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Desenvolvimento nacional
Por Bárbara Paludeti, Site Universia Brasil
Laboratórios de primeiro mundo, recursos humanos altamente qualificados e conhecimento de ponta. São esses os fatores que devem servir como base para que os institutos de pesquisa se destaquem no cenário nacional e mundial. Órgãos como Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial), Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), IPEN (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares) e IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) são reconhecidos pela excelência nos campos em que atuam. Além da excelência, são estas instituições que servem como ponte entre a academia e o setor produtivo.
A Embrapa tem como missão viabilizar soluções para o desenvolvimento sustentável do espaço rural, com foco no agronegócio, a partir da geração, adaptação e transferência de conhecimentos e tecnologias em benefício dos diversos segmentos da sociedade. Atualmente, o organismo atua por intermédio de 37 centros de pesquisa, três serviços e 11 unidades centrais. Dos 8.619 empregados, 2.221 são pesquisadores, 45% com mestrado e 53% com doutorado, operando um orçamento da ordem de R$ 877 milhões anuais. A empresa é vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
O IPEN, localizado no campus da USP (Universidade de São Paulo) e vinculado ao MCT (Ministério da Ciência e Tecnologia) é um dos poucos institutos do país a desenvolver trabalhos relacionados à energia nuclear. O IPT, que também fica na USP e é vinculado ao MCT, provê, de forma sustentável e articulada, soluções tecnológicas eficazes, antecipando, diagnosticando e resolvendo desafios tecnológicos. "Além disso, dá suporte à formulação e implantação de políticas públicas, bem como dissemina conhecimento especializado", completa o diretor superintendente do instituto, Guilherme Ary Plonski.
Já o Inmetro, vinculado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, é muito mais do que o órgão fiscalizador e certificador brasileiro. "O senso comum é ditado pela parte mais visível do Inmetro, que está ligada à parte de certificação. E, realmente, hoje em dia o Inmetro é isso e muito mais. É a organização nacional que cuida de prover a infra-estrutura para agregar confiança a todas as demandas técnicas do país", explica o presidente do instituto, João Jornada.
Ainda podemos citar o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), vinculado ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão; a Fundação IPEAD (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais), que está ligada a UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais); e o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), também vinculado ao MCT; entre muitos outros. A lista é imensa.
Institutos + Academia
Inovação. Essa é a palavra-chave. A maioria dos institutos de pesquisa são autarquias federais ou estaduais, empresas públicas ou ONGs (organizações não-governamentais) que têm como propósito principal praticar pesquisa e desenvolver tecnologia nacional. Assim sendo, parcerias com os locais nos quais mais se faz pesquisa no Brasil são fundamentais, e é por isso que lá estão elas: as universidades.
O IPT mantém centenas de parcerias com dezenas de universidades do país e do exterior. "Elas envolvem atividades de pesquisa e desenvolvimento em rede, atendimento articulado a micro e pequenas empresas, realização de eventos conjuntos, estágios de estudantes, apoio conjunto ao empreendedorismo tecnológico, orientação e participação cruzadas em bancas de pós-graduados, compartilhamento de docentes, publicações conjuntas, centros de pesquisa e serviços tecnológicos compartilhados. São mais de 20 mecanismos distintos de parceria entre o IPT e o mundo acadêmico", explica Plonski.
O Inmetro, a partir do ano 2000, começou a enfatizar a questão de ter um arcabouço científico muito sólido nos mesmos moldes das melhores universidades do país. A partir de então, passou a absorver egressos dos melhores cursos de pós-graduação do país. "Só poderíamos tornar o Inmetro uma potência científica para desenvolver o país e torná-lo um promotor do desenvolvimento industrial através da Ciência absorvendo pessoal qualificado", destaca Jornada. "Não só o Inmetro tem que ter os melhores equipamentos na área de medições para servir o país, mas deve possuir o conhecimento de ponta para bem utilizar isso e ser respeitado e reconhecido no exterior. E essa necessidade de conhecimento profundo demanda uma infra-estrutura de pesquisa científica e tecnológica dentro da instituição. Aí, temos uma similaridade muito grande com a universidade: a necessidade de ter pesquisa de ponta", observa.
Para se ter uma idéia da profundidade das parcerias, Jornada é professor da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e está cedido ao Inmetro. O mesmo acontece com o diretor de metrologia científica industrial, que é um renomado cientista e professor da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), também cedido para o Inmetro. O diretor de planejamento é professor da COPPE-UFRJ. Dentre diversos outros professores, alguns até aposentados, que atuam no instituto.
O mesmo acontece com o IPEN. Por ficar localizado no campus da USP, mantém uma parceria bastante estreita com essa universidade, inclusive gerenciando dentro do instituto um curso de pós-graduação que é administrado junto com a instituição de ensino paulista. "Além da USP, nossos pesquisadores interagem com diversas outras instituições, como a UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e também com instituições do exterior. Existe uma troca, muitos trabalhos conjuntos, um ou outro pesquisador fica aqui dentro, são poucos. A gente do IPEN também vai para lá, faz trabalhos, pesquisas e projetos em conjunto. Existe uma boa relação em diversas áreas do conhecimento", destaca o diretor de pesquisa, desenvolvimento e ensino do IPEN, José Carlos Bressiani.
Para citar mais um exemplo, pesquisadores da Embrapa Informática Agropecuária e da Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri) da Unicamp desenvolveram um software pioneiro que orienta o uso de composto de lixo urbano (CLU) na agricultura. Trata-se de um Sistema Especialista (SE), ferramenta dotada de conhecimentos gerados a partir de estudos multidisciplinares e multiinstitucionais, o que lhe confere a capacidade não apenas de avaliar a qualidade do CLU, mas também de recomendar o seu uso de maneira adequada e segura na adubação de diversas culturas. Em outubro de 2005, três unidades da Embrapa se juntaram com a Universidade da Califórnia (EUA), UCB (Universidade Católica de Brasília), UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) e o CENA/USP (Centro de Energia Nuclear na Agricultura) para estudar o genoma da soja, feijão, caupi e amendoim para encontrar genes que conferem resistência à seca. As parcerias da Embrapa com universidades funcionam por meio de convênios.
"A proximidade com a universidade, sem dúvida, é muito importante. Principalmente como a gente está dentro da USP, perseguimos o padrão de qualidade em pesquisa semelhante ao que é feito dentro da instituição. O nosso curso de pós-graduação, por exemplo, é nota seis