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Degustação sensorial inédita destaca a diversidade de aromas e sabores de méis de abelhas-sem-ferrão do Amazonas

Degustação de méis de abelhas-sem-ferrão. Foto: Mateus Bento/ Cotes-Inpa
A primeira análise sensorial de méis de abelhas-sem-ferrão do Amazonas, organizada pelo Grupo de Pesquisas em Abelhas (GPA) do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), reuniu uma equipe técnica de especialistas e representantes da sociedade civil e empresarial para uma sessão de degustação inédita de méis de 25 espécies de abelhas-sem-ferrão nativas do estado.
A atividade, realizada no dia 15 de setembro deste ano, buscou mostrar a diversidade e o potencial de méis produzidos por diferentes espécies de abelhas-sem-ferrão do Amazonas, além de auxiliar na elaboração da primeira Roda de Aromas e Sabores de méis no Brasil. Para isso, os convidados avaliaram cada amostra quanto à aparência, cor, turbidez, viscosidade, aroma e sabor relacionados. Foram 25 amostras de méis de abelhas-sem-ferrão do Amazonas,
Cephalotrigona
femorata
,
Duckeola
ghilianii
,
Frieseomelitta
longipes
,
Frieseomelitta
trichocerata
,
Melipona
amazonica
,
Melipona
eburnea
,
Melipona
fuliginosa
,
Melipona
fulva
,
Melipona
grandis
,
Melipona
lateralis
,
Melipona
melanoventer
,
Melipona
paraensis
,
Melipona
schwarzi
,
Melipona
seminigra
,
Oxytrigona
obscura
,
Ptilotrigona
lurida
,
Scaptotrigona
hylaeana
,
Scaptotrigona
nigrohirta
,
Scaptotrigona
polysticta
,
Scaptotrigona
sp.,
Tetragona
clavipes
,
Tetragona
goettei
,
Tetragonisca
angustula
,
Trigona
hypogea
,
Trigona
williana
e 2 amostras de méis de abelhas-com-ferrão (
Apis mellifera
) para fins de comparação.
“Esta é a primeira vez que se tem notícia de uma degustação com tal riqueza de méis, fato inigualável no mundo, pois as espécies de abelhas e de plantas que fornecem o néctar para produção dos méis só ocorrem no Amazonas, tornando este o único lugar do planeta onde se pode produzir tais méis”, comenta o professor Rogério Alves, pós-doc Inpa e bolsista Fapeam/ Embrapa/ Inpa que liderou a escolha dos méis degustados.
A líder do Grupo de Pesquisas em Abelhas (GPA/Inpa), a pesquisadora Gislene Carvalho-Zilse, ressaltou a importância da atividade para a divulgação das abelhas-sem-ferrão nativas do Amazonas, cuja diversidade de espécies resulta em méis com sabores particulares e propriedades potenciais para o uso medicinal, fitoterápico e alimentício exclusivos do Amazonas. “O mel convencional que vemos na prateleira de supermercado, geralmente, é de uma única espécie de abelha presente em várias regiões no planeta, a abelha-com-ferrão
Apis mellifera
. Os méis das abelhas-sem-ferrão do nosso estado são muito diferentes. Queremos valorizar essa diversidade e apresentar os resultados à sociedade”, destacou.
Entre os participantes da sessão de degustação, estavam Afonso Rabelo (técnico da Coordenação da Biodiversidade do Inpa), Hélio Vilas Boas (técnico do GPA/ Inpa), Gislene Carvalho-Zilse (pesquisadora, líder do GPA), Aldenora Queiroz e Marlus Albuquerque (meliponicultores), Ana Lígia Leandrini (Ufam), Lúcia Schuch Boeira (Ifam/Centro) e Rinaldo Fernandes (Ifam/Zona Leste) e professores especialistas e os sommeliers Paulo Victor Ribeiro, Thiago Costa, Ana Karoline Souza e Grazielle Pontes. A sessão foi orientada pelo doutor Patrick Gomes, bolsista PCI-Inpa e especialista sommelier .
Saiba mais
Na Amazônia existem cerca de 120 espécies de abelhas-sem-ferrão. Elas são assim conhecidas por não se defenderem usando o ferrão, que neste grupo é atrofiado, não funcional. A Meliponicultura, ou seja, a criação de abelhas-sem-ferrão, sob manejo técnico, representa potencial econômico, social e ambiental, contribuindo para a geração de renda de comunidades na Amazônia.