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Deu no jornal O Globo
George Vidor - Colunista Economia O Globo - Rio de Janeiro - 19/01/2004
O Inmetro, a autarquia federal responsável tecnicamente por todos os padrões que servem para se medir alguma coisa no Brasil (desde a exatidão de uma simples régua ou a correção de uma balança até a percentagem de substâncias indesejáveis em alimentos exportáveis), espera se tornar para a indústria o mesmo que a Fiocruz representa para a pesquisa na saúde ou que a Embrapa para a agropecuária.
E tem todas as credenciais para isso, pois o Inmetro é a entidade nacional que recebe todas as informações da Organização Mundial do Comércio relativas a barreiras técnicas que os países às vezes impõem para inviabilizar importações.
Esse acervo de informações vem sendo fundamental para pequenas e médias empresas brasileiras que começaram a exportar. Uma companhia que fez sua primeira venda de açúcar refinado em tabletes para os EUA teve problemas porque foram exigidos exames de laboratório que comprovassem ausência de colesterol no produto. Acionado, o Inmetro entrou em contato com as autoridades americanas e logo ficou claro que a exigência não fazia sentido.
A OMC tem sido vigilante em relação a essas barreiras técnicas, de modo que nenhum país consegue mais estabelecer para importações mais exigências do que aquelas impostas a produtos locais. No momento há uma tentativa de se criar na União Européia barreiras técnicas contra importações de móveis e compensados de madeira. O Inmetro já tem condições de credenciar instituições com honorabilidade para certificar a procedência da madeira, garantindo por exemplo se têm origem no manejo de florestas sustentáveis.
O Inmetro possui em Xerém, distrito de Duque de Caxias, laboratórios e equipamentos a laser de primeira linha capazes de medir milésimas partes de um milímetro (tamanha precisão já se faz necessária até mesmo na fabricação de peças para veículos, por exemplo). Lá trabalham 30 PhDs — dois deles russos — e outros técnicos gabaritados. A autarquia tem um contrato de gestão que lhe garante certa autonomia administrativa. E 75% de seu orçamento são cobertos por receitas próprias, decorrentes de serviços que o Inmetro presta (como o fornecimento de padrões para laboratórios que, por sua vez, têm indústrias como clientes; ou os convênios com os institutos estaduais de pesos e medidas). Por enquanto, o órgão se mantém imune a nomeações políticas.