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Elogios ao Inmetro
Finalmente, após mais de três anos de intensas discussões, aparece uma luz no fim do túnel do mais polêmico assunto da pecuária nacional. E, desta vez, não é o farol da locomotiva que vem para nos atropelar. A oficialização da participação do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) no Sistema Brasileiro de Identificação e Certificação de Origem Bovina e Bubalina (Sisbov) é uma das melhores notícias dos últimos meses. Abalada pelo câmbio, pela suspensão dos embarques e pela queda do preço, a cadeia da carne tem de buscar soluções para a sua viabilidade. Considerada peça fundamental desta reconstrução (do produtor ao governo, passando pelas indústrias e chegando aos consumidores), a rastreabilidade ganha chance de firmar-se, ter credibilidade nos mercados interno e externo e cumprir seu papel principal: a valorização de nossa carne pelo acesso a mercados que permitam a agregação de valor ao produto, pelas garantias sanitárias que um sistema desta monta possibilita. A entrada do Inmetro traz tons técnicos à discussão antes passional e, em pouco tempo, o produtor terá a certeza de estar percorrendo um caminho correto. Itens como sistemas de identificação, acompanhamentos de trânsitos, bases de dados - centralizadas ou não - e protocolos de produção serão elevados a padrões internacionais, aceitos pela maioria dos mercados, tendo como base regras e protocolos Isoguia 65, conjunto de normas nos quais se faz o credenciamento de organizações certificadoras de produtos. As certificadoras e empresas de sistemas de identificação, por sua vez, terão de cumprir exigências e normas rígidas, dissipando-se o atual desconforto pela falta de padronização de procedimentos e amadorismo de alguns agentes envolvidos. Os produtores - responsáveis pela produção que nos colocou na posição de líder mundial na exportação de carnes - serão chamados à responsabilidade, com protocolos e processos claramente definidos. Com isso, o Sisbov poderá também cumprir seus papéis secundários, mas não menos importantes tais como o apoio ao sistema de Defesa Sanitário e ao programa nacional de prevenção à EEB, conhecida como Mal da Vaca Louca (somos o único país do mundo onde esses programas não trabalham de forma integrada). O produtor continuará a ter a opção de aderir ou não ao Sistema e terá uma série de alternativas de como fazê-lo, entre elas, a rastreabilidade completa oferecida pelo Sisbov com todas as correções de rumos que serão implementadas. Não podemos também esquecer o crescente nível de exigência dos mercados internacionais motivados pelas barreiras não-tarifárias que lhes dão maior poder de barganha em negociações que passam ao largo da Organização Mundial do Comércio (OMC). Ao assistirmos Uruguai, Argentina, Estados Unidos, Chile, Austrália e demais concorrentes avançarem na implantação de seus sistemas, colocando prazos para que seus rebanhos estejam rastreados antes do final desta década. Agora podemos respirar aliviados com a ação tomada agora pelo governo federal, nos restando neste momento dar as boas-vindas ao Inmetro e parabéns ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) por tão importante decisão.
(Gazeta Mercantil/Finanças e Mercados - pág. 12 - Luciano Médici Antunes, engenheiro agrônomo, presidente da Associação das Empresas de Rastreabilidade e Certificação Agropecuária e diretor geral da Planejar Brasil)