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Consumidores aprovam maçã certificada
Sucesso é a palavra que pode definir o resultado do projeto-piloto que, recentemente, possibilitou que o consumidor encontrasse uma maçã diferente nas gôndolas de 16 supermercados gaúchos, nos municípios de Bento Gonçalves, Farroupilha, Caxias do Sul, Gramado e Vacaria. Não se trata de uma variedade inédita, mas de uma maçã produzida dentro do Sistema de Produção Integrada, que pode ser identificada pelos consumidores por apresentar o selo e o nome de fantasia do Sistema na própria fruta (PIN), além de estar acondicionada na caixa do produtor. A iniciativa integrou a etapa inicial do projeto-piloto, coordenado pela Embrapa Uva e Vinho, que tem o intuito de divulgar a qualidade e a segurança das frutas produzidas pela produção integrada e, conseqüentemente, estimular o seu consumo e a sua comercialização.A ação-piloto – uma iniciativa pioneira em âmbito nacional – funcionou de 14/03/07 a 13/05/07 e foi avaliada no final do mês de maio pelas entidades parceiras do projeto, Embrapa Uva e Vinho, Embrapa Clima Temperado, supermercados Apolo e Super Cesa, Rasip Agropastoril, Sebrae-RS, Instituto Nacional de Metrologia, Normatização e Qualidade Industrial (Inmetro) e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).Durante a reunião de avaliação, foram apresentados os dados de pesquisa realizada junto a 400 consumidores, que apurou que 77% dos entrevistados não conheciam este sistema de produção. Além disso, indicou que 63% dos consumidores estão dispostos a pagar mais pela garantia de qualidade e de ausência de agrotóxicos e 62% consideram importante saber de onde veio e como foi produzido o fruto. Um outro dado interessante é que 98% dos entrevistados têm confiança nas entidades envolvidas. Foi levantado também que os entrevistados consideram importante existir a certificação dos produtos. Todas as sugestões colhidas indicaram o desejo da identificação e certificação de outras frutas além da maçã. Dos entrevistados, 12% estavam comprando pela segunda vez; destes, 96% perceberam diferença no sabor da fruta.Os parceiros estão animados com o resultado do projeto-piloto. A rede Apolo/Super Cesa obteve incremento significativo nas vendas. Nos supermercado Apolo, por exemplo, o aumento foi de 81% no mês de março em relação ao mesmo período do ano passado. Para a empresa fornecedora da maçã, a RASIP Agropastoril, o projeto-piloto também foi um sucesso. Além de receberem um aumento de 10% no valor da fruta certificada, superaram as expectativas de venda. "A nossa previsão era comercializar 5 mil quilos no primeiro mês, mas, para a nossa surpresa, atingimos 12 mil quilos no período", aprova o coordenador comercial da empresa, Claudiomar R. Basso.Em virtude dessas informações, a coordenadora do projeto de Produção Integrada da Maçã no Brasil, a pesquisadora da Embrapa Uva e Vinho, Rosa Maria Valdebenito Sanhueza, conclui que, de fato, os consumidores não procuram as frutas produzidas pelo sistema PIN porque não as reconhecem. O coordenador da Produção Integrada da Cadeia Agrícola do Mapa, Luiz Carlos Bhering Nasser, também considera que a relevância do projeto é a identificação da fruta certificada pelos consumidores, ao mesmo tempo em que destaca o pioneirismo da iniciativa. "A produção integrada começou há mais de dez anos, com a maçã; hoje, já são 38 projetos, que incluem, além de frutas, cereais e carne bovina – mas o da maçã é o mais adiantado".Para o presidente da Associação Gaúcha dos Supermercadistas (AGAS), Antônio Cesa Longo, a divulgação da Produção Integrada vai ao encontro do compromisso que os supermercados devem ter com os seus consumidores. "Pela crescente preocupação com a saúde, acredito que os supermercados têm de se comprometer com a busca de fornecedores que atestem esta garantia de qualidade, que nos possibilita oferecer produtos certificados", afirma.O representante da rede Cesa, Enio Lazzaron, indica o futuro da PIN, que está sendo articulado entre as redes de supermercados na busca de novos fornecedores: "Os supermercados têm interesse em novas parcerias para poderem comercializar mais frutas com o selo do sistema de produção. Entre elas, deverão estar em curto prazo a manga, o mamão e a uva de mesa, o pêssego e o morango". Esta expansão deverá ocorrer até o final do ano, mas já neste mês passarão a ser encontradas nas gôndolas também maçãs Fuji – na primeira fase do projeto-piloto foram comercializadas maçãs da variedade Gala – com o selo "PIN"O que é a Produção Integrada?A Produção Integrada, é um sistema de produção, de adesão voluntária pelo produtor, que otimiza técnicas de plantio, resultando em frutas de maior qualidade e segurança para o consumidor. O seu desenvolvimento iniciou no Brasil em 1996, com a cadeia produtiva da maçã. A partir de então, a parceria de instituições públicas e privadas possibilitou a produção de frutas de qualidade atestadas pelo governo brasileiro. Estas apresentam modernas tecnologias de cultivo e ambientalmente sustentáveis, desenvolvidas pela Embrapa e avalizadas pelo Inmetro. Hoje, a produção de maçãs pelo sistema integrado coloca no mercado aproximadamente 240 mil toneladas/ano. Contudo, antes do programa de estímulo à comercialização deste tipo de fruta, o consumidor não conseguia diferenciar no mercado interno ou externo as frutas com este padrão de qualidade. Entre os benefícios do cultivo pela produção integrada estão os limites e controles para as práticas de produção, que vão desde a escolha da área de cultivo, passando pela adubação, poda e colheita, até o transporte e acompanhamento pós-venda, cuidando do ambiente, da saúde e direitos do trabalhador e viabilizando a atividade produtiva com uso racional de agroquímicos. Para o consumidor, uma das principais vantagens é a garantia oferecida pela certificação de que a fruta não apresenta resíduos químicos.As associações de produtores, instituições de pesquisa e extensão, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e o Serviço Nacional de aprendizagem Rural (Senar) são parceiros na promoção de ações que estimulem a adesão dos produtores ao sistema.