciência Biológicas (1978-1979), com mestrado em Ecologia e Recursos Naturais pela Universidade Federal de São Carlos (1983) e doutorado em Biologia de Água Doce e Pesca Interior pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (1990) e realizou Pós-doutorado pela Texas A&M (1996). Foi coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Genética, Conservação e Biologia Evolutiva (PPG-GCBev), onde é professora e orientadora. Feldberg é conhecida pela sua empatia, determinação e constante vontade em contribuir com a formação de seus alunos.