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Diretor e pesquisadora do Inpa recepcionam presidente americano em visita à Amazônia
Diretor do Inpa Henrique Pereira e presidente dos EUA, Joe Biden, no Musa. Foto Aline Rocha - Embaixada dos EUA
O diretor do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), o professor Henrique Pereira, e a pesquisadora Camila Ribas, além de lideranças indígenas, participaram da comitiva que recepcionou o presidente dos Estados Unidos da América, Joe Biden, em visita a Manaus, no domingo (17). Em pacote, Biden anunciou o aporte de mais US$ 50 milhões para o Fundo Amazônia com o objetivo de acelerar os esforços globais para conservar térreas e águas, proteger a biodiversidade e enfrentar a crise climática.
Na capital amazonense, o presidente americano sobrevoou de helicóptero a cidade, o encontro das águas e a Reserva Florestal Adolpho Ducke, a mais antiga base de pesquisa do Inpa. É num “pedacinho da Ducke” que está instalado o Museu da Amazônia (Musa) e onde Biden fez anúncios que reforçam compromissos com a preservação e marcam os 200 anos da relação entre Brasil e Estados Unidos. Esta foi a primeira visita de um presidente americano, no exercício do cargo, à Amazônia. O presidente participa do G20, no Rio.
O diretor do Inpa conversou com Biden durante a caminhada. “O presidente nos falou sobre os feitos do seu governo na área ambiental nos Estados Unidos e no mundo e da satisfação de ter realizado essa visita à Amazônia. E eu expliquei a ele o significado da Ducke, do Musa, e os nossos esforços no Inpa e no Brasil para a conservação da Amazônia e para a produção do conhecimento científico”, contou Pereira. “Além disso, conversamos sobre o que estamos esperando para o avanço das negociações sobre o enfrentamento da mudança do clima e do trabalho para a conservação da biodiversidade”, completou.
A nova doação ao Fundo Amazônia eleva a contribuição americana para US$ 100 milhões, mas a liberação dependerá de aprovação do Congresso americano. Em pronunciamento, Biden também anunciou outros investimentos em projetos de proteção e conservação da Amazônia e de enfrentamento à crise climática.
Uma das iniciativas é a colaboração com o BTG Pactual e 12 parceiros para lançar a Coalizão de Financiamento para a Restauração e Bioeconomia do Brasil, que deve mobilizar ao menos US$ 10 bilhões para projetos de restauração de terras e bioeconomia até 2030. A data também foi marcada pela proclamação do dia 17 de novembro como o Dia Internacional da Conservação.
“Tenho orgulho de apoiar a ousada visão do presidente Lula de criar a Tropical Forest Forever Facility [TFFF - Fundo de Florestas Tropicais para Sempre], uma nova iniciativa inovadora que incentivará os países a proteger suas florestas tropicais, enquanto apoia as comunidades locais e indígenas que gerenciam essas florestas e garantem que esses ecossistemas vitais continuem a prosperar”, destacou Biden em discurso.
A pesquisadora do Inpa, Camila Ribas, destacou na conversa com Biden a importância dos investimentos e do apoio à ciência na Amazônia e fez uma defesa da ciência construída com base na colaboração de cientistas não indígenas com os indígenas. Também ressaltou a defesa dos territórios dos povos originários da Amazônia, como parte essencial do esforço para a conservação da região.
“Enfatizei que a Amazônia é um mosaico de ambientes diferentes e únicos, e que ainda conhecemos apenas uma pequena fração da sua biodiversidade e das complexas relações que sustentam os diferentes ecossistemas. A conservação do bioma depende de uma base de informações sobre biodiversidade que seja pública, compartilhada entre pesquisadores, gestores, governos e povos tradicionais. Para isso, o investimento em pesquisa realizada localmente é essencial”, destacou Ribas, que é curadora da Coleção de Recursos Genéticos e vice-curadora da Coleção de Aves do Inpa e membro do conselho de administração do Musa.
Na oportunidade, a pesquisadora do Inpa entregou à comitiva do presidente americano um exemplar físico do livro recém-lançado fruto da parceria intercultural de cientistas com os indígenas: “Espécies de Aves da Região do Rio Cubate - Terra Indígena do Alto Rio Negro”.
Também participaram da recepção ao Presidente Biden no espaço de visitação, o diretor-presidente do Musa, Filippo Stampanoni, e as lideranças indígenas Kelliane Wapichana, que atua em Roraima, Altaci Kokama, docente da Universidade de Brasília e atual coordenadora de Línguas Indígenas no Ministério dos Povos indígenas, e Simone Xerente, que faz parte do programa Prevfogo, de combate a incêndios florestais, em parceria com o Ibama.