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Responsabilidade Social
Jornal O Globo07/03/2005por Simone Mousse
Dizer que está preocupado com o mundo à sua volta é fácil. O difícil é fazer alguma coisa para melhorar. Foi pensando assim que o Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) resolveu criar um meio para distinguir quem está agindo.
Assim, uma comissão com cerca de 30 funcionários do Inmetro acaba de ser formada e já trabalha a todo vapor para lançar as diretrizes da classificação para certificar as empresas sob a ótica da responsabilidade social seguindo os conceitos da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). O diretor da qualidade do Inmetro, Alfredo Lobo, garante, porém, que não haverá um ranking das mais capacitadas.
- A comissão definirá a metodologia com que vamos certificar as empresas - explica. - Queremos ver se elas têm ações éticas com clientes, fornecedores, funcionários e comunidades.
Mas não haverá ranking. No fim, a empresa será ou não certificada. Segundo o índice Dow Jones, as empresas preocupadas com responsabilidade social têm suas ações valorizadas em até 30% no mercado.
- Hoje em dia, os clientes dão preferência a empresas que pratiquem ações responsáveis. Elas têm melhor imagem no mercado. Isso também traz um retorno financeiro para os empresários. Brasil e Suécia são os primeiros países a investir nessa certificação baseada em normas internacionais.
E como bom exemplo se dá em casa, o Inmetro tem programas que beneficiam a comunidade de Xerém, na Baixada Fluminense, onde fica sua sede. Além de uma escola que forma jovens carentes técnicos em metrologia, a empresa mantém uma ambulância para atender à população.
- Depois de treinarmos os meninos, articulamos com as indústrias vizinhas vagas de trabalho para inseri-los no mercado - conta Lobo. - Temos também ações de prevenção de doenças, como palestras de médicos e distribuição de material educativo. E mantemos programas para mostrar à população a importância de preservar o meio ambiente.
Quem Ganha
Eu moro no Jardim Primavera, em Duque de Caxias, e tenho 22 anos. Sou casada e tenho um filho de 3. A nossa comunidade é muito carente. Aqui não há muitos cursos técnicos de boa qualidade. E os que há por aí são pagos, caríssimos. A maioria dos nossos colegas da região nunca teve contato com nenhuma formação que não seja aquela geral. Esta iniciativa do Inmetro, que oferece este curso há quatro anos e já formou mais de 90 pessoas, é essencial para a população carente. Eu ouvi falar deste curso porque uma amiga que fez o ensino básico comigo me falou dele.
“Comecei fazendo um curso de formação geral, depois fiz dois anos de informática. Mas, quando soube do curso de metrologia oferecido pelo Inmetro, decidi fazê-lo. No último dos quatro anos, fazemos um estágio de 800 horas. Quando entreguei a monografia e me formei, fui trabalhar com acústica, criando projetos para Cieps, criação de materiais... Depois vim trabalhar no Inmetro, onde estou há um ano, na área de bombas de combustíveis e medidores de gás. A gente sabe que a situação complicada, como é difícil estudar e ter uma carreira legal no Brasil. Escolhi esta porque há poucos metrologistas no mercado, e sabia que o Inmetro, uma empresa altamente qualificada, conseguiria nos ensinar muito. Nosso curso é o primeiro da América Latina nesta área. Hoje sei que amo o que faço”. Rosana Ribeiro Pontes, técnica em metrologia.
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