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Coleções Científicas do Inpa encantam estudantes na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia
Foto: Igor Souza/ PCE Bosque - Inpa
Dezenas de estudantes conheceram os acervos das Coleções Zoológicas e Botânicas do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI). As coleções do Inpa são como bibliotecas da biodiversidade amazônica destinadas prioritariamente às pesquisas científicas. Mas na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), que este ano tem como tema “Biomas do Brasil: diversidade, saberes e tecnologias sociais”, as Coleções abrem as portas para a sociedade.
Na visita, os estudantes deixaram a curiosidade sobre os animais e plantas amazônicas aflorar e puderam ver de perto diversos animais e plantas ex-situ (fora da natureza) preparados para durar de dezenas a centenas de anos, idealmente, dos acervos do Programa de Coleções Científicas Biológicas (PCCB) do instituto.
O PCCB é responsável por coordenar e fortalecer os acervos das nove coleções, que estão organizadas em três grandes áreas temáticas: Botânicas (Herbário), Zoológicas (Invertebrados, Peixes, Anfíbios e Répteis, Aves, Mamíferos e Recursos Genéticos Zoológicos) e Microbiológicas (Microrganismos de Interesse Agrossilvicultural e Microrganismos de Interesse Médico).
Os nove acervos abrigam os maiores repositórios da biodiversidade amazônica, contendo mais de 1,2 milhão de exemplares ou lotes de exemplares. Do total, aproximadamente 25% (300 mil espécimes) estão depositadas no Herbário (plantas e fungos), a maior coleta de espécimes vegetais para a Amazônia brasileira e o quinto maior Herbário do Brasil.
Cibeli Macedo Oliveira, do 1º ano do ensino médio da Escola Estadual Santana, comentou sobre a importância da existência das coleções como o herbário do Inpa. “No Herbário você sabe um pouco mais sobre as plantas. É muito importante, até porque com a questão das mudanças climáticas, pode levar à extinção de algumas espécies, o que é muito triste e que infelizmente já está acontecendo”.
A estudante revela que sempre quis visitar o Inpa. “Fico muito feliz que a gente está tendo essa oportunidade. Espero que a maior parte de nós esteja ouvindo para poder levar isso para o futuro, ainda que não seja uma área que a gente vá trabalhar, isso ajuda muito, até porque conhecimento nunca é demais”, conta Oliveira.O inconfundível beija-flor-brilho de fogo, também conhecido como topázio-vermelho (Topazza pella), é um dos maiores e mais bonitos beija-flores do Brasil. A criançada ficou encantada com as principais características e curiosidades do pássaro. O macho é o maior, podendo medir 20 centímetros.
Uma característica marcante é a sua plumagem cintilante refletindo as cores do fogo, com a garganta dourada ou verde metálica e barriga metálica; um verdadeiro espetáculo da natureza, ainda mais quando entra em contato com a luz. O fenômeno ocorre devido as penas do beija-flor-brilho de fogo serem iridescentes, compostas por estruturas microscópicas que refletem a luz.
“É ótimo receber as pessoas na Coleção de Aves, poder ter esse contato próximo com os visitantes, especialmente os estudantes, e ver que as pessoas gostam de aprender mais sobre o nosso trabalho, sobre a ciência e o que fazemos no nosso dia a dia”, destaca a técnica da Coleção de Aves do Inpa, a bióloga Gisiane Lima.
Na Coleção de Peixes, os visitantes ficaram admirados com o maior tambaqui (Colossoma macropomum) registrado nas coleções zoológicas. O exemplar mede 1,10 metro de comprimento e pesa 42 quilos (kg). Muito apreciado pelo consumidor amazonense, o tambaqui é uma das espécies nativas mais utilizadas na piscicultura do Amazonas. Na oportunidade, os expositores também explicaram como a coleção está organizada e como as amostras são armazenadas. “Esse tambaqui das Coleções pesou 44 kg quando foi pescado”, conta a curadora da Coleção de Peixes, a pesquisadora Lúcia Rapp.Cobras, lagartos, anuros (sapos, rãs e pererecas) e quelônios também chamaram a atenção de quem passou na Coleção de Anfíbios e répteis (herpetofauna) e nas ações do projeto BioClimAmazônia. Com jogos e exposições educativas, os alunos aprendem sobre as relações entre as ações humanas e os impactos da mudança climática na vida dos anfíbios e répteis e das pessoas.
Os anfíbios e répteis são organismos que dependem da variação ambiental local para controlar suas temperaturas e funções corpóreas. Esses animais são altamente vulneráveis às mudanças climáticas, já que as altas temperaturas e alterações de umidade podem afetar o metabolismo e o ciclo de vida, incluindo a reprodução.
As coleções científicas guardam importantes informações sobre a vida natural no passado e presente e abrem janelas para se entender como cenários futuros impactarão as espécies e padrões de diversidade. Em salas repletas de armários, prateleiras, caixas, frascos são preservadas milhões de amostras de todas as drenagens amazônicas.
Na Coleção de Mamíferos, os alunos do Instituto Federal do Amazonas (Ifam) e do Centro Educacional Rosa de Cássia (Cerc) ficaram frente a frente com uma onça-pintada (Panthera onca), maior felino das Américas, mas com um animal taxidermizado (popularmente conhecido como “empalhado”). A técnica é utilizada para preservar os exemplares o mais próximo do real.
Também viram detalhes do sauim-de-coleira (Saguinus bicolor) e dos esforços para sua conservação da espécie ameaçada de extinção principalmente pelo crescimento de Manaus, a maior metrópole do norte do Brasil. Símbolo da capital amazonense, o primata tem um lar restrito às áreas urbanas e circunvizinhas de Manaus. O animal vivo é possível ser avistado, com uma “certa dose de sorte”, no campus e Bosque da Ciência do Inpa.
Os marsupiais marsupiais amazônicos despertaram a curiosidade, como a mucura comum (Didelphis marsupialis), conhecida entre outras partes do Brasil como gambá. O filhote, ao nascer, se agarra nas tetas da mãe e entra na “bolsa” denominada marsúpio para terminar o seu desenvolvimento.
Saiba mais
As coleções científicas do Inpa são como bibliotecas espaciais e temporais da biodiversidade amazônica, que guardam importantes informações sobre a vida natural no passado e presente e abrem janelas para se entender como cenários futuros impactarão as espécies e padrões de diversidade. Em salas repletas de armários, prateleiras, caixas, frascos e em freezers de baixíssima temperatura (- 80°C) são preservadas milhões de amostras de todas as drenagens amazônicas.