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Bolsistas de pós-doutorado do Inpa eleitos Membros Afiliados da Academia Brasileira de Ciências participam de Simpósio
Juliana e Renato irão apresentar seus estudos no 6 º Simpósio Científico sobre Biologia e Recursos Naturais. Banner: Rodrigo Verçosa - Editora Inpa
Mais dois jovens cientistas do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) são reconhecidos pela Academia Brasileira de Ciências ( ABC ) por suas capacidades e contribuições científicas. Os biólogos Juliana Hipólito de Sousa e Renato Tavares Martins foram eleitos Membros Afiliados para o período de 2021-2025, e já começam com a missão de apresentar seus estudos no 6º Simpósio Científico sobre Biologia e Recursos Naturais, no dia 27 de julho, das 16 às 18h30 (de Brasília). A sessão será coordenada pelo pesquisador do Inpa, Adalberto Val, vice-presidente da ABC para a Região Norte.
Por conta da Covid-19, a ABC fez a cerimônia conjunta on-line de recepção dos 60 novos membros afiliados 2020 e 2021, em maio, quando a entidade completou 105 anos de criação. Todos os novos membros se apresentarão em 12 simpósios no decorrer do ano. Na turma eleita do ano passado entraram do Inpa os bolsistas de pós-doutorado Jadson José Souza de Oliveira e Clarissa Alves da Rosa, que participaram do 1º Simpósio Meio Ambiente, Novas Energias e Ecologia, coordenado pelo pesquisador do Instituto, Niro Higuchi.
Para Martins e Hipólito, que também são bolsistas de pós-doutorado do Inpa, a distinção representa um incentivo para continuar as pesquisas, em momento desafiador para a ciência e à educação. As áreas são fundamentais para o desenvolvimento de um país, mas sofrem com perdas de investimentos, e mais recente com fake news e negacionismo científico.
“O título de membro afiliado traz uma grande felicidade pelo reconhecimento como pesquisadora. Há muitos jovens pesquisadores competentes, mas que ainda não alcançaram um posto permanente em institutos de pesquisas e/ou universidades. Receber esse reconhecimento é como uma chama de esperança para persistir como mãe pesquisadora e seguir fazendo ciência que é o que mais gosto”, conta Hipólito. “Além disso, estar no mesmo local de pesquisadores e pesquisadoras de renome é, sem dúvida, uma grande honra, além de ser uma enorme oportunidade de novas conexões”, completou Hipólito que atua como docente e orientadora dos programas de pós graduação em ecologia e botânica do Inpa, além do Cenbam, liderado pelo pesquisador Willian Magnusson e também recentemente da Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos.
Martins segue linha semelhante. “Esse reconhecimento da ABC para os jovens pesquisadores, que tive a honra de receber, é um grande incentivo para continuidade e desenvolvimento da pesquisa, ainda mais nesse momento difícil e desafiador onde a ciência é colocada à prova, mas se mostra capaz de trazer respostas expressivas para a população”, destacou o bolsista de pós-doutorado (Fixam) pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas, desenvolvendo as pesquisas no Laboratório de Citotaxonomia e Insetos Aquáticos (Lacia/Inpa), liderado pela pesquisadora Neusa Hamada.
Polinização de plantas, mulheres na ciência e desenvolvimento sustentável
Juliana Hipólito é graduada em Biologia com mestrado e doutorado em Ecologia e Biomonitoramento, atuando desde o início da formação com a investigação de polinização de plantas nativas e da agricultura, dos aspectos mais clássicos dessa relação, até os efeitos da paisagem e processos sobre os polinizadores (abelhas, borboletas, moscas, morcegos, dentre outros), seu campo atual. “Hoje busco entender quais são os fatores que podem aumentar ou prejudicar as populações naturais de polinizadores e quais os benefícios que esse aumento da quantidade de polinizadores traz às pessoas. Para isso venho unindo aspectos da legislação com os socioeconômicos”, contou.
A jovem pesquisadora também está envolvida em redes de mulheres na ciência, o que motivou Hipólito a estudar mulheres cientistas e o empoderamento feminino na agricultura como uma maneira de alcançar sistemas agrícolas mais sustentáveis.
