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RECONHECIMENTO
Pesquisadora do Inpa Flávia Costa vence Prêmio Capes Elsevier 2024 - Mulheres na Ciência
Banner: Débora Vale - Ascom Inpa
A ecóloga foi destaque por suas contribuições de impacto na área de Humanas da região Norte, especialmente com estudos na interface entre Ecologia e Ciências Humanas, que avaliam como populações humanas que viveram na Amazônia antes da colonização portuguesa modificaram a floresta tornando a Amazônia um lugar melhor para viver e permitir a continuidade da própria floresta
Da Redação - Inpa
A pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), a ecóloga Flávia Regina Capellotto Costa, conquistou o Prêmio Capes-Elsevier na área de ciências humanas da região norte. O Prêmio reconhece 15 pesquisadoras, três de cada região do Brasil, que se destacaram por suas contribuições de impacto em três áreas do conhecimento - Exatas, Médicas e Humanas -, no período de 2019 a 2022.
Na tarde desta quarta-feira (6) aconteceu a cerimônia de entrega do prêmio para as vencedoras, em Brasília, com transmissão pelo youtube.com/capes_oficial . O evento também apresentou o relatório da Elsevier sobre equidade de gênero e mesa-redonda sobre ações e políticas sobre o tema no país.
Flávia Costa é formada em Biologia com mestrado em Ciência Ambiental, ambos pela Universidade de São Paulo (USP) e doutorado em Biologia - Ecologia pelo Inpa, Programa de Pós-Graduação do qual já foi coordenadora. Tem experiência em Ecologia, com ênfase em Ecologia Vegetal e Aplicada. O foco das pesquisas está em impactos antrópicos na floresta, desde os tempos passados (antes da colonização) até o presente com mudanças climáticas, enfatizando os efeitos da hidrologia local sobre a estrutura, dinâmica e filtragem de florestas na Amazônia, e suas respostas às mudanças climáticas.
Para a pesquisadora, o prêmio é uma maneira de reconhecer a contribuição das mulheres cientistas para o desenvolvimento científico do país. “Há muitas mulheres fazendo pesquisas maravilhosas no Brasil, e todas devem ser reconhecidas e respeitadas, dentro das suas instituições e no país todo. Ainda é muito difícil para as mulheres terem carreiras nas ciências, por conta da discriminação e assédios, por conta das dificuldades de conciliar vida familiar e vida profissional”, ressalta a pesquisadora que dedicou o prêmio a todas as “mulheres cientistas que batalham na região Norte para fazer suas pesquisas”.
De acordo com o último relatório sobre equidade de gênero na pesquisa, publicado pela Elsevier (Progress Toward Gender Equality in Research & Innovation – 2024), o Brasil é o terceiro país com maior participação feminina na pesquisa. O ranking é liderado por Argentina e Portugal. O percentual de mulheres entre os autores de publicações científicas no país melhorou, saindo de 38% para 49%, em 2022.
Na avaliação de Flávia Costa, reconhecer a ciência feita por mulheres significa dar espaço para pelo menos 50% da criatividade humana. “Valorizar esses trabalhos significa dar espaço ao lugar de onde soluções relevantes para os problemas humanos podem estar”, destacou a pesquisadora que é bolsista de produtividade em pesquisa 1B do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) , coordenadora do sítio 1 do Projeto Ecológico de Longa Duração (PELD/CNPq) e uma das coordenadores do INCT SinBiAm (Sínteses da Biodiversidade Amazônica), na área dedicada ao Funcionamento dos ecossistemas amazônicos.
Para o diretor do Inpa, o professor Henrique Pereira, ter entre as agraciadas uma pesquisadora do Inpa é motivo de orgulho para todos. “Estendemos à pesquisadora Flávia Costa as nossas congratulações e também o agradecimento por todo o seu esforço e seu empenho na produção e difusão do conhecimento sobre a Amazônia. Ela tem feito um trabalho marcante nas pesquisas sobre o impacto do estresse hídrico na dinâmica e no funcionamento das florestas tropicais, liderando trabalhos científicos relevantes e de alto impacto”.
O currículo de Flávia Costa é extenso, com vasta produção científica - 110 artigos em periódicos publicados em importantes periódicos científicos como Science, Nature e Global Ecology and Biogeography, e quase 70 orientações, da iniciação científica ao pós-doutorado, com cerca de 70% concentradas no mestrado e doutorado.
“Também gostaria de homenagear a minha aluna Carolina Leves [egressa do Inpa], responsável por uma parte grande dessa pesquisa que foi reconhecida e está na interface entre a ecologia e as ciências humanas, porque avalia como as populações humanas que viveram na Amazônia antes da colonização portuguesa e modificaram a floresta, mantendo a floresta em pé. Estas populações nativas modificaram a composição de espécies de árvores, de modo a tornar a floresta um lugar melhor para a vida das pessoas, mas ao mesmo tempo as pessoas do passado fizeram isso de modo que a floresta continuou a ser floresta”, ressalta Costa.
Para a pesquisadora, a participação dos povos originários na domesticação e conservação da floresta traz uma importante lição, que é pensar o manejo da floresta hoje, em manter e restaurar florestas diversas que incorporem as funções para os serviços ecológicos mais abrangentes de carbono e de água e para o fornecimento de alimentos, fibras e recursos para as populações que moram na Amazônia. “Essa preocupação deve estar presente dentro, por exemplo, da restauração florestal, quando a gente pensa que espécies plantar, e os nossos estudos podem dar uma boa direção para isso”, pontua.
Seleção das Vencedoras
A lista das vencedoras foi produzida pela Editora Elsevier em parceria com a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior do Ministério da Educação (Capes/MEC). Conforme informações da organização do Prêmio, as vencedoras foram selecionadas a partir do indicador de citações ponderadas por disciplina, que mede o impacto de um trabalho em relação a outros do mesmo tipo, no qual artigos são comparados com artigos, da mesma disciplina e do mesmo ano de publicação, extraído da ferramenta de avaliação de produção científica e de métricas, SciVal, da Elsevier. Os dados foram exportados de acordo com a atualização do dia 25/09/2024. Além do indicador, foi analisado o número mínimo de cinco publicações na disciplina indicada nos últimos cinco (2019-2023).
Saiba mais
Em 2023, o Inpa também conquistou o Prêmio Capes-Elsevier na categoria ODS-07 Energia Limpa e Acessível. Entre os estudos do Inpa ou com participação de pesquisadores e discentes do Instituto que colaboraram para o resultado do Instituto na categoria ODS-07 está “Redução das emissões de gases de efeito estufa da energia hidrelétrica da Amazônia com planejamento estratégico de barragens”, publicado na Nature, em 2019.