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Doutorando do Inpa recebe Prêmio de Fotografia - Ciência & Arte do CNPq
A premiação foi entregue na 75ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que acontece até sábado (29), em Curitiba, na Universidade Federal do Paraná (UFPR) - Foto: Divulgação
O doutorando no Programa de Pós-Graduação em Genética, Conservação e Biologia Evolutiva (PPG-GCBEv) do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) Joaquim Ferreira do Nascimento conquistou o terceiro lugar na categoria Instrumentos Especiais no Prêmio Fotografia Ciência & Arte, premiação concedida pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O prêmio foi entregue na 75ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), um dos maiores eventos científicos da América Latina, que acontece até sábado (29) na Universidade Federal do Paraná (UFPR) em Curitiba.
A pesquisa tem como objetivo compreender como os cenários de mudanças climáticas previstos para o ano 2100 podem influenciar o comportamento do Aedes aegypti no ambiente. O doutorando diz que busca investigar de que maneira essas alterações estão afetando a característica distintiva do mosquito e como elas podem contribuir para a sua manutenção no ambiente.
“Nós conseguimos manter as colônias em cenários extremos. Já confirmamos que no futuro teremos a presença do mosquito. Agora, o objetivo é entender como ele se comporta nesse contexto futuro. Queremos saber se sua população irá aumentar ou diminuir, se os ovos serão maiores ou menores e se o mosquito será capaz de se manter em um ambiente por tanto tempo quanto em outro. São questões que nós estamos procurando responder ”, explica.
Fotografia
Joaquim ressalta que a fotografia não é fruto apenas de seu estudo, mas de uma rede de pessoas que estavam auxiliando, como a equipe do Laboratório de Malária e Dengue (LMD) e do Laboratório de Ecofisiologia e Evolução Molecular (LEEM), ambos do Inpa. “Para mim é uma honra ser premiado, dando destaque aqui pra nossa região. Dar visibilidade aos estudos que nós estamos desempenhando no Amazonas, dentro do Inpa, ainda mais com essa temática do Aedes aegypti , uma temática muito importante para saúde pública”, comemora.
Obtida por meio de seus estudos no doutorado, a foto foi feita com o uso de um microscópio eletrônico de varredura e retrata um ovo do Aedes aegypti , no qual mostra detalhes finos da estrutura de superfície que são invisíveis a olho nu e até em microscópios mais simples. A imagem foi obtida no Centro Multiusuário para Análise de Fenômenos Biomédicos (CMABio) da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) em parceria com Laboratório de Ultraestrutura Celular Hertha Meyer (LUCHM) e Centro Nacional de Biologia Estrutural e Bioimagem (Cenabio), ambos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O processo de padronização da obtenção da imagem contou com o apoio técnico do LUCHM e Inpa.
A imagem mostra uma ampliação detalhada de um ovo de mosquito, destacando algumas estruturas características. Entre elas, as bolinhas que se destacam são os tubérculos, arranjos que auxiliam a fêmea do mosquito a prender o ovo nos criadouros. Essa estrutura garante a adesão e a permanência do ovo no ambiente adequado para o desenvolvimento.
Além das estruturas visíveis na imagem, exocório e tubérculos, o ovo apresenta membranas mais internas, o endocório e membrana serosa, e ambas desempenham funções essenciais no desenvolvimento do embrião. Todas as estruturas juntas, as visíveis externamente - tubérculos e exocório -, e as internas - endocório e membrana serosa - compõem a casca do ovo, estrutura altamente resistente à perda de água, contribuindo para a manutenção do embrião no ambiente.
A imagem foi obtida 72 horas após a oviposição, tempo igual ao qual eles ficaram expostos aos cenários climáticos previstos pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) para até 2100. Esse é o tempo médio que o embrião leva para finalizar o seu desenvolvimento, segundo descreve a literatura. Desse modo, o estudo buscou obter resposta no momento de maior desenvolvimento do ovo, a fim de entender o seu comportamento nos cenários de mudanças climáticas.
Por meio da ampliação da imagem, é possível observar e compreender melhor as características do ovo do mosquito e como suas estruturas específicas desempenham papéis fundamentais em seu ciclo de vida e entender como funcionará daqui há alguns anos.