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Congresso Nacional de Pesquisas sobre a Amazônia reforça importância da pós-graduação para mitigar crise climática
Evento reúne cientistas para discutir a contribuição da pós-graduação na busca de soluções a emergência climática. Foto: Ana Carolina Sackser/ Ascom Inpa
Com o tema “A contribuição da pós-graduação brasileira para a emergência climática e o futuro da região”, iniciou nesta segunda-feira (4) o I Congresso Nacional de Pesquisas sobre a Amazônia, realizado pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) por meio da Coordenação de Capacitação (Cocap). As conferências e os paineis reúnem mais de 30 renomados cientistas para discutir o tema do evento que continua até sexta-feira (8), no Centro Cultural Povos da Amazônia.
Na mesa de abertura, o diretor do Inpa, o professor Henrique Pereira, enfatizou que o evento marca um encontro importante para o futuro da região amazônica. “Este congresso é resultado do esforço conjunto para integrar conhecimentos e discussões fundamentais sobre os impactos da mudança climática na Amazônia. À medida que as questões climáticas e ambientais se tornam cada vez mais urgentes, este congresso oferece um espaço único para reunir estudantes, cientistas, legisladores, comunidades indígenas e outros atores comprometidos em analisar, dialogar e criar soluções que possam mitigar os riscos ambientais e sociais que enfrentamos”, pontuou.
Pereira também destacou a importância da junção da ciência com os saberes ancestrais. “A união de conhecimentos científicos e saberes tradicionais, aliado ao envolvimento ativo das comunidades locais, será essencial para que a liderança da comunidade científica desenhe um futuro sustentável”, afirmou.O coordenador da Capacitação do Inpa, o pesquisador Edinaldo Nelson, registrou a presença de participantes de todos os estados da região Norte, enfatizando a importância de nortistas se preocuparem com as pesquisas feitas na Amazônia. Ele ressaltou ainda a relevância do Congresso para discutir a ciência produzida na região. “É muito interessante dizer que o principal objetivo desse evento é entender qual ciência está sendo feita, que resultados temos, o que sabemos e que soluções podemos propor”.
Ainda segundo o coordenador, o tema do congresso abre caminhos para discussões que podem apontar soluções para os efeitos da crise climática por meio das produções científicas feitas na pós-graduação. “Temos evidências, propostas e sugestões para podermos não caminhar para o abismo, ou para retardar essa chegada da crise climática. Estamos aqui para ouvir o que a ciência feita na pós-graduação brasileira tem a dizer sobre as mudanças climáticas e como podemos nos adaptar. Também é importante reconhecer o papel que a pós-graduação brasileira, especialmente na Amazônia, tem na produção científica internacional”, frisou.
Também participaram da mesa de abertura representantes institucionais do Instituto Federal do Amazonas (Ifam), Maria Francisca Morais; da Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas (Fapeam), Simone Oliveira; do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM), Emiliano Ramalho e do Instituto Leônidas e Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia), Ani Beatriz Matsuura.
Na conferência de abertura, a pesquisadora da Universidade Federal de Santa Catarina, Maria Hirota, abordou sobre “O ponto de não retorno da Amazônia: evidências existentes e o papel da ciência brasileira no que vem pela frente”. Hirota explicou que este ponto de não retorno se refere a um estágio crítico em que as mudanças climáticas se tornam irreversíveis, levando a Amazônia a um colapso parcial ou total.Hirota é graduada em Matemática Aplicada e Computacional, mestre em Engenharia e doutora em Meteorologia.
50 anos de pós no Amazônia
Na oportunidade, o diretor do Inpa fez um panorama sobre a pós-graduação no Brasil nos últimos 50 anos, especialmente na Amazônia. De acordo com Pereira, a pós-graduação e a ciência na Amazônia são responsáveis por fornecer tecnologias, soluções e temas de desenvolvimento sobre os efeitos do clima, a biodiversidade e os recursos hídricos. Essa compreensão é importante para processos de tomada de decisão.
“Nós também fazemos parte da construção dessas soluções com estratégias de enfrentamento das crises climáticas e das mudanças ambientais. Somos fundamentais na formação de pessoal altamente capacitado, não apenas para ocupar posições no sistema de ciência e tecnologia, mas também nos órgãos da sociedade civil e dos governos”, destacou.
De acordo com dados de 2022 da Plataforma Sucupira (Capes), o Brasil conta com 4,7 mil Programas de Pós-graduação, dos quais 421 estão na Amazônia Legal (8,9% do Brasil) e 63 no Amazonas. Quando se trata de pesquisas sobre “Amazônia”, o catálogo de teses e dissertações da Capes registra 44,9 mil estudos. Já em relação ao tema “mudanças climáticas” são 5,6 mil trabalhos.
Ao filtrar as instituições de pesquisa e universidades que mais produzem dissertações e teses com o tema "Amazônia" no catálogo de teses e dissertações da Capes, o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) ocupa a terceira posição, atrás da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e da Universidade Federal do Pará (UFPA). Continuam no ranking a Universidade do Estado do Amazonas (UEA), na quarta posição, seguida da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA). Todas essas presentes na Amazônia.
Para reforçar a importância da pesquisa científica sobre a Amazônia, o diretor apresentou dados da plataforma Scielo, que, ao filtrar artigos com o tema “Amazônia”, reúne cerca de 5 mil publicações. Desses, 1.242 artigos foram publicados na Acta Amazonica, periódico científico do Inpa, colocando a instituição como líder na produção desse conhecimento. “Ao analisarmos todos esses dados, percebemos que somos nós mesmos que fazemos pesquisas aqui. Ou seja, pesquisas sobre a Amazônia, feitas por amazônidas”, afirmou o diretor.