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Em inauguração de Laboratório de biossegurança NB3 do Inpa, ministro destaca investimento de mais de R$ 104 milhões no Instituto
Paulo Alvim visitou ainda visitou as instalações do Inpa, como laboratórios de pesquisas e a Casa da Ciência e destacou trabalhos de pesquisadores do Instituto. Foto: Neila - MCTI
O Amazonas ganhou o primeiro laboratório de experimentação animal com biossegurança nível 3 (NB3), destinado a pesquisas com micro-organismos (vírus, bactérias e fungos) altamente patogênicos e contagiosos para o enfrentamento de viroses emergentes como a Covid-19 e outros patógenos. A inauguração da infraestrutura do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) aconteceu na sexta-feira (3) com a presença do ministro da pasta, Paulo Alvim, que destacou investimentos de mais de R$ 100 milhões no Inpa.
Em seu discurso, o ministro lembrou que desde o ano passado vem construindo com a equipe do Instituto demandas e iniciativas que fortalecem o Inpa e a rede de pesquisa do estado e região. “Primeiro agradecimento que quero enfatizar é à equipe do Inpa que abraçou esse desafio que vai ficar como legado, ampliando a capacidade de pesquisa”, disse o ministro, desejando “vida longa ao Inpa!”.
Alvim destacou ainda investimentos que o Instituto está recebendo. “Estou falando em algo de mais de R$ 100 milhões que estamos investindo no Inpa. Além disso, temos um conjunto de investimentos que envolvem recursos do CNPq, Finep, Embrapii que estamos aportando no Amazonas com chamadas de subvenção econômica para bioeconomia e transformação digital”, contou Alvim.
No total são 104,7 milhões para projetos de pesquisas sobre mudanças climáticas, resiliência da floresta Amazônica, reflorestamento e infraestrutura de apoio à pesquisa, alguns em colaboração internacional, como AmazonFace com o Reino Unido e a Observatório da Torre Alta da Amazônia -Torre Atto - com a Alemanha, e ainda um projeto de P&D que receberá recursos da iniciativa privada. Conforme a Coordenação de Ações Estratégicas (Coaes/ Inpa), o recurso será aplicado da seguinte forma: AmazonFace (R$ 32 milhões), Financiamento do Reino Unido para o AmazonFace (2,5 milhões de libras, convertidos para R$ 17 milhões), Torre Atto (R$ 8 milhões), Aplicações da nanobiotecnologia para recuperar áreas degradadas na Amazônia: Uma experiência florestal de pesquisa, ensino e extensão (P&D) um convênio com a Shell (R$ 4 milhões) e o projeto Sistema Amazônico de Laboratórios Satélites - Salas/ MCTI (R$ 43,7 milhões).
Laboratório NB3
Financiado por meio de Chamada Pública de 2020 da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), empresa pública do MCTI, o projeto NB3 integra o Laboratório Temático Biotério Central do Inpa e recebeu investimento de R$ 2,8 milhões. A proposta é que o NB3 realize as etapas pré-clínicas do desenvolvimento de um fármaco, com testes in vitro (células) e in vivo (animais), antes de seguir para os testes clínicos em humanos. O laboratório avaliará as substâncias isoladas e os extratos (vegetais, fúngicos e animais) sobre microrganismos altamente patogênicos, incluindo o vírus SARS-COV-2 e outros multirresistentes hospitalares.
Alvim ressaltou também o compromisso da pasta no combate à pandemia e o legado que está sendo construído para a ciência brasileira. “Antes do início da pandemia, o MCTI reuniu uma equipe de especialistas para nos orientar em políticas públicas para enfrentar a Covid-19. O reforço da infraestrutura dos laboratórios brasileiros para o nível NB3 foi uma das estratégias traçadas pela RedeVírus MCTI não só para nos ajudar a lidar com o coronavírus, mas também para reforçar a capacidade de pesquisa das nossas instituições”, explicou.
A diretora do Inpa, a pesquisadora Antonia Franco, destacou o potencial científico da nova infraestrutura. “O Inpa avança, criando oportunidades e atento estrategicamente a preservação e a conservação de sua biodiversidade, aos aspectos climáticos, a qualidade de vida e as necessidades da sociedade. A criação de um laboratório de nível de biossegurança 3 na região Amazônica favorece a realização da experimentação com agentes de risco biológico da classe 3, que são micro-organismos de risco elevado, passíveis de causar doenças sérias ou potencialmente fatais. É o Inpa colaborando com estudos que irão em muito contribuir para a saúde humana e animal”, declarou.