“Na academia comecei a fazer parte de grupos que discutem a promoção da diversidade na ciência. Acredito que é um dos caminhos que me gera bastante expectativa para contribuir com uma mudança no sistema atual para uma ciência mais inclusiva e justa. Também espero contribuir em projetos que fortaleçam a ciência e o desenvolvimento sustentável”, contou Hipólito sobre suas expectativas de contribuições na ABC.
Conservação e impactos humanos sobre os insetos e os ambientes aquáticos
Formado em Ciências Biológicas com Doutorado em Entomologia (Inpa), Renato Martins em suas pesquisas busca entender os efeitos de diferentes impactos humanos sobre os insetos e a decomposição foliar em ambientes aquáticos, principalmente igarapés, da região Amazônica. Em pequenos igarapés em áreas de floresta, as folhas decompostas são a principal fonte de alimento para os organismos aquáticos.
“Isso é fundamental para a proposição de medidas que propiciem a conservação da floresta e dos recursos hídricos, que são extremamente importantes como fonte de alimento,lazer e locomoção para a sociedade da Amazônia”, contou.
Martins divide suas pesquisas em duas linhas principais. A primeira, segundo ele, procura compreender como as características das folhas (exemplo: dureza e nutrientes), os fatores ambientais, a abundância de insetos e microrganismos (ex.: fungos e bactérias) influenciam a decomposição foliar nos ambientes aquáticos. A segunda busca avaliar os efeitos dos impactos humanos (ex.: urbanização; desmatamento; mudanças climáticas [aumento da temperatura e CO 2 ]) sobre os ambientes aquáticos, os insetos aquáticos e a decomposição foliar.
“Por exemplo, busco entender se a fauna de insetos em igarapés impactados e preservados é semelhante, ou se alguns táxons são excluídos, por serem sensíveis ao impacto. Também busco entender se os diferentes táxons de insetos respondem de maneira similar ou não aos diferentes tipos de impactos humanos. Além disso, estudo como essas alterações na fauna podem influenciar o processo de decomposição foliar nos ambientes impactados”, explicou Martins.
Neusa Hamada
Chefe do Laboratório de Citotaxonomia e Insetos Aquáticos (Lacia/Inpa)
“Entre as tarefas de um cientista está a formação de recursos humanos. Não basta apenas publicar; somente por meio da formação de recursos humanos a pesquisa poderá perdurar ao longo do tempo na Ciência. O Renato representa essa continuidade de pesquisa, que certamente continuará com os seus atuais e futuros orientados. Ele é um jovem pesquisador de excelência, com mérito reconhecido pelos seus pares, e esse reconhecimento pela ABC amplia esse fato para toda comunidade científica. O Renato, pesquisador e pessoa, não apenas por ter recebido essa honraria, é admirado por mim e pelos outros membros do laboratório, certamente, esse reconhecimento pela ABC irá motivar ainda mais outros jovens pesquisadores. Essa inspiração é muito importante, especialmente nesse momento da Ciência brasileira, em que os recursos financeiros para manter os jovens doutores na academia vem sendo reduzido drasticamente a cada ano”
6º SIMPÓSIO CIENTÍFICO SOBRE BIOLOGIA E RECURSOS NATURAIS
27 DE JULHO DE 2021
16h00 | ADALBERTO VAL (Inpa), coordenador
16h05 | ADRIANA R. C. FOLADOR (UFPA)
Ciências Biomédicas
16h20 | DENISE BRENTAN DA SILVA (UFMS)
Ciências Químicas
16h35 | JOÃO PAULO BASSIN (UFRJ)
Ciências da Engenharia
16h50 | JULIANA HIPÓLITO DE SOUSA (Inpa)
Ciências Biológicas
17h05 | PEDRO LAGE VIANA (MPEG)
Ciências Biológicas
17h20 | RENATO TAVARES MARTINS (Inpa)
Ciências Biológicas
17h35 | THAISA SALA MICHELAN (UFPA)
Ciências Biológicas
17h50 | DEBATE