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pescado do futuro
Primeiro laboratório que produz carne de pescado por cultivo celular é inaugurado no Campus do Inmetro
Startup Sustineri Piscis foi incubada por dois anos no Banco de Células do Rio de Janeiro, em Xerém
Publicado em
26/01/2023 17h36
Atualizado em
27/01/2023 11h52
Nesta quinta-feira, 26 de janeiro, foi inaugurado, no Campus do Inmetro, um novo laboratório da Sustineri Piscis, primeira foodtech brasileira a cultivar carne de pescado em laboratório. A startup foi incubada por dois anos no Banco de Células do Rio de Janeiro, que também fica no Campus, em Xerém. A expectativa da empresa é apresentar, até o final do ano, seu primeiro produto: um empanado feito à base de carne de pescado.
A startup faz frente a um dos grandes desafios da atualidade: combater a fome de um número crescente de pessoas e, ao mesmo tempo, reduzir impactos ambientais. Capitaneada pelo biólogo marinho Marcelo Szpilman, idealizador do AquaRio, conta com o trabalho da dupla de pesquisadores Camila Luna e Marcus Teixeira, este um ex-aluno do curso de Pós-Graduação em Biotecnologia (PPGBiotec) do Inmetro.
As duas primeiras fases de pesquisa foram alcançadas com sucesso. Na primeira, obteve o cultivo e escalonamento de linhagens celulares de cinco espécies comerciais de pescado marinho e, na segunda fase, a imortalização de cultura das células primárias e a formação do banco de amostras (master bank) dessas espécies. Agora, na terceira fase, a foodtech ganha novo laboratório, equipado com aparelhos que usam tecnologia de ponta, entre eles um biorreator que irá possibilitar que as células musculares obtidas nas duas primeiras fases da pesquisa se multipliquem, cresçam e formem fibras musculares.
O resultado obtido são alguns quilos de massa proteica de carne de pescado, que mitigarão a necessidade de captura, confinamento, abate e morte do animal. Com o adequado uso de técnicas avançadas de engenharia alimentar, será dada origem às primeiras peças de carne moldada, como os empanados, com sabores, texturas e aromas compatíveis aos produtos de carne selvagem de pescado.
“E não é comida de laboratório, imitação ou tipo-carne. É carne genuína e fresca de pescado. Poder oferecer um produto 100% saudável e seguro, livre de contaminantes persistentes, metais pesados, hormônios, pesticidas, herbicidas e inseticidas (sem espinhas e parasitas), com variadas opções para o índice de gordura, vitaminas e outros nutrientes, será um grande diferencial para a indústria alimentícia brasileira”, destaca Szpilman.
Até o final de 2024, a startup carioca planeja entrar no mercado com a comercialização de peças alimentícias para consumo humano. Até 2025, por meio do uso de técnicas e equipamentos que ainda estão em desenvolvimento, como bioimpressoras, a expectativa é produzir peças de carne estruturadas, do tipo filé de peixe, com razoável semelhança estrutural com os cortes de carne provenientes dos animais de criação ou de pesca.
“Ficamos orgulhosos de ter uma iniciativa como essa em nosso Campus. O projeto da Sustineri Piscis está alinhado à nossa vocação para receber projetos de startups e empresas de base tecnológica para fomentar um ecossistema de inovação que possa aproveitar a estrutura e a expertise do Inmetro e de seus pesquisadores”, comentou Taynah Souza, Coordenadora de Inovação do Inmetro.