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Inpa, Museu Goeldi e Mamirauá discutem desafios de fazer ciência na Amazônia
Foto: Débora Vale - Ascom Inpa
Os desafios e estratégias para ampliar as pesquisas na Amazônia foi um dos assuntos discutidos na Mesa-redonda com as unidades vinculadas do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação na região. O debate aconteceu durante a 76ª Reunião Anual Sociedade Para Progresso da Ciência (SBPC), em Belém (PA), e contou com a participação os diretores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), Henrique Pereira, do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), Nilson Gabas Júnior, e do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM), João Valsecchi.
Implantado há 70 anos e com sede em Manaus (AM), o Inpa é uma instituição reconhecida por seus estudos sobre biodiversidade amazônica e conta com acervos científicos biológicos, nas áreas temáticas de botânica, zoológicas e microbiológicas. A instituição possui 15 infraestruturas de suporte à pesquisa, como Reserva Florestal Adolpho Ducke, e núcleos de apoio à pesquisa em quatro estados da Amazônia: Santarém (PA), Rio Branco (AC), Boa Vista (RR) e Porto Velho (RO).
“O Inpa é referência em biodiversidade amazônica e em acervos dessa biodiversidade, a exemplo do Herbário, que abriga exemplares altamente exclusivos, inclusive com testemunhos de espécies extintas localmente ou de comunidades biológicas sob fortes impactos ambientais. Então, precisamos nos unir e fortalecer a pesquisa na Amazônia”, frisa o diretor do Inpa.
Na oportunidade o diretor aproveitou para frisar grandes programas do Inpa, como o Programa de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera da Amazônia (LBA), e a parceria de projetos com a iniciativa privada, a exemplo da utilização de uma fazenda de piscicultura para readaptar o peixe-boi da Amazônia antes da soltura do animal na natureza. Um dos projetos mais recentes em parceria com empresas é o Nanorads, que visa recuperar áreas degradadas da Amazônia utilizando a castanheira da Amazônia como espécie-chave.
O diretor falou sobre a necessidade de melhorar o quadro de pesquisadores do Inpa, um ponto em comum entre as três unidades vinculadas, e aproveitou para ressaltar a importância dos bolsistas para a produção científica da instituição. Atualmente o Inpa conta com cerca de 380 servidores e está com dois concursos em andamento, ambos de nível superior. São 63 vagas para os cargos de pesquisador e tecnologista e 13 para analista.
“Temos no Inpa aproximadamente 670 bolsistas, desde a pós-graduação até o PCI [Programa de Capacitação Institucional], que são importantíssimos para o funcionamento do Inpa. Somos um exército de bolsistas”, comenta.
Osvaldo Luiz Leal, que representou o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), diz que a Amazônia precisa atrair recursos humanos. “O papel do Ministério não é fazer ciência, na verdade o papel do Ministério é duplo, é fazer financiamento de políticas estratégicas e de recursos humanos. Na área de pesquisas, a Amazônia é ímpar, e precisamos ter uma política de atração e fixação de recursos humanos para a Amazônia”, pontua.
O debate também enfatizou a importância da cooperação entre as instituições do MCTI na Amazônia e o fortalecimento da colaboração internacional para promover o avanço científico na região. Destaque para a integração do Inpa, MPEG e do Mamirauá na Rede Amazônica para Pesquisa e Inovação em Biodiversidade, recém lançada em Manaus pelo Banco Interamericano (BID), e a retomada do Centro Franco-Brasileiro de Biodiversidade Amazônica, do qual Pereira foi anunciado como diretor nacional do Conselho Binacional e pesquisadora Neusa Hamada indicada para compor o Conselho Técnico deste Centro.
Na avaliação do vice-presidente da SBPC, o pesquisador da USP Paulo Artaxo, a discussão serviu para um olhar mais profuso aos institutos de pesquisas da Amazônia. “Foi um evento muito rico, do qual vamos compilar essas sugestões acerca das dificuldades operacionais de pessoal e agenda científica, de financiamento, e levar para 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (5 CNCTI), que vai definir a estratégia de ciência para região amazônica para os próximos dez anos”.
Saiba Mais
Criado em 1952 e implantado em 1954, o Inpa é conhecido pelas pesquisas em biodiversidade, ecossistemas amazônicos e mudanças climáticas na região. O Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), estabelecido em 1866, é uma das instituições científicas mais antigas do Brasil, focando em estudos de fauna, flora e populações humanas amazônicas. O Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM), criado em 1999, é uma organização social que se dedica à pesquisa e conservação na Amazônia Central, promovendo práticas sustentáveis e apoiando comunidades locais.