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Inpa comemora 70 anos de criação em cerimônia no Teatro Amazonas
Referência na geração de conhecimento científico sobre a Amazônia, o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) completou 70 anos de criação. O marco será comemorado em cerimônia no Teatro Amazonas com a apresentação do Concerto da Orquestra Amazonas Filarmônica e vídeo comemorativo da instituição nesta quinta-feira (03), a partir das 20h. O evento é aberto ao público e a entrada é gratuita.
Antes do Concerto “Variações Enigma” que será regido pelo maestro Otávio Simões, o Inpa será homenageado pelo Governo Japonês com o “Diploma de Honra ao Mérito do Ministro dos Negócios Estrangeiros do Japão do 4º ano da Era Reiwa”. A entrega será feita pelo Consulado-Geral do Japão em Manaus. Na sexta-feira (04), serão realizadas atividades educativas e uma cerimônia com homenagens a servidores e egresso do Inpa, no Bosque da Ciência, espaço de visitação pública do Instituto.
“Este é um momento importante para o Inpa. Queremos nos congratular com a sociedade amazonense e rememorar nossa história e trajetória, além de dar visibilidade às contribuições do Instituto à sociedade, com a geração e socialização de informações técnicas e científicas confiáveis, tecnologias e inovações para ajudar na solução de problemas da região”, destacou a diretora do Inpa, a pesquisadora Antonia Franco.
A cerimônia no Teatro Amazonas será transmitida, a partir das 20h, ao vivo pela TV Encontro das Águas e pelas mídias sociais do Inpa: canal do Youtube/INPAdaAmazonia e página do Facebook/inpa.mcti
Trajetória
No início das atividades do Inpa, foram realizados inventários minuciosos dos recursos naturais e estudos na área de saúde. Com o passar do tempo, a atuação mudou em várias áreas. Adaptou-se, abriu caminhos, liderou pesquisas na fronteira do conhecimento, tendo papel fundamental na compreensão sobre o funcionamento da maior floresta tropical, sua biodiversidade, recursos naturais, manejo florestal, serviços ecossistêmicos.
O Inpa desenvolveu pesquisas com doenças tropicais (malária, dengue, leishmaniose, tuberculose, arboviroses), fez alertas sobre a fragmentação da floresta e impactos do uso do solo, de grandes empreendimentos - como as hidrelétricas e exploração do petróleo -, estudos sobre áreas úmidas, rios da região, organismos aquáticos e sobre a mudança climática em curso que afeta a todos.
A instituição também tem forte atuação na conservação de espécies - como peixe-boi, boto, gavião-real e tartarugas da Amazônia -, e na geração de conhecimentos científicos e tecnológicos voltados ao desenvolvimento da meliponicultura, da piscicultura, melhor aproveitamento dos alimentos e de uma agricultura amazônica sustentável. Outra frente importante é a socialização do conhecimento, contribuindo para a tomada de decisões do cidadão e de gestores e com subsídios para a formulação de políticas públicas.
Nos últimos anos, projetos em convênio com a iniciativa privada deram início a uma maior interação entre o setor público e privado no Inpa. Esses projetos buscam soluções inovadoras nas áreas de monitoramento ambiental, plantios florestais para recuperação de áreas degradadas e de tecnologia de alimentos.
Neste ano, o Inpa contou com um investimento de mais de R$ 100 milhões, a maioria da iniciativa pública, para grandes projetos e programas de pesquisas sobre mudança climática, resiliências da floresta, plantios florestais com castanheira e infraestrutura de apoio à pesquisa.
Atualmente, são desenvolvidos 140 projetos de pesquisas. Na conta, não estão os projetos de bolsistas e estudantes da pós, que possuem participação significativa na produção científica do Inpa. Hoje o quadro de recursos humanos é composto de 459 servidores e empregados públicos, dos quais 135 são pesquisadores e 28 tecnologistas.
Pós-graduação
Um dos importantes papéis do Inpa é na formação de pessoas altamente qualificadas para tratar das questões amazônicas, bem gerir esse patrimônio natural e formar uma nova geração de pesquisadores. Iniciado em 1973 com o curso de Botânica, a Pós-Graduação do Inpa já titulou mais de 3.100 mestres e doutores em nove programas, sem contar os programas em colaboração com outras instituições.
Estimativas do Instituto apontam que cerca de 70% dos egressos permanecem atuando na região. Hoje o Programa de Pós-Graduação em Ecologia do Inpa é o único do Amazonas e um dos três da região Norte com nota 7, o mais alto nível de excelência acadêmica, na avaliação quadrienal da Coordenação de Pessoal de Nível Superior (Capes).
Saiba Mais
A colaboração com instituições internacionais para a produção científica de alto nível na região está presente desde o início do Inpa, e contribuiu para que o Instituto se tornasse referência em estudos de biologia tropical. Destaque na trajetória para as parcerias internacionais em diversos projetos com Alemanha (estudos de águas, áreas úmidas e mudança climática), Inglaterra (botânica e mudança climática), Japão (botânica, manejo florestal, biodiversidade, educação e socialização do conhecimento), Estados Unidos (interações da biosfera-atmosfera, concentrações de dióxido de carbono na floresta) são parceiros de longa data.
História
Criado pelo Decreto nº 31.672, de 29 de outubro de 1952, o Inpa é uma resposta do Governo Brasileiro à proposta apresentada na Unesco do Instituto Internacional Hileia Amazônica (IIHA). A instalação ocorreu quase dois anos depois em cerimônia realizada no dia 28 de julho de 1954, em Manaus, dirigida pelo cientista Olympio da Fonseca, o primeiro diretor do Instituto. Só em 2018, o Inpa passa a ter uma mulher à frente da direção, a pesquisadora Antonia Franco, atual diretora.Os estudos no Inpa tiveram início com a Botânica e a saúde do homem da Amazônia. No decorrer dos anos, o foco de pesquisa se adaptou e modernizou para acompanhar as mudanças que a ciência e a sociedade exigem.
A institucionalização contou com a participação de instituições e pesquisadores nacionais e estrangeiros. Para suprir a falta de pessoal qualificado e não ficar na dependência de recursos humanos importados, o Inpa investiu na formação de técnicos e especialistas locais. Já na primeira turma do Curso de Auxiliares de Laboratório e de Biblioteconomia houve forte presença de mulheres, que se refletiu nas atividades científicas, inclusive de campo.
As primeiras expedições foram chefiadas pelo geógrafo francês Francis Ruellan, diretor da Escola de Altos Estudos de Paris, entre 1954-1955, e ocorreram para o território Rio Branco, hoje Roraima, contando com o apoio do Departamento de Geografia da Faculdade Nacional de Filosofia, do Conselho Nacional de Geografia e da Força Aérea Brasileira (FAB).
A primeira láurea conquistada pelo Inpa foi com o pesquisador Nelson Cerqueira, da entomologia médica. Ele conquistou o Prêmio Carlos Chagas da Academia Nacional de Medicina em 1959, pela determinação da transmissão da Mansonella ozzardi na Amazônia através do Simulium, conhecido como pium.