Para o diretor de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Finep/MCTI), Marcelo Bortolini, a integração é fundamental para alcançar os objetivos em favor da ciência. “Quando a gente fala no sistema de ciência, tecnologia e inovação no Brasil, falamos de diversos atores que têm de trabalhar integrados com foco em resultados. Este laboratório do Inpa é um exemplo de sucesso dessa parceria entre o governo, agências de fomento e Institutos de Ciência e Tecnologia. Todos trabalhando de forma integrada e construindo um resultado positivo para o país”, disse.
Após o evento, o ministro Paulo Alvim, a diretora do Inpa/MCTI, Antonia Franco, e a comitiva do MCTI realizaram uma visita à Casa da Ciência, que fica dentro do Bosque, no Campus l do Instituto. Também foram às Coleções Biológicas, no Campus II, e ao Laboratório de Fisiologia Aplicada na Aquicultura (Lafap), no Campus III. O ministro participou ainda de reunião com coordenadores e Direção, no prédio da Diretoria, e da apresentação do livro Cores do Universo: cinquenta anos de poesia, do ex-diretor do Inpa Luiz Renato de França, em cerimônia no Auditório da Ciência.
Nova estrutura
A coordenadora do laboratório NB3 do Inpa/MCTI, Cecília Nunez, explicou que o investimento da Finep está sendo usado na construção do laboratório NB3 e na aquisição de equipamentos. A estrutura foi construída como um módulo (biomódulo) do Biotério Central, que já tinha o nível de biossegurança 2, de forma a aumentar o nível de segurança contra contaminações.
“Entre as pesquisas que serão realizadas estão os ensaios de substâncias isoladas de plantas e fungos amazônicos sobre os vírus, bactérias ou fungos altamente patogênicos e contagiosos, ampliando as possibilidades de obter novas substâncias ativas e novos medicamentos obtidos a partir da biodiversidade amazônica. Também poderão ser feitos experimentos sobre mecanismos de ação de doenças em animais infectados, avaliação de medicamentos e realização de estudos de toxicidade”, explicou.
De acordo com o gerente do LTBC, o tecnologista e médico veterinário Leonardo Brandão, uma equipe treinada e própria do Biotério ficará à frente dos experimentos, o que também vai otimizar o tempo do pesquisador com outras etapas da pesquisa. “O Inpa está capacitado com uma infraestrutura para poder inclusive prestar serviços para outras instituições, universidades e empresas, além de realizar a transferência de tecnologia para o setor produtivo”.
O laboratório possui uma área de 72 m 2 , composto por duas salas de procedimentos e uma sala de manutenção animal com capacidade para manter 64 ratos, 128 hamsters ou até 320 camundongos. Dispõe ainda de uma área destinada ao tratamento e descontaminação de resíduos.
Conforme Brandão, além da área laboratorial, o NB3 conta com sua própria estrutura de ventilação, refrigeração, exaustão e filtragem do ar, independente do LTBC, para manter a segurança de forma independente.
Edital
A chamada pública foi uma ação conjunta da Secretaria de Pesquisa e Formação Científica do MCTI com a Finep e recebeu um investimento total de R$ 34 milhões. Ao todo, foram aprovados 18 projetos de 14 instituições nas cinco regiões do país. Os laboratórios NB3 possuem infraestrutura apropriada de biossegurança recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para lidar com vírus infecciosos, como a Covid-19, e outros micro-organismos. Os locais serão destinados à pesquisa e inovação no desenvolvimento de vacinas, tratamentos e estudos do vírus SARS-CoV2 e outras viroses emergentes e reemergentes.
SALAS MCTI
Instituído por meio da Portaria nº 4.046, de 13 de novembro de 2020, o projeto Sistema Amazônico de Laboratórios Satélites (SALAS MCTI) é coordenado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI). Com recursos do Governo Federal de R$ 80 milhões serão construídos, ao todo, 50 laboratórios satélites no território amazônico. O Inpa terá 19 laboratórios satélites: dez novas construções e nove reformas.
O objetivo é instalar infraestruturas de apoio a pesquisadores para ampliar as oportunidades e dar melhores condições à pesquisa científica e à formação de recursos humanos na Amazônia Legal. Os locais poderão ser usados por cientistas de diferentes nacionalidades e áreas do conhecimento servindo como ponto de apoio para esses pesquisadores e equipamentos. A ideia é mobilizar as unidades de pesquisas do MCTI na Amazônia Legal e articular parcerias nacionais e internacionais em diversos estudos com foco no desenvolvimento sustentável, social e também na geração de conhecimento e de renda na Amazônia Legal.