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1ª edição dos Seminários da Amazônia. Foto: Fernanda Reis.
A 1ª edição dos Seminários da Amazônia de 2025 do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) contou com a presença do diretor do Instituto, o professor Henrique Pereira, que abordou as expectativas para a COP 30, evento que marcará a primeira vez em que o Brasil sediará uma cúpula mundial do clima das Nações Unidas. A conferência, considerada o mais relevante encontro global sobre mudanças climáticas, acontecerá em novembro, em Belém (PA). O seminário foi realizado no Auditório da Ciência e reuniu pesquisadores, estudantes de pós-graduação e representantes de movimentos sociais.
Com a palestra “O que esperar de uma COP liderada pelo Brasil e realizada na Amazônia?”, Pereira apresentou dados sobre a evolução da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC) ao longo das três décadas desde sua assinatura, destacando avanços e desafios nas negociações climáticas. Ele ressaltou que a realização da conferência coloca o Brasil no centro das discussões globais sobre as emergências climáticas, com potencial para se tornar mais um marco histórico na diplomacia ambiental e para gerar resultados concretos na proteção dos biomas e na redução das emissões de carbono.
Durante o evento, o diretor do Inpa respondeu perguntas do público, que participou ativamente do debate. Pereira destacou que o compromisso do Inpa, enquanto academia, é informar os impactos das opções e cenários possíveis e oferecer elementos baseados na ciência para o debate em sociedade, contribuindo para as possibilidades de mitigação dessas problemáticas. O diretor também enfatizou que mudanças efetivas dependem da participação dos povos indígenas, povos e comunidades tradicionais e moradores das cidades e do campo da Amazônia, alertando para a necessidade de incluir esses grupos nas discussões técnicas e políticas.
Um dos temas centrais nas negociações internacionais e da COP é o financiamento climático, já que grande parte das ações para mitigar os impactos das mudanças climáticas depende de recursos financeiros. Para o diretor do Inpa, o Brasil, sendo o país que irá presidir a mesa da COP30, terá a oportunidade de apresentar soluções inovadoras e pressionar os demais países para apresentarem compromissos mais ambiciosos. Contudo, como nação emergente, também tem defendido a responsabilidade do Norte Global em financiar projetos ambientais nos países do Sul Global, como forma de minimizar os impactos da crise climática.
O professor Henrique Pereira ressaltou que o financiamento deve ser direcionado para áreas protegidas e para a manutenção das unidades de conservação, além das políticas de enfrentamento das perdas e danos causados pelas mudanças climáticas. "Há países que não poderão suportar, não terão condições nem de responder aos impactos da mudança do clima, por isso se torna urgente”, defendeu. “Sem financiamento climático e inclusão social, as reivindicações por mudanças nas políticas de emissões perdem força. A pressão popular é essencial para garantir ações concretas, especialmente na Amazônia, uma das regiões mais afetadas pelos impactos ambientais”, completou.
A criação de fundos destinados a projetos comunitários e a implementação de tecnologias sustentáveis também foram apontadas como alternativas para fortalecer a resiliência das comunidades amazônicas frente às mudanças climáticas.
Outro tema discutido foi o mecanismo REDD+ (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal) e a contribuição do Inpa para a implementação desse tipo de iniciativa. Pereira alertou sobre a Amazônia, que é considerada uma das principais reservas de carbono do planeta, e os riscos do mercado voluntário de carbono, que pode se tornar uma forma de “lavagem verde” sem resultados efetivos para o clima, destacando a necessidade de regulamentação e monitoramento rigoroso.
Os Seminários da Amazônia têm como objetivo promover o diálogo científico sobre temas ambientais e sociais relacionados à região, contribuindo para a construção de soluções para os desafios amazônicos. O evento acontece a cada duas semanas, de forma presencial (sem transmissão) e a entrada é gratuita. A próxima edição será no dia 13 de março (quinta), com o professor do Instituto Federal do Amazonas (Ifam) Valdely Kinupp, que falará sobre “O potencial das PANC para autonomia e soberania alimentar no Brasil e no mundo”.