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Estande do Inpa proporciona experiência sensorial para visitantes com deficiência visual na ExpoT&C da 76ª SBPC
Os visitantes tiveram a oportunidade de explorar a biodiversidade amazônica com as mãos. - Fotos: Débora Vale
Com o tema “Ciência para um futuro sustentável e inclusivo: por um novo contrato social com a natureza”, a 76ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) concentrou-se na inclusão e adotou medidas para melhor atender os visitantes com deficiência visual, auditiva, física e intelectual, incluindo monitores de acessibilidade para garantir a inclusão na em todo evento, especificamente na ExpoT&C. O estande do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) proporcionou uma experiência sensorial para os deficientes visuais, eles puderam tocar nos exemplares das coleções e sentir os detalhes dos animais.
José Monteiro, professor, com deficiência visual, da coordenadoria de acessibilidade da Universidade Federal do Pará (UFPA), destacou que poder tocar nos exemplares o fez sentir-se incluído e entender melhor a importância da preservação. Monteiro pode sentir com intensidade cada detalhe do exemplar da onça-pintada, o maior felino da América Latina e o terceiro maior do mundo.
“Vim aqui exclusivamente para tocar na onça-pintada. Sou deficiente visual e, ao tocar no animal, me preocupo ainda mais com a preservação da nossa biodiversidade. O Inpa está de parabéns por proporcionar essa experiência para pessoas com deficiência visual. A acessibilidade promove conscientização e informação”, ressaltou.
Thiago Mahlmann, coordenador substituto de Ações Estratégicas do Inpa, diz que a oportunidade de expôr a ciência para a população, durante a ExpoT&C, foi de grande valia. “ Poder mostrar o que o cientista faz é algo fantástico. Acho que é extremamente gratificante e é necessário, na verdade”, comenta. “Durante a apresentação algumas pessoas com deficiência visual tiveram a oportunidade de conhecer, de ver com as mãos como é que é um inseto, e foi emocionante inclusive. Nós não fazemos esse tipo de coisa, porque o material é muito sensível, só que a gente achava importante que isso pudesse acontecer. Foi emocionante ver as pessoas tocando nos animais, tocando nos insetos, sentindo as estruturas”, conclui.
Fernanda Matni, também deficiente visual, esteve no estande e teve a oportunidade de tocar nos insetos em uma das caixas entomológicas abertas por Mahlmann. “Achei uma experiência única, especialmente porque ele [o Thiago] disse que vocês [Inpa] não costumam abrir as caixas entomológicas. Como temos deficiência visual, ele abriu para que pudéssemos sentir e entender a estrutura. Gostei muito do besouro rinoceronte. O expositor explicou que usam o chifre para acasalamento, quando brigam pela fêmea, o que foi muito interessante para mim, porque eu sempre pensei que fosse usado para alimentação e outras coisas”, completou Matni.
Ainda na parte dos Insetos, César Favacho, mestrando do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) e também divulgador científico nas redes sociais, com foco em insetos e artrópodes, destacou a importância de expor os insetos e artrópodes da Amazônia para desmistificar o medo que as pessoas têm deles.
“Os insetos são minha área de atuação, então gostei muito dessa parte, mas também dos livros da Editora Inpa, dos bichos taxidermizados e de toda a exposição. Sabemos que as pessoas geralmente evitam insetos, então é essencial fazer divulgação científica para mostrar sua importância no meio ambiente e que a maioria deles é inofensiva. É gratificante ver o interesse genuíno das pessoas por isso”, enfatizou.
Sobre a SBPC
A edição deste ano foi a maior que a SBPC já realizou, alcançando um número recorde de 27.500 inscritos. De acordo com a Comissão de Organização Local da UFPA, o público total que visitou o evento está entre 50 e 60 mil, entre participantes credenciados e não-credenciados. A Reunião Anual da SBPC de 2025 será realizada em Recife (PE) e em 2026 em Niterói (RJ).