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AmazonFACE e OTCA estudam colaboração para disseminar resultados para países amazônicos
Programa científico do MCTI investiga como a Amazônia vai se comportar em um cenário de aumento da concentração de CO2 na atmosfera - Foto: MCTI
O programa científico do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) que investiga como a floresta amazônica vai se comportar no futuro, sob clima mais quente e seco, recebeu no início de setembro (2) a visita da secretária-geral da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), Alexandra Moreira, e do coordenador do Observatório Regional Amazônico (ORA), Mauro Ruffino. Eles conheceram o sítio experimental do AmazonFACE, localizado a cerca de 80km ao norte de Manaus (AM).
O programa instituído em 2014 pelo MCTI entrou em uma nova fase em agosto deste ano, quando foi finalizada a montagem das torres e dos guindastes dos dois primeiros anéis. O AmazonFACE conta com apoio do Reino Unido. Até o momento, os dois países investiram R$ 77 milhões no programa.
Durante a visita, os coordenadores científicos apresentaram as principais questões investigadas pelo programa, situando a importância que o experimento tem para compreender o futuro da floresta tropical e as trajetórias que poderá seguir em um cenário de mudanças climáticas. As pesquisas realizadas pelo experimento buscam responder quais serão os efeitos do aumento de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera sobre a floresta, incluindo os impactos sobre os ciclos hidrológico e do carbono, no funcionamento dos ecossistemas e os efeitos em cascata.
“São assuntos fundamentais e de extrema importância para todos os países amazônicos”, avaliou Carlos Alberto Quesada, coordenador científico do projeto e pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), unidade de pesquisa vinculada ao MCTI.
Segundo Quesada, sob a perspectiva do projeto, a possibilidade de colaboração no âmbito da OTCA significa a abertura de novos canais de comunicação para difundir os resultados das pesquisas, que estão na fronteira do conhecimento, para os demais países amazônicos. “É importante, principalmente, para alcançar interlocutores, para divulgar os resultados do experimento e para que esses dados possam influenciar políticas públicas desses países”, afirmou.
As conversas também envolveram aspectos sobre as múltiplas ‘Amazônias’ encontradas no bioma e como os impactos podem ser diferenciados, considerando as características de cada microrregião, e os demais programas científicos conduzidos pelo Inpa, como a Observatório da Torre Alta da Amazônia (ATTO), que estuda a interação entre floresta e a atmosfera. “Encontramos muitas sinergias e ficamos muito motivados”, analisou.
O coordenador científico do AmazonFACE e pesquisador da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), David Lapola, que também acompanhou a visita, salientou a possibilidade de intercâmbio de cientistas. “A OTCA pode auxiliar para que cientistas de outros países amazônicos possam participar das pesquisas do AmazonFACE”, avaliou.
Cooperação internacional
Em entrevista ao MCTI, a secretária-geral da OTCA, Alexandra Moreira, classificou o projeto AmazonFACE como “visionário” e “promissor” e destacou que os resultados serão relevantes não apenas para o Brasil e para as comunidades locais, mas terá alcance regional e global. “Acho muito importante que essa informação seja divulgada para os especialistas e também para os assessores públicos”, afirmou.
De acordo com Alexandra Moreira, os resultados sobre o que incremento de CO2 na floresta pode provocar deve gerar dados que vão além da dimensão de impactos ambientais, envolvendo aspectos sociais e econômicos. Para ela, essas informações serão de extrema importância para obter modelos mais precisos e cenários mais concretos e reais sobre o que vai acontecer com a floresta. “Isso aumenta a capacidade da gestão pública de gerar atividades, iniciativas e programas e, por consequência, políticas públicas muito mais consistentes”, ressaltou.
A visita da secretária-geral da OTCA faz parte do esforço para implementar a Declaração de Belém, emitida por ocasião da realização da Cúpula da Amazônia, em agosto, e que estabelece a proposta de desenvolver um mecanismo próprio da ciência, um ‘Painel Intergovernamental Amazônico’.
Segundo Alexandra Moreira, o papel da ciência em torno do bioma foi um dos aspectos mais importantes abordados durante os Diálogos Amazônicos, que envolveram a sociedade civil, e nas reuniões políticas do Tratado. “Temos o trabalho de fazer com que esses importantes trabalhos, como o AmazonFACE e outras iniciativas dos países, possam compartilhar os dados e também fazer parte das bases que precisamos para desenvolver políticas públicas em nível nacional dos países”, disse.
Além da solicitação para conhecer o projeto AmazonFACE, a OTCA esteve em Belém (PA) para conhecer as iniciativas lideradas pelo Museu Goeldi.